O dia que encontrei a desgraça na rua

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Era uma noite qualquer e estava voltando da faculdade e estava rindo sozinha caminhando pela avenida principal, me recordando das palhaçadas, quando ao longe, bem mais para baixo da avenida escutei alguns gritos, mas não dei importância pelo fato de que alguns adolescentes estudavam por ali e deveriam estar saindo do colégio naquele horário, e assim continuei andando normal. Quando me dei conta, o último carro que estava parado no sinal arrancou e a avenida ficou deserta, mas mesmo assim nem me liguei. Alguns metros a minha frente, avistei uma pessoa andando toda desajeitada, com pressa e segurava uma garrafa de vidro verde escura nas mãos.

Sou kardecista e meu lado mediúnico é bastante aflorado. Lembro-me que nessa época eu havia recebido um espirito de uma mulher que falava o tempo todo comigo e sempre me orientava em algumas decisões. Era como se fosse um anjo da guarda. Nunca a vi, apenas a ouvi, e nesse instante, enquanto caminhava na direção daquela pessoa e aquela pessoa vinha até mim, escutei meu espirito sussurrando que aquilo iria passar por mim e não era para eu olhar em hipótese alguma. Continuei andando e enquanto aquilo se aproximava gritando com muito ódio vários palavrões, percebi que era uma mulher.

Faltava bem pouco para ela passar por mim, quando o cheiro de carniça abraçou o ar e ela passou do meu lado sussurrando coisas estranhas. Seu tom de voz demonstrava um ódio descomunal. Ia passando ao meu lado como se eu não estivesse ali e foi quando a minha curiosidade falou mais alto e desobedeci meu espirito e olhei para aquela mulher. Seus cabelos eram negros e desengrenhados, a pele pálida, magra, mas bem magra mesmo, estatura alta, os olhos eram sem vida e demonstravam ódio e raiva. Estava com uma saia longa e rosa, assim como a blusa de manga comprida e rasgada. Seus pés eram grandes e magros e foi então que ela parou, olhou para mim e começou a gritar com raiva:

- SUA VAGABUNDA! VOCÊ NÃO ME CHAMOU? ESTOU AQUI!

Então abaixei a cabeça com medo. Dava para sentir o ódio dela nas palavras e continuei andando devagar e ela continuou gritando:

- SUA PROSTITUTA! PUTA! PIRANHA! OLHE PARA MIM, VADIA! SUA DESGRAÇADA! VOCÊ NÃO ME CHAMOU? OLHA PRA MIM! É PRA MIM QUE VOCÊ TEM QUE OLHAR, SUA MALDITA! OLHA!!!! OLHA LOGO PRA MIM!!! SUA IMUNDA! VAGABUNDA!!!

Eu a olhei com o canto dos olhos e pude ver que ela me observava, segurando a garrafa de vidro nas mãos. Pensei em correr, mas novamente a voz do espirito interveio dizendo para que eu não corresse e continuasse andando sem olhar para trás e assim fiz. Antes de atravessar a rua que corta a avenida, pude ouvir ela gritando. Um grito alto, forte de ódio e logo que passei para o outro lado da rua, o ônibus subiu essa rua que cortava a avenida e como se fosse mágica as pessoas voltaram a andar na rua, os carros voltaram a circular. Eu olhei para trás, e a mulher? Bem, essa já tinha sumido. Ela simplesmente sumiu. Não tinha como ela se esconder e nem para onde correr. Não dava tempo.

Até hoje fico pensando se foi a desgraça pelada que encontrei naquela noite? Era uma mulher horrenda! A forma como ela olhou para mim, me deixa arrepiada até hoje e as coisas que ela me disse as vezes não me resta dúvida de que era a própria. E ás vezes fico a pensar, e se eu tivesse corrido? E se eu tivesse deixado o medo tomar conta, ter desobedecido o espirito outra vez e começado a correr, será que ela iria atrás de mim? O que teria acontecido? Essas são perguntas que prefiro não saber a resposta. A única coisa que aconselho é não chamá-la a toa, quando ela aparecer pode ser seu pior pesadelo....

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