2|| hurting myself

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violet butler | atlanta, 01:40

— Violet! — Marie, minha melhor e única amiga, chegou no hospital, demonstrando um olhar triste ao me ver. — Violet! — Marie, minha melhor e única amiga, chegou no hospital, demonstrando um olhar triste ao me ver.

— Mary. — exclamei baixinho e ela me abraçou. Permiti minha cabeça afundar em seus ombros enquanto a garota me aconchegava. — Eu tô perdida. — murmurei e Marie levantou meu rosto.

— Não fala assim. — afirmou e eu neguei.

— Você sabe que eu não tenho ninguém. Se meu vô morrer, eu vou para um orfanato. Um orfanato. — assim soltei um grunhido de choro, oportunidade perfeita para algumas lágrimas caírem de meus olhos. Somente segundos depois percebi o quão egoístico aquilo soou.

— Sra. Butler? — o médico me chamou, fazendo meu coração acelerar. Uma ponta de esperança estava dominando meu corpo todo.

— Sim. — afirmei, me levantando e olhando os olhos do mesmo, que transpareciam tristeza, aquilo me deixava nervosa.

— O seu avô... faleceu de tuberculose. — respondeu respirando fundo, tentando me reconfortar.

Me senti destruída, mais uma vez eu estava perdendo tudo o que tinha. Coloquei as mãos na cabeça, pressionei meus lábios e deixei as lágrimas me atingirem, desabando. Eu não aguentava mais aquela sensação, outra vez.

— Tudo vai ficar bem. — Marie sussurrou frágil.

— Não vai. Eu cansei. — falei inexpressiva, passando as mãos por meus cabelos.

A minha primeira reação foi ir para algum lugar que ninguém iria me ver, banheiro. Entrei na primeira cabine, sentia a visão escurecer algumas vezes, eu mal conseguia respirar. Em muitos anos eu estava tendo mais uma merda de crise. Apertei minhas mãos com força, minhas unhas - que estavam cumpridas - perfuraram a superfície de minha pele. Aquilo parecia aliviar, temporariamente. Fechei os olhos e quando abri os mesmos, enxerguei sangue escorrer pela extensão de meus dedos.

— Violet. — minha amiga bateu na porta, a voz dela parecia ecoar. Fiquei em silêncio. — Violet. — ela chamou outra vez, eu não conseguia responder.

E em seguida a mesma chutou com força, fazendo a porta cair sobre mim, mas logo Marie jogou-a para o lado, vendo meu estado crítico.

— Ei, eu estou aqui. Vamos passar por isso juntas. Só não faz isso com você mesma. — aconselhou me abraçando, enquanto eu ainda me sentia vazia por dentro.

— Marie eu... — não consegui formular a frase.

— Está tudo bem. Okay? Agora vem, vamos sair daqui. — pediu, estendendo sua mão direita para mim, a qual eu logo segurei, me levantando.

— Os policiais virão em alguns minutos aqui verificar a guarda de sua amiga. — uma recepcionista explicava para minha amiga, enquanto eu fazia curativos discretamente em minhas mãos.

[...]

— Não quero um enterro. — falei em um suspiro, um suspiro que pedia por "socorro".

Eu e Marie estávamos na delegacia, vendo o que seria de meu futuro.

E realmente não queria ir para funeral, muito menos enterro. Esses lugares só tem energias negativas e gente chorando. Eu sinceramente não queria me submeter aquilo.

— Tudo bem. — Jonas, o policial, disse. — Essa noite eu irei ver com quem da sua família você ficará. — eu gargalhei sem humor com a última fala. Sou bem irônica quando quero, isso pode ser considerado um defeito.

— Família? Eu sou minha própria família. — respirei fundo, em seguida dando de ombros.

— Quando você tiver dezoito anos poderá ser livre, mas por hora não. Por isso irá dormir na casa de Marie hoje, certo? — se referiu à minha amiga, que havia se oferecido para ajudar.

— Tanto faz. — eu disse com a voz vacilante.

— Obrigado. Amanhã pela manhã entro em contato. — assenti, indo até a porta.

Eu sentia meu corpo todo se contrair em nervosismo, tudo era o desconhecido para mim, e eu odiava isso.

Estávamos à caminho da casa de minha amiga e eu acabei deixando algumas lágrimas escaparem. No fundo nem era por meu avô, era por tudo. Parecia que sempre havia alguma coisa para me deixar para baixo, sempre. E eu não sabia como lidar com aquilo.

Minha cabeça ia a mil e voltava a zero. Eu não tinha ideia do que aconteceria comigo, com minha vida. Perdida era um apelido carinhoso para a situação. Apenas teria que dar um jeito, como já estava acostumada a fazer.

kigdom come | jdb [criminal]Onde histórias criam vida. Descubra agora