Underground Club

Festas Paralelas.

Chara e Asriel fugiram do meio da bagunça da festa pra um lugar mais calmo. Aqui e ali alguns humanos escondidos se pegavam e faziam coisas ilícitas às escuras, longe dos olhares dos professores e diretores. Monstros também estavam por ai na área de fora. Caso eu tenha esquecido de dizer, a escola aceita tanto humanos quanto monstros de qualquer tipo em idade escolar.

Mas a humana de bochechas rosadas não queria mesmo ficar ali do lado do ginásio, na área aberta onde tem mais bancos e normalmente o recreio tomava conta nos dias comuns. Ela puxou o monstro para detrás da quadra aberta, onde não tinha ninguém, e era bem perto da piscina de água que refletia o brilho azul de alguma luz de dentro da piscina deixada acesa.
Era uma sensação relaxante ouvir o barulho da água e ver o vento agir na lâmina d'água, criando ondulações...
Os dois sentaram ali, encostados em algum cano, enquanto Chara buscava por internet e Asriel comia...
Os dois conversavam sobre coisas aleatórias e gostavam de ficar juntos. Era bem melhor sozinhos do que com outros estranhos ao redor.

"Essa festa tá miada..."
"Eu nunca gostei muito de festas assim... Cheio de gente estranha..."
"É... É bem melhor quando somos só nós dois..." Ela suspirou, de uma forma conformada, e se encostou no ombro dele.
"Essa água brilhante, o escuro... Me lembram do subterrâneo..."
"Waterfall... Lá era legal..."
"Sim..."

Azzy corou e passou o braço por trás da menina, que o olhou com uma cara brava de desgosto, mas depois riu da carinha de embaraço do cabrito. Pegou a mão dele e ficou fazendo um carinho no pelo branquinho enquanto olhava o celular.
"Chara...?"
"Hm?"
"Você... Preferiria passar um dia só comigo ou com a Frisk, o Sans e o resto do pessoal?"
"Pff... Que pergunta! Só com você, obviamente. Você é menos chato..." Ela se aproximou sorrindo e apertando as bochechas do monstrinho, que ria tentando não parecer nervoso e de novo, desconcertado.
"Uh... Então... Se... Por um acaso te convidarem, pra uns dias no campo comigo..."
"O quê que foi?"
"Você aceitaria certo?"
"Asriel Dreemurr, que pergunta estranha é essa?"
"Ah, responde!"
"Claro que sim..." Ela respondeu suspeitando.
"Ah, ok... Ufa..."
"Ufa o quê??"
"N-Não nada!"
Ele sorriu um sorriso amarelo, disfarçando ao máximo, mas parecia que Chara lia sua mente, o encarando fixamente com seus olhos escarlate.
"Mesmo se eu convidasse... Mais algumas outras pessoas...?"
A menina de vermelho ficou calada, mas fez uma careta bem feia, totalmente em desacordo. Voltou a olhar as postagens.

Azzy sabia que ela não ia aceitar se ele falasse agora, então quando ela se virou, ele respirou fundo, tomou um pouco de coragem e beijou o rosto da garota. Não que nunca tivessem feito isso, mas foi tão de repente que ela se virou, arregalando os olhos e abaixando o celular. Ele riu da surpresa dela.
"Eu já disse que você está linda?"
"Não... E o que deu em você?" Ela mantinha sempre a mesma expressão, raramente ficando sem graça, nervosa, risonha ou outra coisa parecida.
"Eu achei que... Você ia gostar..."
Chara o encarou de cara fechada, mas depois esboçou um lindo sorriso, largando o telefone, abraçando-o pelo pescoço, e com a outra mão, fazendo um carinho no chifre dele. Asriel respirou bem fundo e deixou a sua outra face tomar conta de si. Pegou com uma mão a coxa de Chara e colocou por cima da sua.
"Hm... Quando aprendeu esse tipo de coisa? Você não era o bebê chorão?"
"Você sabe que não é bem assim que a gente funciona..." Ele beijou o pescoço de Chara, roçando suas presas nele, o deixando vermelho.
"Oh... Então é o Deus da Hipermorte falando? Ah sim..." Ela suspirou um gemido baixo. Sua jaqueta caiu, mostrando seu busto e os ombros da pele alva.
Azzy distribuiu beijos por eles e deu um ou dois selinhos na garota, rebelde e o estimulando com sons e movimentos, mas depois de uns cinco minutos os dois se largaram, um corado até os chifres e a outra respirando pesado, com as bochechas mais rosadas que nunca, mas mantendo uma postura impassível como se nada tivesse acontecido. Os dois queriam ir mais fundo, mas algo lá no fundo não deixava.
"Você... Me deixa estranho. Não sei exatamente explicar..."
"Você também me deixa estranha... Eu gosto e não gosto..."
Eles riram e voltaram a agir normalmente, depois daqueles minutos de amizade colorida.

