– Filha, não se esqueça do presente da sua vó? - minha mãe perguntou, pela quinta vez naquela tarde.
– Tá bom, mãe. - eu falei. Todo ano era a mesma coisa. Aqueles presentinhos no estilo "Fui para Salvador e lembrei de você", e como teve um feriado aí antes das férias, eu e meus pais fomos em Ilhabela, e meus pais compraram um imã de geladeira, escrito "Fui em Ilhabela 🌴 e lembrei de você ❤️". Minha vó tinha 2 geladeiras cheias desses ímãs. E não são só da minha mãe. Minha vó tem mais 3 filhas, e uma delas mora no Canadá. Desde que vovô morreu, as únicas coisas que alegram ela são a família e imãs de geladeira. Acho que ela imagina que está nesse lugar ou algo do tipo.
– Maria, você já falou para o papai guardar minha prancha no carro? - João Henrique (meu irmão) perguntou.
– Já, Henrique. - falei. Ele bagunçou o penteado que eu fiz, e saiu, me deixando com raiva. Eu tinha demorado duas horas nele (uma procurando e outra penteando).
Me levantei e fui até meu quarto para ver se tinha esquecido nada, e não, não tinha esquecido nada. Meu quarto estava vazio, parecendo que eu iria me mudar, mas eu estava acostumada a isso, era sempre assim.
– Maria Fernanda, filha! Vem logo, não podemos pegar trânsito! - minha mãe falou. Ele é meu pai iriam deixar eu e Henrique na casa da minha vó, e depois eles iriam para o aeroporto de Guarulhos, pois eles iriam fazer uma viagem para Tóquio. Imagina, eles estariam muito cansados! Tudo por culpa do meu tio Caleb que não se dispôs a nos levar para a casa da Vovó. Sem necessidade.
