Preciso de você | Aomine Daiki

Período II - Derrota

Aomine estava esgotado quando chegou em sua casa. Suas pernas o levavam para o quarto por puro reflexo, pois ele nem sequer estava pensando no que fazia. Sua mãe o chamou para jantar, mas ele a ignorou e continuou andando. Ignorou também a bronca de seu pai que o advertiu por deixar a mãe falando sozinha, e se trancou no seu quarto. Os dois ficaram assombrados, pois Aomine nunca recusava comida e a expressão abatida do rapaz também era inédita.

O rugar na testa dele aumentou, o coração palpitava angustiado aumentando o desconforto de Aomine com toda aquela situação. Por que estava sofrendo tanto? Nunca foi dependente de ninguém, nem mesmo de SN. Ou será que ele era? Não! Claro que não. Aomine era autossuficiente.

Ele sentou-se sobre sua cama, olhando ao seu redor, sentindo-se perdido. Os vestígios que tinha da garota ali só o fez se sentir pior. Porque aquele quarto parecia mais dela do que dele?

Cada móvel trazia uma lembrança: O primeiro foi a escrivaninha...

"— Presta atenção, Daiki! – repreendeu Sn, batendo na mão dele em sua cintura. – Não vou deixar que encoste em mim enquanto não responder direito a pergunta.

— Ah! Quem se importa de quem foi Masamune e Shingen? Não vai mudar em nada na minha vida! – reclamou Aomine, irritado, mas levou outro tapa na nuca. – Ai! Isso dói!

— É para doer mesmo! – rebateu ela, indiferente. – Se as suas notas não forem boas, você não joga, sabe disso.

— Eu sei... – ele concordou, entediado, voltando a olhar para o livro de história. – E qual será o meu prêmio se eu tirar uma nota boa na prova?

Um sorriso malicioso se desenhou no rosto de Aomine, fazendo SN corar violentamente antes de bater com o livro no ombro dele.

— Uma passagem para o intercolegial. Safado! – reclamou ela, encabulada. – Agora cala a boca e leia.

— Chata! – resmungou ele, mas sem tirar o sorriso do rosto."

Ele desviou o olhar para o guarda-roupas de modo a fugir da memória, mas foi pego por outra...

"— Aomine Daiki... – chamou Sn, com um sorriso maquiavélico no rosto e Aomine congelou. Até parou de jogar no celular pela forma que ela se virou para ele.

SN tinha em suas mãos uma das revistas da Maki-chan de sua coleção que tirara do guarda-roupas de Daiki. Era apenas para ela pegar uma camisa limpa, já que ela havia sujado a própria com o molho curry feito pela senhora Aomine. Agora SN o encarava em busca de alguma explicação, com os olhos o fuzilando em julgamento.

Ele não conseguiu dizer nada, estava constrangido. Desde que iniciou seu namoro com SN, Aomine vinha pensando no que fazer com as revistas, mas não encontrara uma destino adequado para elas sem que seus pais descobrissem. Ele engoliu em sego, pensando em todas as respostas possíveis, mas nada parecia adequado.

A sua demora em uma resposta desencadeou uma reação em SN que começou a jogar para fora do móvel todas as revistas que voavam para o chão.

— Vai tudo para o lixo! – exclamou ela, alarmando Aomine.

— O quê?

No fim, Aomine não conseguiu impedi-la e todas as suas revistas foram para o lixo. Nunca ficou tão envergonhado na vida quanto naquele dia."

Um riso breve lhe escapou quando se deitou na cama. Ele se aconchegou em seus travesseiros, sendo acometido por mais uma lembrança, essa mais forte e que Aomine não teve mais força de conter as lágrimas que começaram a escorrer por seus olhos.