Enquanto isso, na festa dentro do ginásio, Frisk conversava com alguns colegas de classe e parecia muito mais interessada nos assuntos deles. O que acabou deixando Sans ali, no vácuo, mas ele resolveu ir saindo devagarinho, indo pra onde tinham as bebidas.
Lá parecia um mini bar e era onde a maioria dos professores ficava sentados, conversando entre si.

Foi só ele se encostar ali, observando Frisk de longe, suspirando sua falha, que logo uma voz conhecida falou com ele.
"Que carinha jururu é essa? Não tá gostando da festa?" Toriel se aproximou de costas, com alguma bebida exclusiva dos professores.
"Nah, não é isso..."
"Hm... Deixa eu adivinhar... Você ficou sozinho..."
Ele riu. Mesmo sem ver nada Tori o conhecia bem. Os dois são amigos desde muito tempo e Toriel é uma das poucas pessoas que Sans confia.

"Eu vi o seu irmão na entrada e ele fica muito elegante de terno. Você deveria ter vindo assim também..."
"É... Essas coisas combinam com ele... Ele tem padrões... Eu não uso essas coisas..."
"Ah, você tem que se valorizar mais, meu crianção..." Ela olhou pra ele e riu engraçado dando um soluço e cobrindo a boca com os dedos.
"Convida a Frisk pra dançar!" Ela deu um soquinho no ombro dele e ele corou todo.
"Q-quê?... Eu... Eu não sei dançar..."
"Aah, sabe sim! Vocês adolescentes e suas vergonhas..."

A senhora cabra riu, tomando mais um gole da sua bebida... Diferente.
"Eu... Talvez tente..." O esqueleto tentou mostrar um pouco de coragem.
"Isso que eu quero ouvir! Alto estima rapaz!"
"Ai meu pai, Tori fala mais baixo..." Ele sussurrou, quase se enterrando de vergonha dentro da jaqueta.
"Ué você não gosta dela??"
"Toriel!?? Fala baixo!?" Sans estava bem surpreso com o comportamento inusitado dela.
"Ah? Ah! Desculpe!" Ela continuava falando alto, rindo descontroladamente, mas a música estava muito alta, felizmente.
"Quantos copos disso você já tomou?" Ele apontou pro que quer que ela estivesse bebendo, mas ela não respondeu essa pergunta.

"Então?? Você vai ou não??"
"... Espera um instante..."
"Sei... Bem, pode esperar o quanto quiser, mas se você desistir, já sabe o caminho pra minha sala..."
"Ah... Espera, o quê?"
"Eeh... Você sabe o que eu tô falando... Se ela der o fora em você... Eu vou ficar... Na minha sala... Es... Perando..." Ela disse entre um soluço e outro.
A senhora levantou, um pouco cambaleante, se segurou no banco, pegou mais uma garrafa desrotulada, mas tinha um cheiro forte e bem provavelmente alcoólico...
"Tchauzinho..." Cantarolou, passando um dedo pelo rosto do garoto e saiu do ginásio, se encostando pelas paredes.

Sans ficou paralisado, tentando entender o que aconteceu. Mesmo assim, saiu logo que voltou a se mover, depois da confusão.

Frisk continuava ali, com algumas poucas amigas que não tinham saindo pra dançar com seus crushs e namoradinhos. Elas logo foram embora e a morena finalmente ficou só de novo.
Era a chance que ele estava esperando!

Se aproximou e logo ela o notou.
"Foi aonde?? Você sumiu do nada!"
"Heh... Fui bater um papo, mas não deu em nada então voltei."
"Hm... Com quem?"
"Você conhece."
"Ok... Deixa no ar..."
"Não vai tentar adivinhar?"
"Não!"
"Ah... Ok então..."
Silêncio constrangedor. As luzes mudaram como mágica e a música ficou mais lenta. A morena saiu do lado dele e foi para a sua frente, sorrindo. Ela pegou as mãos do esqueleto e as segurando bem contra suas mãos macias, começou a fazer uma dancinha, movimentando-as com o ritmo da música...

"Vamos dançar...?"
"Já estamos dançando, seu bobinho..."
"Heh..."