CASAMENTO ARRANJADO

UM: "Adeus amor da minha vida"

  — Be, não acha que já está na hora de avançarmos nessa relação?— Aaron sussurrou no meu ouvido. Estamos deitados na cama do meu quarto assistindo um filme, todos os finais de semana ele vinha para o apartamento que eu dividia com Klaus.

O 'avanço' que ele queria dizer, se tratava de sexo. E não, eu não estava preparada para isso. Difícil é fazer macho entender que para as mulheres cada coisa tem seu tempo. 

— Não Aaron, não acho.— Me levantei irritada com aquele papo dele. Era sempre a mesma história, eu podia soletrar as palavras que ele diria a seguir, pois já tinha ouvido esse discurso mil vezes.

— Mas já estamos namorando a sete meses.— Ele disse tentando não soar irritado, mas eu podia sentir a irritação emanando dele.

— Foda-se. Se você quer foder, vá até a esquina e arrume uma prostituta. EU. NÃO. ESTOU. PREPARADA.— Soletrei pela milésima vez nos últimos dois meses.— Quando você vai entender isso?

Ele se levantou da cama e começou a calçar os tênis.

— Por que você quer tanto tempo?— Ele perguntou irritado e eu não respondi, quando seus olhos me fitaram, o queixo dele caiu.

O comportamento de Aaron mudou magicamente. Ele largou os tênis e veio até mim, me abraçando e afagando meus cabelos.

— Tudo bem, eu espero  o tempo que for necessário e prometo não te importunar mais com esse assunto. Só me diga quando se sentir preparada, ok?— Ele me encarou com um sorriso e eu olhei desconfiada para ele. Macho estranho.

— Tudo bem.— Respondi de olhos semicerrados e fui até a cozinha buscar água. Encontrei Klaus beijando sua namorada atual em cima do balcão.— Pô gente, não dá pra fazer isso no quarto não?!— Perguntei emburrada e eles se separaram rapidamente.

— Não querida, não dá.— A nojenta da namorada dele, Sarah, respondeu em tom irritado. 

— Klaus, vai pro quarto saciar a cadela no cio.— Pedi com gentileza e ele riu baixo, arrastando Sarah até  o quarto dele.— Vadia do caralho.— Murmurei e joguei o copo de plástico com força contra a pia.

A ridícula é um ano mais velha que eu e já se acha a senhora de 80 anos que merece meu respeito. Ah tomar no cú! Eu respeito quem me respeita. Sarah me trata como merda desde quando começou a namorar Klaus, para ela, a qualquer momento posso dar o calote e roubar ele dela.

Tadinha. Se eu quisesse ter feito isso ela já tinha perdido ele pra mim há tempos. E o pior que eu nem era a maior ameaça para ela, se Sarah soubesse das outra três amantes de Klaus, com certeza largaria do meu pé. 

Retorno ao quarto e me deito ao lado de Aaron.

Ele é o namorado perfeito, tudo que eu sempre quis. Geminiano, alto, loiro e paciente. Além disso trabalhador e honrado. A família dele estava montando uma empresa e ele trabalhava nela. Nosso futuro estava garantido nas mãos dele.

O único problema às vezes eram as brigas de casal que tínhamos. Aaron insistia muito quando queria algo, e no momento o que ele queria eu não podia dar. Deixei ele afagar meus cabelos e dormi.

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Acordei às cinco da tarde e Aaron não estava mais do meu lado, nem seu tênis no chão ou sua mochila no canto do quarto. Hoje era domingo, então ele já havia ido embora. Bocejei e me espreguicei, com o pouco de vontade que eu tinha, levantei da cama e escovei os dentes, arrumando meu cabelo.

Fui até a cozinha preparar o café e encontrei Klaus tomando o dele sozinho.

— Já mandou a kenga pastar?— Perguntei e ele riu, mordendo o pão francês.

— Sarah foi embora antes do seu namorado.— Respondeu e eu rolei os olhos.— Afinal, por que estavam brigando de novo?

— Aaron fica insistindo em fazer coisas.— Respondi e me servi de café, dei um gole na bebida quente e decidi por mais açúcar. Diabetes? É comigo mesmo.— E aí, vai pedir Sarah em casamento quando?

  — Vou pedir ela não, Sarah só é boa fodendo. Nem a pau quero uma esposa como ela.— Respondeu indiferente.

— Ah é? Essa é a décima namorada dos últimos três meses Klaus! Foi a com quem você passou mais tempo, uma semana. Achei que ela fosse o amor da sua vida.   — Ele não cansava de ser galinha não?

— Até parece que não me conhece, Beverly.— Klaus murmurou e me encarou com um sorriso maroto.— Amanhã mesmo vou dar adeus ao amor da minha vida.

Oh céus, esse homem é impossível!