2 meses depois

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       — Bom dia mamãe. – Deposito um beijo na bochecha de minha mãe que estava preparando o café da manhã, meu pai estava sentado a mesa lendo um jornal como aquelas famílias tradicionais.
       — Bom dia. Filha, precisamos ter aquela conversa. – Ela me olha, eu sei bem sobre o que ela esta se referindo mas não sei como falar sobre isso direito. Meu pai agora esta me olhando com uma feição séria, apenas me sento pegando uma xícara e colocando um pouco de café dentro.
  — Bom… – Inicio e sinto meu corpo já ficar trêmulo. – Quando eu tinha 6 anos, meu pai chegou bem bravo em casa, minha mãe estava fazendo o almoço e eu estava brincando do lado de foda de nossa casa quando ele chegou, ele entrou onde estava minha mãe e trancou a porta, depois escutei só um grito de minha mãe, ele saiu me puxando forte e minha más saiu correndo em nossa direção, mas o braço dela estava sangrando muito, ela caiu no chão, estava fraca, eu corri até ela e tentei reanima-la, foi quando meu pai deu partida no carro e veio em direção a gente com o mesmo… – Eles estavam me olhando com um olhar de tristeza misturado com susto – Bom… depois tive que ficar dois meses internada no hospital central, minha mãe também estava internada lá, minha tia é quem cuidaria de mim, fui pra casa com ela e com meu primo Pietro dois anos mais velho que eu, mas ele falava comigo, eu não entendia o motivo até que um certo dia quando eu tinha 14 anos e ele 16, ele acabou me revelando que minha tia havia matado minha mãe e que quando ele descobriu, ela tirou a voz dele e era por isso que ele não falava comigo. Ele também me disse que ela planejava me matar naquela noite, um dia antes, eu havia assinado alguns papéis passando todo o dinheiro que havia ficado de herança pra mim por parte de minha mãe, ela iria entregar três dias depois, mas meu primo me salvou, ele me mandou ir por um túnel e ele explodiu a casa com uma granada que pegou de seu pai após sua mãe ter o matado. – Dou uma pausa e uma lágrima escorre por meu rosto. – Ele me disse que quando eu estivesse segura, ele voltaria, mas não voltou… – A essa altura eu já estava chorando rios. – Foi quando eu fui pro orfanato, e um ano depois vocês me adotaram. – Tento sorrir mas não consigo por muito tempo s volto a chorar, eles se aproximam de mim e me abraçam.
Eu realmente queria que o P estivesse aqui, olho pra minha mão e minha mente é invadida por pensamentos, onde será que ele esta? Será que esta nessa cidade? Nesse país? Será que ele esta vivo?
Meus pensamentos são interrompidos por minh mãe falando algo que eu não ouvi.
       — Hã? – A olho e ela solta uma risada me olhando com aquele olhar doce dela de sempre. – Okay…
Me levanto da mesa me retirando para meu quarto passando a mão em meu colar.
       — Será que ele esta bem? – Minhas lágrimas voltam, eu preciso encontra-lo, mas não faço ideia de onde procurar, já tentei na internet mas só tem coisas antigas de antes de ele sumir, sinal de que ele não esta morto.
Solto um longo suspiro e decido ir me deitar.

*

Acordo com meu celular tocando e vejo que é Amanda, uma amiga da escola, pra falar a verdade, ela é minha única amiga.
Atendo o celular ainda meio sonolenta tentando falar.
       — Alo? – Falo ainda com a mente bem lerda por eu ter acordado agora.
       — Oi, vamos sair? Sei lá, vamos pra praça andar de skate.
       — Okay, te encontro na frente da lanchonete aqui da rua em 10 minutos.
       — Ta bom.
Desligo e vou até meu guarda roupas, pego uma camiseta cinza que fica num tanto grande em mim e uma calça jeans, agora são 13:26 e o dia esta bonito, geralmente a esta hora está chovendo, e muito!
     Desço as escadas com meu skate na mão indo até meus pais que estavam na cozinha, dou um beijo nos dois e saiu correndo de casa já subindo no skate e indo até a lanchonete.
     — Lauren!
Escuto alguém gritar, era Amanda, ela estava conversando com seu irmão mais velho, o Daryl, ele é bem legal embora seja irritante as vezes, mas fazer o que?! Todos são.
       — Olá, Lauren. – Ele me olha e da um sorriso, um sorriso que me fez lembrar de meu primo P.
Nesse momento uma lágrimas escorre por meu rosto mas a seco rapidamente pegando novamente impulso com o skate e saiu andando até a praça os deixando lá.
       — Lauren, o que foi? – Ele me pergunta sem entender, Amanda estava conversando com o garoto da barraca de Hot-Dog, lógico, essa não perde uma.
       — Nada, só más lembranças, não é nada demais. – Minto para que ele não ficasse encima de mim como se eu precisasse de dó.
       — Sei… bom, a Amanda parece ter achado alguém. – Ele aponta para o garoto que Amanda estaria beijando, sim, o do carrinho de Hot-Dog.
       — Ah claro! Achou a salsicha que faltava no pão dela. – Me levanto e vou até a barraquinha indo logo em direção ás coisas para fazer Hot-Dog e faço um bem grande pra mim.
     — Ei, você não pagou. – Ele me olha parando de beijar a Amanda.
       — Claro que paguei, você ta beijando a Amanda, considerasse pago. – Amanda revira os olhos e volta a beija-lo, eu apenas volto a me sentar ao lado de Daryl comendo meu Hot-Dog e ignorando o mundo e tudo que nele habita.
       — Lauren? – Sou cortada de meus pensamentos por uma voz mas culina.
      — Sim?
      — Você ta tão quieta. Está acontecendo alguma coisa? – O garoto me olha, Daryl parece estar bem preocupado, mas não posso lhe permitir que fique com toda essa preocupação encima de mim, mesmo que fosse necessário, ele não precisa se preocupar comigo, sei me cuidar sozinha.
       — Eu estou bem, não se preocupe comigo, aliás, que tal irmos para minha casa? – Ele me olha e apenas assente com a cabeça. — Devemos deixar Amanda ai?
       — Sim, parece que ela esta bem. – Ele olha para o garoto que estava com ela e logo volta seu olhar para mim segurando a risada.

*

       — MANHÊ, CHEGAMOS! – Grito ao entrar colocando meu skate no canto da parede e dando espaço para que Daryl entrasse.
        — Que ótimo filha, e vejo que trouxe um namorado para casa, finalmente. – Ela o olha e apenas começamos a rir. — Venha, venha, vamos nos sentar a mesa para jantar-mos, quero saber tudo sobre o casal, como se conheceram, onde se conheceram... Essas coisas.
       — Mãe, ele não é meu namorado, pode ir parando. Ele é o irmão da Amanda.
       — E onde esta ela ao falar nisso?
       — Ela ficou na praça com o garoto do hot-dog. — Disse Daryl voltando a gargalhar.
       — E tento que admitir que o hot-dog dele é ótimo. — Falo me lembrando d delícia que estava aquele hot-dog, e olha, acho que se ele abrir uma lanchonete, vai lucrar bastante até.
       — Bom, então okay, já que esclareceram isso, vamos comer? Estou faminta. – Disse minha mãe indo até o armário e arrumando a mesa.
       — Quer que eu a ajude, senhora?
       — Não Daryl, muito obrigado. – Ela sorri e se aproxima de mim cochichando em meu ouvido:
       — Você deveria trazer mais amigos assim aqui em casa. – Eu não consigo me conter e caiu na gargalhada com o que ela acabara de dizer.

O PactoOnde histórias criam vida. Descubra agora