Band-aid

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Depois dos dois tempos da incrivelmente chata aula de inglês do professor com cara de abóbora (não me pergunte como, mas ele tem sim cara de abóbora) o sinal toca, informando que a aula finalmente chegou ao seu fim. O dia parece ter sido mais cansativo e longo que o normal - ou talvez fosse culpa da ansiedade que se apossara da minha pessoa, mas até que enfim eu estava dispensado.

Sai da sala com mais pressa do que de costume e segui praticamente correndo até o portão da saída, pensando em como eu iria desenrolar um assunto com o garoto que logo eu encontraria. Por algum motivo que eu desconheço, essa aposta se tornou mais importante para mim do que eu esperava. Poderia ser por conta do meu espírito extremamente competitivo, porém algo me dizia que essa não era a razão de eu não ter conseguido parar de pensar no encontro de hoje desde que Taehyung finalizou nossa desastrosa conversa no dia anterior, virando as costas para mim.

Depois do que me pareceu tempo demais, o garoto chegou segurando um de seus livros (muito pequeno, comparado aos que o observei lendo na semana anterior) acompanhado da melhor cara de tédio que eu poderia esperar.

— Olá, leãozinho! - o saudei, recebendo outra careta e o que eu poderia jurar ser um rosnado baixinho.

— Pare de me chamar assim, narigudo - revirou os olhos e eu o olhei indignado. Ok, dessa vez ele apelou, mas apenas dei de ombros. Mesmo ele sendo irritante e insolente, eu ainda precisava dele - me diz logo para o que exatamente você precisa de mim nessa festa.

— Planejamento, decoração...

— Não seria melhor contratar um organizador de eventos? Dinheiro eu sei que não é problema para você.

— Você quer seus livros ou não? - disse impaciente, ele apenas revirou os olhos - Minha mãe realmente gosta desse livro e, hun... eu preciso de alguém que realmente o conheça para tornar tudo mais realista em seus detalhes.

— Que seja. Mas o que te faz ter tanta certeza de que eu conheço esse livro e tão bem assim? - de fato, eu não havia pensado nisso, mas o garoto lê tanto que julguei ser impossível ele não ter lido algum livro existente - Mas sim, eu o conheço tão bem assim - ele mesmo se respondeu, antes que eu pudesse pensar em algo para dizer - e vamos logo, porque tenho compromisso mais tarde.

"Se tem tanta pressa, por que marcou para hoje, então?" Pensei, mas decidi deixar só em pensamento, não era da minha conta. Talvez ele de fato só quisesse se livrar da minha presença o mais rápido possível.

Seguimos então para minha casa, onde julguei ser o lugar adequado para tentar me aproximar do Kim, com a desculpa de que era o lugar mais próximo da escola para irmos andando, que depois de uma pequena discussão, ele cedeu.

Após um curto tempo, chegamos na minha "humilde" mansão. O garoto não pareceu surpreso, mas pude reparar nos seus olhinhos brilhando para alguns detalhes do meu jardim. Após adentrar a residência, o levei até meu quarto, com uma certa relutância do mesmo. Pedi que se acomodasse na minha cama e percebi que ele estava incomodado com a situação de estar sozinho comigo em um cômodo tão íntimo da casa. Ri com esse pensamento e, para provocar, decidi trocar minha camiseta ali mesmo, no ritmo mais lento que era permitido sem parecer estranho, dando a ele a visão do meu abdômen levemente definido. O acastanhado tentou desviar o olhar, mas consegui perceber que ele me observava cuidadosamente de canto de olho, enquanto brincava com os dedos de suas mãos.

Fiquei o encarando até que ele notou e corou violentamente, logo depois voltando com sua típica feição emburrada.

— Vamos logo com isso - falou quase em um sussurro, claramente envergonhado, ainda tentando manter o tom de poucos amigos.

Apenas sorri e caminhei até ele (já vestido), me sentei ao seu lado e o encarei novamente, tentando fazer a cara mais séria que consegui no momento.

REMAIN  •taekook•Onde histórias criam vida. Descubra agora