4_ A VOLTA PARA CASA

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O caminho mais famoso no mundo, é a Via Dolorosa, «a vereda da tristeza». Segundo a tradição, é a rota que Jesus percorreu do palácio de Pilatos até o Calvário. A rota está marcada por estações usadas freqüentemente pelos cristãos para suas devoções. Uma dessas estações marca a passagem do veredicto de Pilatos.


Outra, a aparição de Simão para ajudar a levar a cruz. Duas estações recordam as quedas de Jesus e outra, as Suas palavras. No total, há quatorze estações, cada uma recordando os acontecimentos da caminhada final de Cristo.


É a rota verdadeira? Provavelmente não. Quando no ano 70 D.C. e mais tarde em 135, Jerusalém foi destruída, as ruas da cidade o foram também. Como resultado, ninguém sabe exatamente qual foi a rota que Jesus seguiu naquela sexta-feira.


Mas nós sabemos onde começa esse caminho.


Começa não no tribunal de Pilatos, mas sim nos salões do céu. O Pai iniciou sua jornada quando deixou seu lar para vir em nossa busca. Iniciou a busca armado com nada mais que paixão para ganhar seu coração.


Esse é o coração da mensagem cristã.


Deus se fez homem. Nasceu em um estábulo comum, de pais comuns, mas seu propósito era extraordinário.


Veio para nos levar ao céu. Sua morte foi um sacrifício por nossos pecados. Jesus foi nosso substituto. Ele pagou por nossos erros para que nós não tivéssemos que pagar. O desejo de Jesus foi único: trazer seus filhos de volta para casa.


A Bíblia tem uma palavra para esta busca: reconciliação.


«Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo»


2 Coríntios 5.19


A palavra grega traduzida como reconciliação quer dizer «fazer algo de uma maneira diferente». A vereda da cruz nos diz exatamente quão longe Deus iria para voltar a juntá-lo todo.


A reconciliação torna a unir o que está separado, inverte a rebelião, reacende a paixão que se esfriou. A reconciliação toca o ombro do extraviado e o põe no caminho para o lar.


*


O rapaz magrelo das tatuagens tinha um primo, que trabalhava no turno da noite em uma loja ao sul de Houston. Por uns poucos dólares por mês permitia aos fugitivos permanecer em seu apartamento de noite, mas durante o dia tinham que sair dali.


Não havia problemas. Eles tinham grandes planos. Ele seria um mecânico e Madeline procuraria trabalho em uma loja de departamentos.


Obviamente, ele não sabia nada de automóveis, e ela muito menos sobre como conseguir um trabalho, mas as pessoas não pensam nessas coisas quando estão intoxicadas de liberdade.


Depois de duas semanas, o primo mudou de opinião. E no dia em que lhes comunicou sua decisão, o magrelo tatuado também deu a conhecer a sua. Desse modo, Madeline se encontrou com a noite pela frente, sem ter um lugar onde dormir nem uma mão que a sustentasse.


Foi a primeira de uma série de muitas noites assim.


Uma mulher no parque lhe falou de um lugar para desamparados perto da ponte. Por uns poucos dólares ela poderia obter um prato de sopa e uma cama de armar.


Uns poucos dólares era tudo o que ela tinha. Usou sua mochila como travesseiro e sua jaqueta como manta. O quarto era tão barulhento que não conseguia dormir. Madeline virou a cabeça para o lado da parede e pela primeira vez em muitos dias, pensou no rosto barbudo de seu pai e em como lhe dava um beijo todas as noites. Mas quando as lágrimas quiseram brotar de seus olhos, resistiu ao choro. Colocou a lembrança bem fundo em sua memória e decidiu não voltar a pensar em sua casa.


Tinha chegado tão longe que já era impossível voltar.


Na manhã seguinte, a jovem que ocupava a cama de armar ao lado da sua lhe mostrou um punhado de gorjetas que tinha ganho dançando sobre as mesas.


«Esta é a última noite que dormirei aqui», disse-lhe. «Agora posso pagar meu próprio lugar. Disseram-me que estão precisando de mais bailarinas. Venha comigo». Procurou no bolso de sua jaqueta e tirou uma caixa de fósforos. «Aqui está o endereço», disse, lhe entregando um papelzinho.


Só de pensar nisso, o estômago do Madeline começou a revirar. Tudo o que conseguiu fazer foi resmungar: «Vou pensar».


Ela passou o resto da semana nas ruas procurando trabalho. No final da semana, quando tinha que pagar a conta no refúgio, procurou em seus bolsos e tirou o papelzinho. Era tudo o que sobrara.


«Não vou passar esta noite aqui», disse a si mesma, e se dirigiu à porta.


A fome tem sua maneira de enfraquecer as convicções.


Ele escolheu Você Onde histórias criam vida. Descubra agora