Eha

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Espero que vocês entendam esse capítulo e que estejam de coração aberto para aceitar o que cada personagem está passando no momento.

Enjoy!

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Sentir a dor é necessário. Mas sentir mesmo, não jogar por baixo dos panos sem reorganizar e inverter as prioridades. Chorar, sofrer, consternar-se, para depois ser digno de sorrir verdadeiramente.
A gente só sofre por algo que ainda não entendemos ou aceitamos. Talvez poucas pessoas saibam disso, mas eventualmente isso mostre um pouco do viés da vida. Lauren perdeu seu pai e sua irmã em sua curta jornada de vida. Para ela não há sofrimento maior do que esse, tão grandioso que talvez até hoje em dia ainda não saiba onde colocar toda essa saudade. Talvez nos seus sonhos ou em sua vontade de viver, vai saber...
Se ela não tivesse sentido o que deveria ser sentido na hora,  provavelmente estaria sofrendo e confusa até hoje. É como botar um ponto final em uma paixão, saudade ou desavença com ódio, seria assegurar um sofrimento prolongado onde o ato de sofrer estaria sempre no presente. E ela precisava saber separar o passado do presente.
Sim, saber sofrer é uma inteligência emocional. Mas sofrer de não saber onde colocar a dor, de querer explodir em um quarto de quatro paredes, de se perder dentro de casa, mas principalmente dentro de você.
Sofrer cuspindo suas pseudomelhorias ao mundo é coisa de adolescente e amadores.
Lauren era escritora, consequentemente sabia escrever sobre as aflições dessa existência, isso não quer dizer que estava sendo fácil ou até mesmo simples para ela.
Eis que escreveu em seu caderno de anotações:
Aceite estar desolado, mas não se desnude perante os outros. Sente-se no seu quarto, sala, ou até naquele sofá perto da varanda – igual ao meu – e leia um livro, respire, chore e guarde essas dúvidas e certezas pouco assentidas pra ti. Lide com isso de forma madura, aprenda a ser gente grande na marra, dome seus sentimentos e coloque-os no seu devido lugar. Cure suas mágoas clareando os seus horizontes e não postando fotos segurando um copo de bebida em uma festa despovoada de verdades.
Sofrer verdadeiramente não te faz menos homem ou mulher. O que te faz mais responsável é saber sofrer com maturidade.
O vazio da vida pesa. Pesa por não nos dar direção, por nos desnortear enquanto vida, mas principalmente por não fazer a gente se encontrar conosco. O vazio da vida está em viver protegido, sem amar, sem sofrer, sem arriscar, sem admitir a si quem você é, sem tirar as máscaras dos pudores, dos medos, dos preconceitos...
No auge das minhas vivências acredito que quanto mais velhos ou mais perto da morte ficamos mais perdemos a capacidade de mentir para nós mesmos. Parece que cada vez mais entendemos a importância de ter vivido uma vida digna de sentimentos e fluências verdadeiras. Os sentimentos vão ficando cada vez mais à flor da pele, pois só temos uma única chance de sermos verdadeiros. Pessoas em seu leito de morte são pessoas de verdade.
Esse é um texto da vida real, daquela que não se tem objetivo de ludibriar nem enaltecer ninguém, mas sim juntar pessoas e fazê-las sorrirem ou chorarem juntas. Então hoje eu escrevo para momentos. Que mudam de endereço, mas não de identificação. Que mudam de intensidade, mas não de insignificância. Que mudam de coração, mas não de essência. Pois quando a gente aprender a respeitar os momentos, talvez a gente aprenda a respeitar as pessoas.
E eu escrevo para você, Karla Camila.

Em meio à noite escura, Camila ia até a varanda para admirar a Lua e seus olhos se mantinham fixos sobre o brilho que vinha do alto. Ela admirava de forma apaixonante, era como se aquela Lua fizesse parte dela, e talvez fizesse mesmo. Com um olhar calmo e debruçada na mureta da varanda, ela segurava uma xícara de chá, e ali passava horas e horas, era como se aquela Lua fosse sua casa, e talvez fosse mesmo. Ela era parecida com aquele satélite natural da terra. Era como se nela houvesse todas as fases da Lua, e talvez houvesse mesmo. No seu sorriso, era como se carregasse a fase minguante, e em seus olhos o brilho daquela Lua quando estava cheia reinando o vasto universo, mas sabe, às vezes ela ficava na dela, na mesma forma quando a Lua se escondia em seu eclipse, era como se ela fosse a própria Lua. E talvez fosse mesmo. Bom, eu não sei qual a conexão vocês têm com a Lua, apenas sei que, quando ela olha para o alto e encontra a Lua, gosta de pensar que alguém também esteja olhando e assim, ela sinta de perto, e talvez esteja mesmo, talvez alguém estivesse observando o centro das atenções em seu próprio universo do lado de fora de seu apartamento, bem perto da portaria, na esperança de que, por um acaso, uma vez na vida, Camila olhasse para baixo e a visse ali.

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Eha significa dor em havaiano.

Lembrem-se, a dor é passageira.

Nos vemos, espalhem amor!

The Sky Above UsOnde histórias criam vida. Descubra agora