Capítulo 1: Planetas Alinhados

70 1 1
                                    

A nave de fuga está preparada do lado de fora, e os planetas devidamente alinhados. Tudo como o planejado, agora só falta colocar o plano em prática. Para iniciar, Júpiter invade o local, Terra entra à frente de todos, os guiando, Vênus, juntamente com Marte entra em ação, enquanto Saturno garante que ninguém se desalinhe. Urano e Netuno, fazendo jus à fama de sorrateiros, conseguem abrir a caixa registradora de maneira quase que imperceptível e pegam tudo o que conseguem. O plano ocorre com êxito. Como combinado, Plutão já estava a postos esperando para a partida, então, sai o Sistema, em direção ao Sol.

Naquele momento, levando em consideração a quantia roubada nessa noite, tudo que se passava em suas cabeças era que tudo estava indo bem, confiança que talvez estivesse os cegando da realidade catastrófica. Exceto na visão de Terra, a líder do grupo, que nesse momento estava apreensiva sobre que rumo as coisas estavam tomando.

– Fomos até que bem hoje. – Urano, que assim era chamado durante as ações, vira para seus companheiros esperando uma resposta positiva.

– É, mas nada se compara aos meus tempos. – Plutão vira-se para trás para que consiga ter visão sobre todos naquela van, tendo um sentimento nostálgico.

A expressão facial de Terra evidentemente não é das melhores, então Vênus, seu filho, aproveita que estão apenas os dois no último lance de bancos e pergunta:

– O que você tem? Desde cedo está estranha... – ele olha para o rosto de sua mãe, que claramente exime preocupação.

– Eu não sei se podemos continuar com isso. – Terra leva seus olhos ao encontro dos de Vênus, seu primogênito.

Nesse momento, por infeliz coincidência, o Sistema, assim apelidado pelo próprio grupo, havia ficado em completo silêncio, fazendo com que a voz de Terra se destacasse e sua frase ecoasse até o ouvido de todos naquele veículo. A palidez toma conta de seu rosto, já que não era sua intenção abordar o Sistema dessa maneira.

–  O que? – questionam os gêmeos Urano e Netuno, com suas vozes quase que sincronizadas. Instantaneamente, todos os olhos ali presentes também se dirigem para Terra de maneira frenética. – Como assim não podemos continuar? – Saturno completa a frase dos irmãos.

– Pessoal, vocês sabem, nós não somos mais os mesmos, talvez seja a hora de darmos uma pausa. – diz Terra com uma voz o tanto quanto leve, tentado acalma-los.

– Como assim dar uma pausa? Eu tenho dedicado minha vida a isso! – diz Saturno apreensivo. Plutão continua a dirigir em direção ao Sol.

– É, ele tem razão, essa é nossa vida, não podemos simplesmente parar! – Marte concorda com Júpiter em um tom talvez até desaforado demais, fato que pode ser confirmado com os lábios torcidos de Terra.

– Desde que o pai do Bruno saiu não somos mais os mesmos... – Vênus olha para sua mãe com tristeza, pois ainda sente falta de seu melhor amigo que a mais de cinco meses está sem dar notícias.

– Não me levem a mal, mas vocês sabem que sem alguém por trás de tudo monitorando as câmeras não podemos continuar. – Terra consola seu filho com um curto abraço. O Sistema inteiro sente falta tanto do pai quando do filho, o tal amigo de Vênus. Todos reagem da mesma forma, com o semblante triste e com os olhos caídos.

– Nós temos que encontrar uma maneira... – suplica Urano aos prantos interiormente. – E logo! – completa Marte.

Plutão deixa cada um em sua devida casa, Urano e Netuno na casa da tia em que eles moravam de favor, Marte na pensão a qual ela vinha sendo hospedada, Júpiter em seu cubículo que ele gentilmente chamava de casa, Saturno na casa ao lado, já que o mesmo era vizinho, e por fim, segue para casa com Terra e Vênus, respectivamente sua filha e neto. Passando pelo bar da família, sobem as escadas em forma de espiral que leva para parte da casa, e para o Sol, a sede do Sistema.

PLANETAS SÃO APENAS PLANETAS?Onde histórias criam vida. Descubra agora