Roses For You

Tortura

Playlist - Halsey - Sorry

Eu nem ao menos sei o nome daquele garoto de ontem, esqueci de perguntar. Ele é bonito, não posso discordar. Como alguém tão alto em escala de classe, pode fazer coisas tão baixas?

Ele deveria se comportar como um adulto. Quem será ele?

- Lee, você está escutando? - Leo me cutuca.

- Ah, sim, estou - respondo.

- Onde anda com a cabeça? - ele suspira.

- Grudada no pescoço - sorri.

Ele me empurra, devolvo o empurrão. 

- Toma, é o diâmetro de tudo lá - Leo me entrega alguns papeis. 

- Obrigado. Você andou muito até chegar aqui na minha casa, vem, vamos tomar um suco - puxo ele pela mão. 

Eu fico sem fazer nada de tarde na minha casa. Eu cancelei meus cursos e aulas, que eu geralmente tinha nesse horário. Eu simplesmente não consigo ir.

Entrego o suco para Leo, começo a fazer dois pães, um para mim e outro pra ele.

- Meu Deus, você é muito fofo! - aperto as bochechas dele.

- Só fofo? - ele pergunta, meio para baixo.

- Ok, sensual e lindão. É isso que quer ouvir? - ri.

- É muito bom ouvir isso de você - ele sorri. 

Franzo a testa, meia confusa. Ele solta um riso de lado. 

- Como anda tudo aqui? - Leo encosta no balcão.

- A mesma tragédia de sempre - reviro os olhos.

Eu nunca fui muito próxima de Leo. Apesar de todo mundo ser muito amigo, muito colado, ele sempre foi mais afastado. Pelo menos, de mim. Diferente de Hoseok, ele é muito meigo e carismático. Hoseok é meio sério, focado demais.

- Eles ainda te tratam feito uma cadela? - ele ri.

- Sem dúvida, querem até comprar uma coleira para mim - pisco, rimos.

- Sabe... - ele se levanta, me ajuda a terminar os pães. - Ninguém deveria ser tratado assim.

- Mas, eu sou - suspiro.

- Por que? Por que não conta o motivo? - ele me encara.

- É muito intimo, e você sabe, me deixa pra baixo - respondo. 

- Quando vai contar? - ele suspira.

- No dia em que, em que, em que eu morrer. Aí, vocês saberão - bufo.

Leo me bate na cabeça, xingo ele. 

- Nunca mais, diga isso! - ele bufa.

Eu conto, conto para vocês, pessoas da minha mente.

Acontece que, minha mãe se casou com um coreano, o pai dos meus irmãos. Quando ela tava vindo a negócios, acabou se apaixonando e casou. Ela teve eles, os malditos. Só que, tudo parecia perfeito. Até que, ela se apaixonou pelo meu pai, já que, o pai dos garotos não dava a minima para ela. Meu pai morava no Estados Unidos, ele deu a chance dela ir com ele, e, ela foi. Todos os três são asiáticos, que, saem direto de sua terra natal, para negócios. 

Ela foi com ele, depois de se separar do pai dos garotos. Eles ficaram com o pai, mas, mesmo assim, eles ligavam para ela, todos os dias, eles a entendiam. 

Minha mãe ficou grávida, era eu. Meus irmãos ficaram feliz com a noticia. Depois que eu nasci, o encanto acabou. Meu pai começou a trair ela, sempre. Ele começou a bater nela, eu sempre via aquilo e, não podia fazer nada, era uma criança. 

Certo dia, ele pegou ela, pra, vocês sabem, forçar ela. Eu devia ter uns seis anos, já era grande o suficiente pra fazer algo. Eu liguei para a policia, então, meu pai foi preso. Minha mãe me abraçou, dizendo que tudo iria ficar bem.

Meus irmãos saíram correndo da Coreia para vim buscar ela. Minha mãe voltou com eles, e, comigo. Só que, foi a partir dali que, eles começaram. Meus irmãos achavam que eu era a culpada por minha mãe não ter dado queixa a mais tempo. Minha mãe tinha dó que eu ficasse traumatizada e sem pai, muito cedo. Ela diz até hoje que eu não sou a culpada, mas, eu sou. Eu fui desenvolvendo depressão, e, fiquei traumatizada com tudo isso.

Na minha mente, eu sou a culpada. Eu era uma criança inteligente, podia ter ligado a mais tempo. Eu, sou a culpada. É por isso que, eles me odeiam. Porque, deixei minha mãe sozinha nessa luta. Ela não voltou com o pai deles, nunca mais ela namorou ninguém ou casou. 

Eu só queria estar no lugar dela, para que ela, não tivesse sentido aquela dor.

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