Conhecido como um dos primeiros best-sellers do século XX e considerado o melhor romance policial já escrito, O cão dos Baskerville arrebata o leitor com seu enredo de horror gótico, um clima de ameaça constante, estranhas pistas e inúmeros suspeito...
Por um ou dois minutos, fiquei de respiração suspensa, mal podendo acreditar nos meus ouvidos. Depois, voltei a mim, e o peso da responsabilidade pareceu de repente ter sido retirado dos meus ombros. Aquela voz fria, incisiva, irônica, só podia pertencer a um homem neste mundo.
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— Holmes! — exclamei. — Holmes!
— Venha – disse ele. E, por favor, cuidado com o revólver.
Agachei-me sob o batente tosco e lá estava ele, sentado numa pedra, com um brilho divertido nos olhos cinzentos, que fitavam meu rosto atônito. Estava magro e abatido, mas firme e alerta, com o rosto queimado pelo sol e enrijecido pelo vento. De terno de tweed e boné de pano, parecia um turista qualquer, e conseguira, com o amor à limpeza que era uma das suas qualidades características, manter o rosto tão bem barbeado e a roupa tão limpa como se estivesse em Londres.
— Nunca senti maior prazer em ver uma pessoa — disse eu, apertando-lhe a mão.
— Nem maior espanto, hein?
— Confesso que sim.
— Pois a surpresa não foi só do seu lado, garanto. Não imaginei que você tivesse descoberto o meu retiro, menos ainda que me esperasse aqui dentro, a não ser quando cheguei a seis metros da porta.
— As minhas pegadas, com certeza?
— Não, caro Watson, creio que não poderia reconhecer as suas pegadas, entre todas as pegadas do mundo. Se quiser mesmo me despistar, precisa mudar de marca de tabaco, pois, quando vejo um toco de cigarro Bradoley, Oxford Street, sei que meu amigo Watson está nas redondezas. Pode encontrá-lo ali no caminho. Você o jogou fora, com certeza, no momento em que investiu contra a cabana.
— Exatamente.
— Foi o que pensei, e, conhecendo a sua admirável tenacidade, fiquei convencido de que estava de emboscada, com uma arma na mão, esperando o regresso do ocupante da cabana. Então, pensou mesmo que eu era o criminoso?
— Não sabia quem você era e estava decidido a descobrir.
— Excelente, Watson! E como foi que me localizou? Com certeza me viu, na noite em que perseguiram o condenado, quando cometi a imprudência de deixar a lua se erguer atrás de mim?
— Sim, foi então que o vi.
— E com certeza examinou todas as cabanas, até chegar a esta, não?
— Não, seu garoto foi visto e me forneceu a pista.
— O velho do telescópio, provavelmente. Não sabia o que era, quando pela primeira vez vi a luz a brilhar nas lentes. — Holmes ergueu-se e olhou para dentro da cabana.
— Ah, vejo que Cartwright trouxe mantimentos. Que papel é este? Então você foi a Coombe Tracy?