Tudo começou com uma forte gargalhada. Mas não minha, dela. Naquele momento fiquei assustado, confesso, mas ao mesmo tempo admirado.
Depois desse dia, começámos a falar. Tornou-se algo diário, falávamos todos os dias, sem exceção, sem hora específica. Cheguei a faltar às aulas para estar com ela, uma vez apenas, não queria causar alarme aos meus professores, e muito menos aos meus pais. Na verdade, só faltei porque os nossos horários eram apertados e a vontade de estar com ela era tanta que tive de o fazer.
Começava a sentir coisas por ela, coisas contrárias ao que dizia sentir. Dizia que a odiava, na brincadeira, claro, mas a verdade é que o sentimento de carinho só aumentava a cada dia que passava.
No fim das férias de Natal, já quase no início do 2° período, recebi uma notícia que quase me deixou sem reação. Ela ia mudar-se para a minha escola. Era da minha idade, 2 meses mais velha, creio, do mesmo curso que eu e do mesmo ano. Nem conseguia acreditar. Havia grande probabilidade de ela vir para a minha turma. Fiquei radiante, mas, como dizem, tudo o que é bom acaba depressa, não é?
Chegámos ao 2° período. Tinha tido Educação Física como primeira aula, às 08:20. Já todas as raparigas tinham saído do balneário, menos ela. Estranhei, mas sinceramente não sei porquê, visto que ela não me chegou a dizer em que turma ficou.
Tive aulas até às 11:30 e depois fui para casa. Por volta das 14, quando ia pegar na mochila para a arrumar, recebi uma chamada dela. Ela disse-me que me tinha procurado e não me tinha visto. Disse também que tinha adorado a escola e a turma, mas que tinha ficado triste por não termos ficado juntos. Pedi-lhe que me mostrasse o horário e vi que agora era muito mais fácil estarmos juntos, fora da escola. Prometi que lhe faria uma visita guiada à escola, ainda naquela semana.
Era agora Quinta-Feira, o meu dia mais preenchido, tal como o dela. A visita guiada tinha ficado marcada para as 14:50, logo depois de sair de Sociologia.
Tinha chegado um pouco atrasado, o professor tinha-nos obrigado a escrever o sumário já depois do toque, mas lá estava eu, na sala de convívio. Ela viu-me e veio ter comigo. Comecei por lhe mostrar um dos blocos. Acabámos por nos distrair na conversa e tinha tocado para a entrada. Quando olhei para o relógio já passavam 5 minutos, estava atrasado, algo que raramente acontecia. Dei-lhe um beijo na bochecha e comecei a correr para a aula. Com aquela professora não se podia brincar.
Mal bati à porta, resmungou e disse que não podia entrar no primeiro tempo. Depois de uma corrida daquelas tinha de ficar 35 minutos à espera para entrar. Não gostei, mas tive de aceitar. Mal deu o toque bati novamente à porta. Desta vez pude entrar. A aula passou rápido. Tinha tocado e ela estava à minha espera, à porta do bloco. Aqueles lindos olhos azuis estavam a olhar fixamente para mim. Durante aqueles segundos em que me aproximava dela, os seus olhos pertenciam-me. Pergunto-me como era possível nunca ter reparado naqueles olhos e de um momento para o outro o meu único desejo ser congelar o tempo para ficar especado a apreciá-los. Estava finalmente ao lado dela.
Questionei-lhe se queria que lhe continuasse a mostrar a escola. Ela respondeu que não, queria ir passear comigo. Saímos da escola. Andámos cerca de 25 minutos. Foi aí que reparei que estávamos à porta da casa dela. Fui convidado a entrar. Fiz-me de difícil, claro, ela não podia tomar-me como garantido, mas acabei por aceitar. Levou-me para o quarto dela. Ligou o computador, abriu o navegador e meteu a tocar Russ. Fiquei surpreendido, mais uma vez. Quando eu achava que ela não me podia agradar mais, vejo um dos meus artistas favoritos a tocar no seu computador. Deitámo-nos na sua cama, aconchegados. Comecei a mexer-lhe no cabelo. Ela parecia estar a gostar. Estava a ficar nervoso, confesso. Quando estou nervoso, começo a suar. Para piorar, estava calor. Perguntei-lhe se podia abrir uma janela, ligar uma ventoinha. Ela sugeriu algo melhor. Despir-me. Desafiei-a a despir-se também. Ela não hesitou. Estávamos então ambos de roupa interior, juntos e a ouvir boa música. Mas faltava algo, para melhorar o clima. Ela achava o mesmo. "Queres ver um filme?", perguntou ela. Aceitei, mas com uma condição. Tinha que ser um filme de terror. Um filme onde ela se pudesse agarrar a mim e onde eu pudesse massajar novamente aqueles preciosos cabelos ruivos. Era uma cor de cabelo tão diferente, mas tão especial. "Ok, aceito. Pode ser o Lights Out? Sempre o quis ver mas nunca tive companhia." Disse logo que sim. Já o tinha visto várias vezes, mas não o admiti. Queria que ela pensasse que estávamos em pé de igualdade. Ela fez então o download do filme. Ainda nem tinha começado e já sentia medo dentro dela. Agarrou a minha mão. Reparei que tinha as unhas roídas. Brinquei com ela e disse "roer as unhas é para fracos." Ela bateu-me no braço e eu beijei-a. Saiu-me. Mas tive sorte. Ela gostou e deu seguimento ao beijo. Estávamos em roupa interior a beijarmo-nos. Mas isso durou pouco. Começámos a tirar a roupa que faltava e em poucos segundos estávamos ambos nus. Abri a carteira. Tinha lá um preservativo que por sorte tinha lá metido há uns dias. Coloquei-o e começámos a praticar o ato, enquanto estava a dar um filme de terror. Eu era virgem. Ela também, acho. Era o que ela dizia e eu quis acreditar que era verdade.
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Um Romance a Três
RomanceUm romance cujo número de personagens aumenta a cada capítulo juntamente com a, ação.