6 | andré

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Acordei com o som do despertador, peguei no telemóvel e desliguei o som irritante que este estava a fazer, vi as horas e já estava ligeiramente atrasado, não podia de todo chegar mais uma vez atrasado. Vesti algo prático e rápido e logo me dirigi à cozinha para comer minimamente bem.

Eram 8:48 quando mandei uma mensagem à Madalena dizendo para descer pois já estava à sua espera. Encostei-me ao meu carro esperando por ela e assim que a vi sair pela porta um sorriso decidiu aparecer na minha cara, é impressionante como ela me faz sentir.

"Bom dia." A sua voz soou quando se estava a aproximar.

"Bom dia Nena." Dei-lhe um beijo na testa. "Vamos?" Assentiu e abri-lhe a porta do carro.

"Não sabes o sono que tenho Miguel!" Disse assim que começamos o nosso percurso até o Olival fazendo-me rir.

"Vais ver que vai compensar." Olhei para ela por instantes e pisquei-lhe o olho. A viagem foi rápida e assim que chegamos fui direito para os balneários para não chegar atrasado, quanto a Madalena esta foi para as bancadas. Assim que entrei no corredor já se ouvia as vozes dos rapazes.

"Bom dia." Disse com um sorriso.

"Parece que alguém está muito feliz hoje." Sá comenta e faz todos rir incluindo-me a mim.

"A Madalena está de volta." Começaram logo todos com assobios e piadas até termos de ir para o campo, onde começamos a treinar. Durante o treino continuaram a mandar bocas que me faziam rir e olhar para Madalena que estava apenas a sorrir.

"Mister, não acha que o André hoje está a treinar melhor?" Otávio provoca-me fazendo-me rir.

"Creo que las energías vienen de las bancadas no?" Casillas mete-se também fazendo todos rir incluindo o mister que abanava a cabeça, fizemos um jogo de treino e o mister dispensou-nos. Voltamos para o balneário e fui logo tomar banho para não fazer Madalena esperar muito.

"Hoje até é rápido." Os comentários continuavam e eu apenas respondia um "calem-se" ou então limitava-me a rir com as parvoíces que diziam. Soltei um até amanhã e sai dos balneários e encontrei Madalena a mexer no telemóvel à minha espera.

"Finalmente cinderela!" Desencostou-se da parede e veio até mim. "Tenho fome."

"Vamos comer alguma coisa." Puxei-a e fomos para o carro.

"Onde vamos?"

"Porto." Sorri-lhe e ela não disse mais nada até entrarmos no carro.

"O que é que eles disseram no campo? Eu não percebi." Eu olhei para ela rindo.

"Estavam a gozar comigo, nada de especial." Ela olhou para mim desconfiada mas deixou passar, estava demasiado concentrada em cantar as músicas que passavam na rádio. A Madalena sempre gostou de ouvir música no carro, e sempre que dá uma música que ela não gosta muda de estação até achar uma que goste.

Iria levar-lhe à Ribeira, sempre gostamos de ir para lá os dois à noite e ver a vista, precisava de estar com ela a sós e ter uma conversa como deve ser e não como as outras que ambos dissemos coisas que nos magoavam.
Entretanto chegamos e saímos do carro, pus o meu braço em cima dos seus ombros com algum receio que ela se sentisse de algum modo incomodada mas pelo contrário esta sorriu.

"Quando cheguei ao Porto, a primeira paragem que fiz foi aqui. Nada se compara a esta vista." Ela disse com algum orgulho na sua voz, nunca tinha visto alguém que gostasse tanto da sua cidade.

"Não podia estar mais de acordo, mas agora vamos comer Nena." Ela assentiu sorrindo-me e levei-nos até um café. Fizemos os nossos pedidos, comemos e conversávamos animadamente como se nada tivesse acontecido. Sugeri irmos passear ao longo da ribeira e a morena à minha frente logo aceitou, levantando-se também, falávamos dos velhos tempos ambos com alguma mágoa mas sem tocar no assunto. Até eu decidir dizer tudo o que estive a pensar nestes dias com a ajuda do meu irmão.

"Nena..." Chamei à sua atenção. "Eu sei que tu não querias voltar a falar disto, mas eu sei que tu estás com um pé atrás, e eu também e acho que isto tem de ser dito." Fiz uma pausa e olhei-a nos olhos. "Ouve, eu fui um estupido, eu sei que sim mas não podia estar mais arrependido Madalena! Tu foste a única rapariga que eu consegui amar depois disso nenhuma me fez sentir como tu, e tu não sabes o vazio que eu tenho cá dentro por não te poder tocar ou beijar como antes... Este constrangimento entre nós está a matar-me, não sei como agir à tua volta. O maior erro que eu cometi foi ter-te deixado ir e eu não quero voltar a perder-te, preciso de ti tal como eu sei que tu precisas de mim." Ficamos a olhar um para o outro até ela me abraçar e eu senti como se tivesse o mundo nas minhas mãos, o meu mundo.

Happiness | André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora