Ela

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Ela se inspirava naquelas garotas independentes e que pregavam a autovalorização, que não dependiam de garoto algum para serem felizes e que não queriam ninguém.
Ela achava que viver sozinha era fácil e só precisava pensar que se amava, que era suficiente.
A verdade é que ela só buscava o fim da sua dor, algo que lhe dissesse "Ei, isso vai passar, tá?" Aquela independência toda não era sua, porque ela não era assim. Sim, ela não suportava a solidão e todas as suas amigas sabiam disso, ela era dependente delas porque eram as únicas que não fariam piadas sobre suas burrices apenas a consolaríam, e mesmo que fizessem, a acolheríam e limparíam suas lágrimas. Ela precisava delas ou estaria no fundo do poço novamente.
Quando saía de casa, ela não evitava pensar que iria casar com aquele garoto que lhe abraçou, ou como seria namorar com aquele cara bonito que viu na rua, ou imaginar que seria muito feliz com aquele outro menino do shopping que sorriu pra ela. Ela não conseguia ver um filme de conto de fadas e não se imaginar nele. Essa é a verdade. Porém, ela não queria ser assim, eu asseguro, ela não quer ser esse tipo de garota que vê amor aonde não tem, apenas para suprir seu vazio de um amor incorrespondido. Mas ela precisava falar, precisava desabafar aquilo tudo com alguém.
Garotas que falam o que sentem publicamente são sempre tachadas, humilhadas e julgadas, ela não queria ser a piada da vez. Não de novo.
Ela quis ser anônima, ela quis que seu coração batesse anonimamente, ninguém precisava saber que era ela.
Essa poesia, é sobre ela, a garota que é idiota o bastante para acreditar que aquele ex vai mudar, que aquele garoto que a viu uma vez apenas, irá amá-la.
Mas qual é a garota que nunca se sentiu humilhada, enganada, traída e destruída pelo garoto que achava ser seu amor?
Ela chorava com livros de romance, tragédia e drama.
Ela já ouviu seu 'amor' fazer piadas dela na roda de amigos dele.
Nunca fez nada para acabar com tudo isso, porque o amava. Era burra? Ingênua? Iludida? Era sim, e como!
Mas ela tinha a certeza de que aquela dor passaria.
Mas por enquanto ela só usava as garotas independentes como fuga para essa dor absurda que sentia sempre que ia à escola e via na sala de aula os resquícios que a lembravam sempre que um dia já foi enganada, humilhada, destruída e traída por aquele garoto.

Ps: Ela chorava intensamente ao escrever algo que lhe caracterizava tanto.

Poemas, chuva e um caféOnde histórias criam vida. Descubra agora