As estrelas cintilavam no céu noturno, dançando ao redor da lua e testemunhando as atrocidades dos humanos.
As ruas de Athene estavam desertas. Faltava pouco para a meia-noite.
A sombra estava agitada, ouvia barulhos de agonia vindos da casa nos subúrbios da aldeia. Observava a casa de madeira atentamente de uma viela escura, como um abutre observa um animal moribundo.
De repente a porta da frente se abriu, iluminando brevemente a rua de terra batida.
― Mamãe, eu tenho que ir, olhe o estado dela! - disse uma voz de mulher jovem, a sombra sentiu sua boca encher-se de saliva. ― Ela não está respirando! Não posso deixar minha irmã morrer assim.
A garota estava de costas para a sombra, conversando com alguém que estava dentro da casa.
― Eu prometo que não vou demorar, além do mais, já não há com o que se preocupar, o assassino da meia-noite já fez sua colheita nesta aldeia. Continue massageando o peito dela, eu vou voltar logo com o remédio!
Ela ajeitou a pequena capa sobre o vestido que usava para dormir e saiu para a noite, apressada.
Agora a luz da lua iluminou o rosto da menina, e a saliva da sombra pingou no chão perante a imagem da garota. Suas mãos se fecharam até tornar as juntas de seus dedos ainda mais pálidas.
Ela atravessou a passos largos o pequeno pátio da casa carregando um lampião com uma luz bruxuleante. Caminhava pela margem da rua, sem perceber que estava sendo observada.
Uma névoa traiçoeira veio sinuosa pela noite, gelando seus calcanhares. O assassino sentiu a garota estremecer, sentiu o coração dela se agitar ainda mais. Ele apressou-se a segui-la, chutou uma pedra propositalmente, que fez um pequeno barulho. A garota olhou para trás assustada, sem ver nada no meio da noite, acelerou ainda mais os passos.
Escondido atrás de uma árvore, o assassino da meia-noite sorriu de orelha a orelha, um sorriso de demônio. E voltou a segui-la sorrateiramente.
― Deus, por que tem de ser tão longe? – ouviu a garota dizendo baixinho, por entre a respiração ofegante, sufocada pela névoa.
A rua de estrada batida deu lugar a uma rua de pedras e blocos. O assassino sabia que o lampião não iluminava mais do que poucos metros na bruma espessa. A lua cheia se escondeu por entre as nuvens, deixando tudo ainda mais escuro.
Toda Athene estava adormecida, somente o cantar dos grilos podia ser ouvido nos arbustos. A garota atravessava as ruas tortuosas, o brilho tênue do lampião não parava de tremer por causa do nervosismo da jovem, lutando inutilmente contra o escuro. As casas de pedra e madeira pareciam abandonadas. A única companhia da jovem era sua sombra, e o vulto que a seguia.
Ela parou e olhou ao redor, não reconhecendo o lugar onde estava.
"Está perdida pequena ovelhinha" – pensou a sombra pálida por baixo de seu capuz.
O assassino aproximou-se cada vez mais, silencioso. Era sua chance, aquela garota seria a décima terceira, seria sua obra-prima, ele sentiria prazer ao arrancar aqueles belos cabelos negros da cabeça dela enquanto se deleitaria com seus gritos. Estava muito próximo, podia sentir o cheiro da desconfiança dela, podia sentir a pele de sua nuca se arrepiar.
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O Assassino da Meia-noite
HorreurQuando uma série de doze assassinatos assombra o povo do reino de Halantis, uma jovem se vê perseguida por um estranho enquanto percorre as ruas escuras de sua aldeia, no intuito de buscar remédio para sua irmã doente. Esta noite, o décimo terceiro...