Minha mãe havia acabado de acordar, eu tinha 6 anos, era inocente como a maioria das crianças de minha idade. Eu estava com um vestido branco com flores rosas, uma tiara de ouro em minha cabeça repartindo parte de meus cabelos castanhos e lisos, minha mãe me observava do lado de dentro da cozinha pela janela enquanto fazia o almoço e eu brincava do lado de fora com uma bola, estava tudo perfeito, então logo meu pai chega em seu carro Fox e entra direto trancando a porta, ele parecia nervoso, eu me sentei no chão ao meio do gramado e continuei a brincar com a bola, ouço um grito vindo de dentro de minha casa e Tapo meus ouvidos já sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Meu pai sai de dentro da casa puxando meus braços brutalmente e me arrastando até o carro, minha mãe logo vem atrás gritando pelo nome do papai e pudi notar que seu braço sangrava muito.
— Mamãe. – Falo esticando meu braço livre tentando alcança-la, mas a cada passo meu pai me puxava mais.
— Carlos, solte minha filha. – Ela esta chorando e logo cai no chão sem forças, me solto de meu pai e vou correndo até minha mãe que acabará de desmaiar.
— Mamãe, por favor, fale comigo mamãe, não me deixe só... – Escuto o barulho do carro dando partida e olho para o lado e solto um grito com aquilo…*
Dois meses se passaram, eu ainda estou no hospital internada, eu não sei como esta minha mãe, eles se negaram a me dizer como ela está, hoje é meu aniversário de 7 anos, disseram que hoje eu receberia alta, eu não entendo bem dessas coisas mas...acho que significa que eu poderei ir embora, a tia Jessy irá vir passar alguns dias na cidade para poder cuidar de mim enquanto minha mãe esta internada, meu primo Pietro de 9 anos virá com ela, ele é legal.
— Por aqui senhora. – Ouço uma voz masculina dizer e logo minha tia entra no quarto, eu dou um pulo da cama e ela se aproxima me abraçando, logo vejo Pietro entrar no quarto atrás dela, ele estava bem cabisbaixo, ele nem falou comigo.
O médico preparou a papelada e logo fomos embora, Tia Jessy, Pietro e eu para a nova casa da titia.*
— Titia, quando a mamãe vai voltar? – Nesse momento, titia estava fazendo o jantar e Pietro estava sentado ao pé da escada nos observando, já estou aqui a três semana e até agora Pietro não trocou uma palavra comigo se quer, na verdade, não vi ele conversar nem mesmo com a tia Jessy.
*
Alguns anos já se passaram, minha mãe não voltou, tia Jessy me disse que ela foi mandada para os Estados Unidos pois suas feridas se agravaram muito, e depois el acabou ficando por lá pra continuar os tratamentos, eu duvido um pouco que seja verdade, mas prefiro acreditar nisso do que acreditar que minha más esteja morta.
Eu já estou com 14 anos, Pietro está com 16, ele continua sem falar comigo, eu não entendo o que possa ter acontecido ou o que eu possa ter feito com ele pra ele passar todos esses anos sem falar uma palavras se quer comigo. Minha tia saiu hoje, Pietro esta em seu quarto, decido ir até o mesmo para tentar descobrir o que está acontecendo, mas quando abro a porta ele se assusta e esconde debaixo da cama cuidadosamente algumas coisas que estavam em suas mãos.
— Pietro, já me cansei,será que tem como você parar com isso? – Ele apenas me observa em silêncio e se levanta indo em direção a uma cômoda que ficava ao canto, de dentro dela, ele tiraria um papel e me entregaria ainda cabisbaixo, levo minhas mãos a boca muito assustada com o que estava no papel.
— Pietro, você está mudo? Co..como? Por que? – Ele se senta em sua escrivaninha e começa a escrever textos e mais textos e os jogando encima da cama, logo ele para, senta ao meu lado, pega uma das folhas e me entrega.
“Minha más estava planejando fazer coisas com você junto a seu pai, quando ele morreu, ela ficou com o dever de te matar, eu escutei ela conversando com uma das médicas por telefone e a pedindo para que matasse sua mãe, ela pagou uma quantia muito alta para que isso pudesse ser feito, mas quando ela me viu na porta, ela me olhou com ódio e então… ela pagou para que fizessem uma sirurgia em mim para que eu ficasse mudo, como ela não tinha todo o dinheiro para a cirurgia mas ela precisava fazer isso, eles fizeram uma que é num tanto básica, daria pra refazer numa boa, mas como eu estou sem como me comunicar, não teria como dizer todo o ocorrido e me salvar.”
