Minha mãe havia feito bolo de laranja, comemos e fomos até a praça novamente a procura de Amanda. A achamos no mesmo lugar de antes, perto do parquinho conversando com o garoto do Hot-Dog, nos aproximamos deles e começamos a ir da cena, Amanda estava com Catchup no cabelo e o garoto estava tentando ajuda-la a se limpar.
— Mô, não precisa, deixe-o como esta, depois eu dou um jeito. – Amanda fala com seu sorriso meigo e carismático enquanto o garoto passa uma toalha em seus cabelos tentando deixa-los limpos.
— “Mô”? Já ta sério assim? – Daryl pergunta olhando para o rapaz que sorri e coloca a mão em seus cabelos verdes os penteando vagarosamente.
— Não se lembra de mim, Daryl? Sério? – O garoto pergunta parecendo estar incomodado por Daryl não ter o reconhecido. — Sou eu, Caioh.
— Caioh? – Daryl faz uma cara num tanto engraçada e eu começo a rir. — Do que você ta rindo ae?!
— De você! – Olhei pra ele continuando a rir sem parar até que um som invade toda a praça, aquele som era alto e agudo, depois disso só consegui ver Daryl correndo até mim, sua boca gritava algo, algo que eu não conseguia ouvir, ele parecia estar desesperado, e logo…apago.
— Lauren! – Ouço uma voz masculina, mas não a reconheço, eu estou em um lugar onde possui várias ruínas, esse lugar me parece familiar e...
— Pietro! – Vejo Pietro vir em minha direção correndo, um sorriso se abre em meu rosto quando ele se aproxima, mas ele passa direto, sim, direto, ele atravessa meu corpo como se eu nem ao menos existisse.
— Lauren… – Lágrimas começam a rolar pelo seu rosto, ele se senta no chão e pega o colar com o brasão o apertando com toda sua força, eu apenas me aproximo e tento o abraçar, mas é em vão, qualquer gesto não é sentido.
— Então essa é a sensação de você estar morto? Acho que sim, essa agonia de ver as pessoas sofrendo por você e você estar ali mas não poder fazer nada…
Uma luz começa a clarear meu rosto, abro os olhos e estou em um quarto de hospital, ao meu lado esta minha mãe olhando algumas coisas que passavam no noticiário.
— Mãe… – Tenho chama-la, minha voz esta falha mas ainda sim ela me ouviu.
— Olá filha, esta se sentindo melhor? – Seus olhos estavam inchados como os de alguém que chorou bastante. Ela sorri pra mim e coloca sua mão em minha cabeça fazendo cafuné.
— Cadê o Pietro?
— Pietro? Como assim? – Ela parece assustada, se levanta e vai em caminho da porta sem ao menos dizer algo.
— O Pietro esta vivo. – Meus olhos nesse momento se enchem de lágrimas, ela ao ouvir isso, para, mas volta a andar saindo do quarto sem dar a mínima importância.
Ela está estranha, eu não sei o porquê, mas está.
*
Já faz 1 semana que voltei pra casa, desde então vem acontecendo coisas estranhas comigo, desde minha mãe estar me ignorando até meus sonhos e premonições.
— Lauren? Posso entrar?
— Claro Daryl. – Sorriu me desviando dos pensamentos, Daryl entra e se senta ao meu lado na cama me olhando preocupado.
— Er…
— Nem comece, não precisa se preocupar comigo, eu estou bem. – Ele me olha assustado e passa a mão em seus cabelos negros tentando disfarçar. — Por que se assustou? E para de disfarçar, isso só piora a situação.
— Suas premonições estão alimentando à visões?
— Não, você que não sabe disfarçar mesmo. – Riu e ele ri comigo.
— Mas sério, suas premonições estão me preocupando.
— A mim também, principalmente porque eu não posso fazer nada. – Olho para ele que parece estar triste.
— Qual a última que você teve?
— Rua Welsker, será acidente de carro. – Falo sem olhar ele.
— Por que não tentamos fazer alguma coisa?
— Daryl, isso aqui não é televisão onde você coloca um conjunto e ganha super poderes pra salvar o mundo, a gente não pode fazer nada, se eu disser o que vai acontecer, vão me chamar de louca e o acidente vai ocorrer do mesmo jeito, você acha que é simples assim? – Falo quase que gritando por estar já com raiva.
— Eu sei que não é simples, mas também não precisa descontar sua raiva em mim.
— Descontar? Acha que é fácil você saber que uma tragédia esta prestes a acontecer e mesmo assim você não poder fazer nada? Acha mesmo? Eu queria poder chegar em cada pessoa de minha premonição e ajuda-la a evitar a tragédia, mas ao invés disso, não, eu não posso, por que? Porque iriam me chamar de louca. – Meus olhos estão cheios de lágrima e Daryl sem pensar duas vezes me abraça, eu confesso que precisava daquele abraço.
— E o Pietro? Nada? – Uma tensão cai sobre meu corpo com essa pergunta, eu não sei o que pode acontecer…
— A última coisa que vi foi quando eu estava no hospital, e..eu sinto que esta acontecendo alguma coisa com relação a ele, mas eu não sei o quê! Depois que eu falei pra minha mãe que Pietro estava vivo, ela passou a me tratar de forma estranha, nem parece que éramos aquela família de antes…não fazia muito tempo, mas mesmo assim... – Respiro fundo enxugando todas as lágrimas que ainda ameaçavam cair de meus olhos e olho para ele. — Ontem eu escutei minha mãe conversando com alguém no telefone e logo em seguida ela e o papai brigaram, hoje ela me disse que ele havia ido embora de casa, mas as coisas deles ainda estão no armário.
— Eu..eu não sei o que dizer sobre isso Lauren, me desculpe mas eu não sei mesmo. – Ele esta pálido, parece estar assustado com o que acabara de ouvir, mas mal sabe ele que isso não é tudo.
— Tudo bem, o importante é que você ficou aqui comigo quando precisei, só isso já é o bastante.
*
— E agora? O que eu faço? Ele esta morto, e se a polícia descobrir? Será meu fim, mas isso não vai ficar assim, vou matar aquela imprestável também. – Ouço minha mãe dizer essas palavra enquanto arrasta um saco grande até o porão, o saco parece ser pesado já que da pra notar bem a dificuldade dela pra carregar.
— Droga! – Falo e volto pro meu quarto, fico bem pensativa sobre o que acabei de ouvir mas...não consigo aceitar a ideia de que minha mãe matou meu pai.
Logo ouço meu celular vibrar encima do criado mudo e noto que é uma mensagem de...desconhecido?
“Cuidado garota, aquela que esta contigo 24h não é tão confiável como parece ser.”
Não entendi muito, talvez tenham enviado para a pessoa errada.
Saiu do meu quarto passando pelo de minha mãe e lá estava ela, dormindo sozinha. Desço as escadas e vou andando em direção ao porão, pego uma lanterna que fica perto da escada e a acendo voltando a andar até a parte escura onde havia alguns espelhos e mesas com cartas, em meio aos espelhos eu vi um saco preto, será que é o que minha mãe arrastava?
Me aproximo do saco em passos lentos e quando o abro…
