• cinco •

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Foi num sol de uma manhã tão cinza, que adotamos uma criança (sim, Tae, a sua mãe, você por acaso tem algum tio?). Tínhamos condições e vontade, mas existiam muitos obstáculos e conquistar aquela vitória levou tempo, sangue, suor e lágrimas.

Foi numa época onde os direitos da comunidade LGBT+ estavam surgindo, porém eram tão escassos... E adotar uma criança sempre foi uma tarefa complicada — ainda é —, principalmente no nosso país. Para um casal homossexual era quase impossível.

Mas eu e seu avô continuamos na luta. Na época fazia pouco tempo que tínhamos retornado à Coreia. Não existiam tantas chances pra gente ali, então fizemos amigos.

Conversamos com pessoas importantes e a adoção foi feita na surdina. Não podíamos chamar atenção para o fato, por isso visitávamos orfanatos separadamente, ia ele, ia eu... Pra ser sincero, nos apaixonamos por várias crianças e queríamos adotar mais de uma, mas não deu certo. Foi quando encontramos a pequena Seulgi.

Ela tinha quatro anos na época e era a criança mais adorável do mundo. O engraçado é que a encontramos na única vez que fomos juntos num orfanato. Sentimos que seria ela, fizemos várias outras visitas, até que enfim concretizamos aquele processo.

Voltamos a morar nos Estados Unidos por mais alguns anos. Viajamos tanto com a Seulgi e tratamos ela com todo o amor do mundo. Ainda tratamos.

Hoje a burra velha tá aí, perto dos trinta anos.

No fim das contas, nosso suor sagrado foi bem mais belo que aquele sangue amargo do percurso. E acredito que, no meio daquilo tudo, eu percebi que queria continuar com Yoongi até o fim dos tempos.

Estar com ele jamais seria tempo perdido, porque tínhamos a eternidade.

🌙

Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?

Eu sei que quanto mais uma pessoa demora pra atualizar sua história, mais leitores se cansam dela, mesmo assim espero que vocês ainda estejam aqui.

Esse é o último capítulo de TP, o próximo é epílogo (que dessa vez já tá com a metade pronta) e eu fico feliz em estar prestes a finalizar a história.

O capítulo tá curtinho, mas desde o começo eu deixei claro que eles seriam assim, então é isso.

Obrigada a todos por lerem,
Madu.

tempo perdido » namgiOnde histórias criam vida. Descubra agora