III.

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Claire e Phoebe estavam ao meu redor, gritando as músicas, perdidas na massa de corpos suados em torno de nós. Eu queria que minha juventude demorasse mais um pouco. Longe da minha rotina, da minha vida regrada. Eu podia ver que eu não tinha vivido corretamente. Só aqui, com o DJ tocando canção a canção, eu vi como eu poderia ter gasto os meus vinte e poucos anos sob as luzes, dançando com um minúsculo vestido, ao meu redor homens que queriam "me devorar", observando minhas amigas sendo selvagens, bobas e jovens.

Eu não tinha 27 anos quando comecei a me dedicar na minha profissão, eu não tinha 27 anos quando comecei a trabalhar na Black Enterprises, eu não tinha 27 anos quando me apaixonei pelo meu melhor amigo, eu poderia ter vivido uma vida fora das regras da sociedade reta e estreita, me entregando contente aos prazeres da vida.

Eu poderia.

Eu poderia ter sido essa menina, em vez de me vestir formalmente, deixando meu coração para fora. Mas já era tarde demais para mim. Mas eu tinha essa noite. 

Phoebe sorriu para mim em meio a uma das músicas.

— Estou tão feliz que você esteja aqui com a gente. — Ela gritou por cima da música

Eu comecei a responder como uma bêbada, gritando um juramento idiota de amizade, mas logo atrás de Phoebe, nas sombras fora da pista de dança, estava meu estranho. Nossos olhos se encontraram, e nenhum de nós desviou o olhar. Ele estava tomando seu uísque com um cara, que a essa distancia eu só podia ver os cabelos encaracolados de cor indefinida, eu poderia dizer que meu estranho parecia surpreso ao ser pego olhando, observando cada movimento que eu fazia.

Cada movimento que eu fazia.

O efeito desta percepção foi mais potente do que todo o álcool que tomei durante a noite. Aquecendo cada centímetro da minha pele, queimando um buraco diretamente através de meu peito para baixo após minhas costelas, e profundamente em minha barriga. Ele ergueu o copo, tomou um gole, e sorriu. Mordi os lábios com força sentindo uma pontada disparar lá embaixo. Eu queria dançar para ele.

Nunca na minha vida tinha me sentido tão sexy, tão completamente no controle do que eu queria, tão... mulher.

Eu tinha feito isso através da minha graduação, encontrando um emprego bem remunerado, e mesmo redecorando minha casa com um orçamento muito restrito. Mas eu nunca me senti como uma mulher adulta na maneira que eu fazia agora, dançando como uma louca para um belo estranho em pé nas sombras, me observando.

O que significa ser devorada

Com ele explicitamente com a cabeça entre minhas coxas, braços em meus quadris, me segurando? 

Ou ele ficando sobre mim, dentro de mim, sugando minha boca e meu pescoço e os meus seios? 

A propagação de um sorriso cresceu em meu rosto, meus braços esticados até o teto. Eu podia sentir a barra do meu vestido avançando nas minhas coxas e não me importei. Eu me perguntava se ele notou.

Eu esperava que ele tivesse notado.

Se eu pensasse que ele tinha ido embora, teria esvaziado no momento, então eu não olhei na sua direção novamente. Eu estava desacostumada com o protocolo de flerte, na verdade duvido que alguma vez na minha vida eu tivesse flertado com algum desconhecido, talvez sua atenção durasse cinco segundos, talvez durasse toda noite. Não importava. Eu poderia fingir que ele estava lá na escuridão enquanto eu estava aqui nas luzes brilhantes, eu estava acostumada em nunca esperar muita atenção, mas com esse estranho, eu queria que seus olhos ardessem através da minha pele para onde meu coração se debatia contra a minha costela.

Burning RedOnde histórias criam vida. Descubra agora