CASAMENTO ARRANJADO

DOIS: "Piranha bate porta"

A campainha tocou pela milésima vez na semana. Quem quer que fosse lá fora merecia um murro na cara por não parar de apertar a porra do botão da campainha mesmo eu já tendo gritado um 'já vai'.

Abri a porta com violência e quis cometer um assassinato quando vi quem era. Sarah passou voando por mim e correu até o quarto de Klaus. Ia dar merda aquilo ali.

Uma semana se passou desde o término dos dois e essa trouxa continuava atrás dele. Como eu disse; cadela no cio. Ela abriu a porta do quarto de Klaus e deu um grito ensurdecedor que me fez querer voar nos cabelos dela. 

Quem ela pensa que é pra chegar na minha casa berrando? Fala sério porra! Minha paciência estava no limite. Todos os dias acordando com o barulho da campainha em plenas oito da manhã, era pra matar qualquer um!

Klaus e Sarah mereciam um murro na cara. Ele por ser esse galinha que só arruma problema e ela por ficar se humilhando correndo atrás de macho.

— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÁ ME TRAINDO KLAUS!— Sarah gritou como se fosse uma adolescente descobrindo que o namorado já pegou a amiga dela.

Fui até o quarto e me escorei na porta. Klaus estava deitado na cama com a nova ficante ao lado dele, ela cobria os peitos com o lençol enquanto Sarah gritava aos prantos. Quis rir da situação, mas não fiz porque era errado.

  — Nós terminamos semana passada, Sarah.— Klaus respondeu calmamente e encarou a moça ao lado dele, que olhava de um para o outro sem entender nada. Tadinha dela.— Ela é aquela minha ex maluca que eu te falei.

— MALUCA KLAUS? VOCÊ ME AMAVA!— Sarah começou o teatro e eu rolei os olhos. Cadê a pipoca? Comecei a ver um filme e não estava sabendo?

A morena que estava com Klaus na cama se levantou  e olhou feio para Sarah.

— Larga do pé do meu namorado, vadia!— Rosnou e Sarah fulminou a garota. Sério que elas iam brigar por macho? Por isso que o mundo não vai pra frente.

— Vadia, eu? Você que deitou com meu namorado!— Sarah acusou e voou para os cabelos da morena. Em questão de segundos as duas estavam trocando puxões e arranhões no chão. Senti que por um momento tinha voltado ao colegial, e sorri com aquilo.

Klaus segurou a namorada atual dele e eu fiquei parada vendo Sarah tentar bater nela. Klaus me olhou pedindo ajuda e rolando os olhos eu segurei a maldita namorada dele.

— PAREM COM ISSO PORRA!— Klaus gritou com raiva e encarou Sarah.— EU TERMINEI COM VOCÊ, VOCÊ SÓ SERVIU PARA ME FODER. ME ESQUECE!— Gritou na cara de Sarah e ela começou a chorar. Klaus pouco se comoveu e muito menos eu e a morena.

— Viu, vadia? Você foi só uma diversão.— A morena pegou a mão de Klaus e passou pelo corpo dela.— É desse corpitchu que ele gosta, é nesse que ele se enterra todas as noites, e é meu nome que ele grita quando goza dentro de mim.— A namorada atual de Klaus provocou Sarah e eu me contive para não rir.

Não por muito tempo, querida. 

Mal sabia ela que Klaus trocava de namorada toda semana.

— Você me paga!— Sarah ameaçou Klaus e a morena, antes de passar por mim batendo no meu ombro de propósito.

Olhei para Klaus que me encarava atônito.

  — Nem preciso dizer que quero te matar, né?— Perguntei e saí dali, trancando a porta da sala e voltando para minha cama.

. 

Levantei ao meio dia e almocei rapidamente. Coloquei uma calça preta, tênis, uma regata e arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo. Escovei os dentes e passei um batom, perfume e blush. Peguei minha bolsa e fui para a faculdade.

Desci do taxi correndo e entrei no meu prédio, depois na minha sala. Poliana pulou para a cadeira ao lado e saiu do meu lugar.

— Por que você insiste em sentar na minha cadeira?— Perguntei à minha amiga.

— Sei lá, mania.— Respondeu.

O professor entrou na sala e começou a dar a aula. Uma hora depois fomos para o intervalo. Poliana pegou alguns livros da mochila dela e eu da minha, caminhamos até a biblioteca e fizemos a devolução.

— Será que ler Romeu e Julieta seria perda de tempo?— Poliana perguntou através de uma prateleira. Estávamos procurando livros de cálculo, mas Poliana insistiu para irmos na sessão de literatura normal.

— Se você se interessar pela história, não. Mas você sabe que Romeu morre, né?— Dei spoiler de propósito e Poliana quase sentou a mão na minha cara.

— SUA PUTA! POR QUE FEZ ISSO?!— Poliana praticamente gritou e eu comecei a rir, ela tapou a boca e arregalou os olhos.

Poliana nunca dizia palavrões, apenas quando ficava surpresa por algo ou irritada. Alguns alunos da biblioteca olharam estranhamente para nós. 

— Como ele morreu?— Poliana perguntou baixinho.

— Romeu e Julieta se amavam e queriam se casar,mas a família de Julieta não gostava da família de Romeu,e queriam que ela se casasse com outro.No dia do casamento de Julieta ela toma um tipo de remédio que fez seus batimentos cardíacos diminuírem, simulando uma morte. Então, achando que Julieta estava morta fazem um funeral para ela... Porém Romeu não sabia do plano de Julieta, então quando ele fica sabendo da notícia ele pega um frasco de veneno e vai até o túmulo dela, na época não era caixão enterrado a sete palmos como hoje, chegando lá ele a vê, pensa que está morta, deita ao lado dela e toma o veneno...Pouco tempo depois ela acorda e vê romeu ao seu lado morto de verdade, pega o punhal de Romeu e se apunhala no peito, se suicidando.— Contei a história que eu sabia e Poliana ficou com o queixo caído. Fechei o queixo dela com a minha mão e sorri.— Legal, né?

  — Sim. Imagino como seria se você não tivesse me contado.— Falou e eu rolei os olhos.— Onde você vai passar as férias de verão?

— Em casa, por quê?

— Eu vou pra praia durante uma semana, quer ir também?— Ela perguntou e eu comecei a pensar.

— Não sei... Tem Aaron, mamãe e Klaus... 

— Leva eles também.— Poliana sugeriu. Olhei para ela com horror.

— Nem pensar levar minha mãe comigo e meus amigos! Credo!

— Então vamos só eu, você, Klaus e mais alguns amigos meus!— Poli exclamou e eu assenti.

— Tudo bem. Quando eu chegar em casa comunico todos. Quando é?

— Semana que vem, no início das férias. Nossa formatura é só duas semanas depois mesmo. 

Verdade, faltava pouco tempo para eu me formar em contabilidade e poder abrir uma empresa. Meu sonho era ser uma pessoa bem sucedida financeiramente. O resto é resto.