— Então minha mãe não está nos E.U.A's? – Ele me olha com um ar triste e nega com a cabeça logo pegando outro papel e me entregando.
“Eu ouvi minha mãe falando com alguns amigos ontem enquanto você dormia, ela vai tentar te matar hoje e eles virão ajuda-la, aquilo que eu escondi debaixo de minha cama era algumas bombas caseiras, são capazes de destruir até um cômodo inteiro, pretendo jogar isso quando todos estiverem em um lugar só, jogarei todas junto, peguei uma granada com meu pai, minha mãe o matou para conseguir dinheiro e alguns armamentos, tem um porão e uma linha de trem abaixo da casa, vamos fugir por lá.”
— Mas como? – Ele pega uma última folha e me entrega.
“Assim que minha más chegar, ela já estará com os caras, você precisa ir lá pra baixo rápido, atrás da folha tem um mapa, você estará a salvo lá embaixo, eu vou jogar as bombas caseiras primeiro para destrai-los quando não te verem no quarto, e quando pensarem em ir te procurar, irei jogar a granada que peguei com meu pai.”
— Mas...mas e você? – Ele me olha e pega um pedaço de papel e um lápis e começa a escrever.
“Eu vou assim que der, assim que você estiver segura.”
— Promete? – Novamente ele tomasse a escrever.
“Prometo.”
Ele se levanta e vai até sua gaveta onde havia uma lâmina e ele faz um L em sua mão bem fundo que logo começa a sangrar e a força em uma folha logo escrevendo encima.
“Eu prometo que sempre estarei com você, Lauren.”
Pego sua lâmina e faço um P em minha mão em mesma profundidade que ele, pego um papel e forço minha mão no mesmo para o deixar também marcado escrevendo por cima.
“Eu prometo que sempre estarei com você, Pietro.”
Ele sorri me olhando e eu retribuo o sorriso, logo ouvimos um barulho de carro se aproximando e como só havia nossa casa nesse fim de mundo, obviamente era tia Jessy, eu guardo os papeis em meu bolso e ele sai me puxando me levando até uma portinha no primeiro andar que ele puxa e descemos a longa escada que dava a um lugar escuro, ele pega três lanternas e me entrega uma colocando as outras duas em uma mochila que ele carregava e me entrega a mochila.
— Você vai ficar bem? – Ele faz que sim com a cabeça e sai correndo, mas logo ele volta até mim e me abraça tirando seu colar que contia o brasão da família e um L com seu nome e sua data de nascimento atrás, eu tiro o meu e ele coloca seu colar em meu pescoço, logo o viro fazendo o mesmo com o meu, ele me olha e estendemos as maos ensangüentadas, ao fazermos isso, sinto uma fonte de energia atravessar meu corpo e acho que ele também sentiu pois ele me olhou sorrindo e me abraçou.
— Agora vai, eu quero ver você bem logo. – Ele sorri e me olha no fundo de meus olhos. — Nosso pacto. – Ele faz movimentos com a boca tentando dizer “Nosso pacto”, mas sua voz não sai direito, logo ele volta lá pra cima e fecha a porta, eu pego o mapa e ligo a lanterna começando a andar por alguns túneis que nem eu sabia que existiam aqui embaixo.
Depois de alguns minutos andando, não tanto, uns 30 minutos, ouço uma explosão e um clarão toma conta de todo o túnel, eu espero um tempo sentada e logo me levanto voltando para procurar por Pietro. A casa estava aos pedaços, não tinha como eu passar, a entrada que dava passagem ao porão estava bloqueada por ruínas da casa, tento tiras aquelas coisas de todos os modos mas é inútil, são fortes demais.
— Pietro, Pietro. – Começo a gritar por seu nome na chance de receber alguma resposta, mas nada de ele me responder, depois de ficar mais um tempo ali, apenas me levanto e volto a andar por aquele túnel.*
Algumas horas de caminhada depois, vejo uma entrada e uma escada, dava para um esgoto então desço até lá indo para a plataforma que tinha uma outra escada e uma tampa. Subo as escadas empurrando a tampa com um pouco de dificuldade por ser muito pesada, e logo me dou de cara com uma rua, já era de manhã, eu conhecia aquele lugar, era perto do hospital onde fui internada quando menor, mas de lá não sei fazer o caminho de volta para casa…
