Prólogo: Micoses

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— Pai, por que eu não posso levar o Suga em tamanho real para a casa de praia?— falei birrenta.

— Pra você parar com seu vício nesse rapaz.— disse meu pai novamente para mim, irredutível.

— Pai, não é vício. Eu não fumo, não objeto e nem cheiro ele.— se bem, se eu tivesse a oportunidade de chegar perto dele, eu levaria um vidrinho para guardar seu suor. E com certeza iria fungar nele como um dementador, arrancando sua alma pela boca. MUAHAHAHA.

— Pai? Suor em frasco é nojento? — falei enquanto fechava a porta do carro. — Quer dizer, você compraria um? — se têm pessoas que só compram perfumes de artistas só porque tem seu nome no frasco, imagina a verdadeira fragrância das estrelas. Isso venderia que nem água, ou melhor, suor.

— Não.— respondeu meu pai olhando para mim como se eu fosse um elefante gordo passando batom no banco de trás do carro. E para deixar claro, não sou.

— Qual seria o nome desse suor? — perguntou minha mãe, brincando de clicar a caneta que estava em sua mão. Isso acaba com a caneta, mas é muito legal.

— O das pessoas normais não sei. — aquelas com antenas e de cor verde? Sério, isso soou estranho, e foi eu quem falei. Estranha. — Mas a do Suga seria " Macho Alpha, meu suor para você fungar". — seria incrível poder sentir o cheiro do seu artista favorito a qualquer hora. OK, isso parece coisa do drogado mesmo. O conjunto das colônias do BTS se chamaria " A Reunião Da Matilha Alpha ".

— Eu pensei que você diria algo como: Chita Chug*.— disse meu pai rindo no volante.

— Isso é energético.— minha mãe respondeu jogando a caneta no porta luvas onde se tinha de tudo, talvez até tivesse mesmo alguma luva.

— Pare de ler essas coisas. Leia algo que lhe ajude nos estudos, que te ajude na vida.— meu pai falou assim que me viu retirar pelo retrovisor uma revista da bolsa.

— Está bem.— respondi e comecei minha tarefa árdua de calcular.— 1,2,3,4,5,6. 1,2,3,4,5,6. 1,2,3,4,5,6. 1,2,3,4...

— Por que você está contando até seis?— indagou minha mãe sem nada pra fazer.

— Porque é o número de gominhos do tanquinho do Suga.— gente dá até vontade de lavar roupa M-A-N-U-A-L-M-E-N-T-E. Pra que o mundo precisa de máquinas automáticas quando se tem um tanque daqueles?

— Deixa eu ver.— e nem esperando minha resposta, minha mãe arrancou a revista de mim.

— Você tem razão é muito interessante. Continue assim.— aprovou o conteúdo da revista e me devolveu.

— Eu também já tive tanquinho.— meu pai resmungou.

— Naquela época já existia isso?— perguntei.

— Você bem que disse " já tive", agora temos uma máquina de lavar em ascensão. — disse minha mãe, agora batendo nas pernas.

— Mãe arruma algo para fazer, mexe no celular, sei lá. — aconselhei, ela estava bem inquieta dentro do carro.

— Nem o trouxe, porque para onde nós vamos não tem nada, tipo sinal de telefone.— disse calma.

— Nada? Tipo, nada? — meu pai assentiu— Como eu vou sobreviver só com uma página do Suga.— Ele pode arrumar uma esposa, uns três filhos, e aí estarei claramente passada para trás.

— Essas férias serão um detox para você se desligar desse rapaz.— disse minha mãe.

— Só tem uma alternativa. — disse para mim mesma, pois só havia um jeito de voltar para civilização moderna.— SOCORRO! SOCORRO! ESTÃO ME SEQUESTRANDO PARA UM LUGAR MÓRBIDO REINADO POR MICOSES. EU VI NUM PROGRAMA QUE NA AREIA TEM ISSO TUDO E MUITO MAIS. EU PRECISO DE...

— De nada, nem ninguém. Aqui nessa região não moram muitas pessoas, e nesse trecho você só se comunicou com as micoses.— disse minha mãe rindo sendo acompanhada pelo meu pai.

  Suga, não arrume doze filhos na minha ausência. Se bem que daria um remake de Doze É Demais.

  Como se eu pudesse impedir.

* - Chita Chug - Bebida energética do desenho animado Kick Buttowiski feita de suor de chita.
 

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