Everest

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Perdi a paciência com ele e me sentei e fiquei olhando para ele, eu estou um pouco revoltado com esse cara.

Henrique: Então você usa um aplicativo para caras para se encontrar com outros caras.

Bruno: Uhum.

Ele pareceu nervoso.

Henrique: Você está se encontrando com um cara agora. Eu sou esse cara. Eu também sou gay assumido, então você... Você está prestes a pegar um gay...

Bruno: Tá bom porra.

Ele gritou, minha reação foi me afastar e encostar na porta do carro.

Bruno: De boa, mas eu só brinco por aí com garotos entendeu? Eu pego garotos, mas isso não me torna gay.

Comecei a rir num ato de nervosismo, sim eu estava rindo enquanto o Bruno me olhava fixamente sem entender o porquê.

Bruno: Não me torna gay mesmo não. Eu... Eu gosto de sexo, eu gosto de foder garotos e garotos, mas quando estou com um cara não significa nada. Ok?

Eu me deitei novamente no banco, eu estava incrédulo com tamanha cara de pau do Bruno. Ele começou a tirar o cinto e aproximou-se de mim. Tentou me beijar, mas eu o impedi.

Henrique: Espera, não. Não mesmo, eu acho que você deveria ter me dito antes sobre isso. Sua namorada... E sobre toda essa coisa hétero, quero dizer eu não acho isso legal. Certo isso foi uma péssima ideia. Desculpa.

Abri a porta do carro e sai.

Bruno: Cara espera. Porra. Seu filho da puta.

Comecei a andar em direção da minha casa, eu não queria estar ali mais, eu não quero participar de toda essa merda escrota que o Bruno faz, muito sem noção. Ele ligou o carro e começou a vir na minha direção.

Bruno: Que porra essa cara você me fez dirigir até aqui pra essa merda?

Henrique: Desculpa, ok. Eu não quero mais fazer isso.

Bruno: Seu covarde. Covarde desgraçado.

Ele gritava da janela do carro enquanto eu continuava andando pela calçada

Henrique: Vai para sua casa cara, pelo amor de Deus.

Bruno: Sim eu vou pra casa mesmo, e vou esperar uma mensagem sua, mas eu não vou responder, entendeu? Eu vou te bloquear cara, eu vou te bloquear!

Henrique: Pode bloquear, estou pouco me fodendo. Na verdade eu vou excluir esse aplicativo.

Peguei meu celular no bolso da blusa e desinstalei o aplicativo e mostrei para ele enquanto eu continuava andando.

Bruno: Vai se foder.

Henrique: Foda-se você

Enquanto eu continuava caminhando em direção de casa ele ficou com o carro do lado andando devagar, meio que me acompanhando, meu coração estava tão acelerado, eu estava contanto os passos para chegar em casa, e rezando mentalmente para que ele não fizesse nada precipitado, eu não sei lutar porra.

Bruno: Certo, cara você poderia, por favor, voltar para o carro? Por favor? Cara você está sendo uma vadiazinha agora, você sabe disso né? Você está sendo um viadinho.

Henrique: Sim, continue me chamando por esses nomes, olha eu voltando para essa porra desse carro, me chama mais vezes de "viadinho", tente também me chamar de estranho, chupador de rola, sei lá...

Bruno: O que você quer que eu diga, eu fui sincero contigo desde a porra do começo, desde a hora que eu te mandei a mensagem eu falei que eu só queria uma diversão e nada mais.

Henrique: Mas você não me disse que você tem namorada.

Bruno: Mas você perguntou? Inclusive foi você que ficou fazendo um tanto de perguntas esse tempo todo e você não tem a porra do direito de me dizer o que eu faço ou me julgar por minhas sinceras respostas.

Henrique: Suas respostas nem fazem sentido ok.

Bruno: E o que importa se elas não fazem sentindo cara? E o que importa se eu tenho uma namorada? Espera... Quer dizer que você quer que eu te leve para um encontro? Um encontro de verdade?

Parei de andar e coloquei a mão na cabeça, eu estava tão puto com o Bruno agora, ele parou o carro e ficou me olhando.

Bruno: É isso que você quer?

Eu fiquei parado olhando para ele, com um misto de sensações que nem eu sei explique.

Bruno: Eu não posso fazer isso porra. Eu não saio com caras.

Henrique: Mas você fode com eles.

Bruno: É o melhor que posso fazer...

Depois que ele disse isso eu não tive mais nenhuma resposta, só respirei fundo e continuei parado, torcendo para que ele partisse com aquele carro.

Bruno: Veja bem você que queria saber com quem você estava ficando certo? Está feliz? Porque porra este sou eu.

Andei até a janela do carro dele, encostei-me na janela.

Henrique: Não Bruno, sabe o que você é? Você é um maldito sangue frio.


FIM

O Sangue-FrioOnde histórias criam vida. Descubra agora