Era o dia do casamento. Harry estava no salão do hotel, adiantando a arrumação de alguns equipamentos. Era engraçado como estaria tocando no casamento de duas pessoas que ainda nem tinha visto, mesmo que para dar os parabéns ou apenas saber para quem apontar quando a banda fizesse o brinde. Olhou ao redor, tudo que estava ao seu alcance para ser arrumado estava feito. Eram cinco da tarde, o casamento aconteceria às oito horas da noite e então todos deveriam estar se arrumando para a festa.
O local da recepção estava totalmente decorado da maneira mais elegante possível: panos verde-esmeralda forrando as varandas ao redor do salão aberto, várias mesas redondas meticulosamente separadas, com um vaso elegante com uma ou duas flores sobre elas, cada mesa dispunha de quatro cadeiras e todas estavam cobertas com um tecido de cetim prata que reluziam as luzes do local. Da entrada do salão até a primeira mesa do lado oposto à entrada se estendia um longo tapete vermelho, o único objeto cuja a cor não combinava com a do resto da decoração e bem na frente do salão se encontrava um palco baixo, onde as coisas da banda estavam.
Harry estava se retirando para se arrumar, porém antes que chegasse a entrada foi derrubado por alguém que vinha correndo em sua direção. Quando deu por si, estava debaixo de um monte de tecido branco que estava se movendo. Até Harry conseguir sair de baixo daquela confusão de tecidos, já havia percebido que aquela pessoa que o derrubou só poderia ser a noiva.
- Você está bem? - disse se levantando primeiro que a noiva e oferecendo sua mão.
- Me desculpe! Me desculpe, por favor! Foi minha culpa, eu não tinha te visto. - a mulher levantou-se com a ajuda de Harry.
- Não, não, imagina. Foi minha culpa. A noiva nunca tem culpa no dia do casamento, sabia? - disse Harry, ajudando-a a arrumar a enorme calda do vestido, depois olhou-a a no rosto e notou algo: ele conhecia aquela mulher.
- Parkinson? É você? É Você que vai se casar?
- Você... - a noiva também o olhou profundamente e de repente arregalou os olhos - Potter? Harry Potter? O que você está fazendo aqui? - Ela perguntou desconfiada.
- Ah, eu sou o baixista da banda que vai tocar no casamento e...
- Ah, claro! A banda... - Ela disse tentando disfarçar o nervosismo e o cansaço. Parecia um pouco aflita, começou a olhar para os lados o tempo todo enquanto respirava ofegantemente.
- Você está bem? Parece um pouco nervosa.
- Estou ótima! Por que não estaria? - forçou um sorriso. Era um dos piores sorrisos que Harry já tinha visto: suas feições estavam indicando aflição e contrastavam com o sorriso estranho. Um visão de dar pena.
- Tem certeza? Por que você estava correndo por aí usando um vestido de noiva e, se eu não estivesse me fazendo de bobo agora, diria que você está fugindo do casamento. - disse com uma sobrancelha levantada.
Ela o olhou e deixou os ombros caírem, a respiração ainda ofegante.
- Na verdade eu estava sim. - disse abaixando a cabeça - Eu estava pensando se essa coisa de casamento é algo que eu possa continuar. Isso me consumiu e me deixou desesperada. Nem sei o que estou fazendo.
- Ah... Nossa... - Harry respirou fundo diante daquilo - ... Tenso...
Pansy parecia estar esperando que Harry dissesse algo mais, pois o ficou olhando como se ele fosse continuar.
- É só isso? Essa suspostamente não deveria ser a parte que você tenta me convencer a não fugir? De me dizer estou sendo pé frio ou maluca? - Pansy parecia prestes a chorar e Harry ficou assustado.
- Olha, olha... Veja bem, apesar do nosso primeiro reencontro depois do colegial ter sido um ficando por cima do outro - e eu sempre lembrarei disso - eu não conheço você de verdade. Me lembro de poucas coisas a seu respeito da época do colegial e também lembro de você ajudando Draco a me trancar no banheiro e nos armários. Mas... se você quiser, é claro, podemos sentar e conversar um pouco, talvez assim eu te conheça melhor e talvez te ajude com essa situação... além disso, também sei como é passar por uma algo assim.
Pansy o olhou por um tempo, olhou para a saída do salão e então sentou-se na beirada do palco.
- Como foi que passou por isso, Potter? Você também fugiu de um casamento? - sua voz saiu quase um sussurro.
- Na verdade eu fui pedido em casamento ontem... - disse sentando-se ao lado da mulher e contou sobre tudo que aconteceu.
- Mas se você finalmente havia superado a Weasley, porque negou o pedido?
- Bem, até aquele momento eu não tinha seguido em frente de verdade. Eu e ele estávamos apenas... nos enganando, digamos assim. Eu sabia que aquilo não era amor. Nós não amávamos um ao outro... eu percebi isso depois de alguns meses. Parecia que só estávamos juntos apenas para não ficarmos sozinhos, além de que fazia muito tempo que não ficava com ninguém e estava com saudades de saber o que é um relacionamento de verdade. Só que Zac também era muito ingênuo para perceber certas verdades. Eu tive que dizer não antes que fosse muito tarde, e, depois que nós terminamos, foi quando percebi que finalmente tinha me aberto de novo para achar um novo amor.
- Wow... - Pansy parecia sem palavras - deve ter sido difícil pra ele. Eu nunca soube o que é passar por isso. Sabe, eu e Blásio estamos juntos desde o último ano do colegial. Eu nunca tinha namorado antes, só tinha ficado com alguns garotos, mas nada sério. Bem, passamos todos esses anos juntos, compartilhando e se amando... eu sei que o amo mas me sinto perdida dentro disso tudo! Eu não sei quem realmente sou fora desse casal. Eu nunca terminei a faculdade, nunca viajei para o exterior, nunca pude provar o que é ser independente.
"Eu queria que por pelo menos um dia eu pudesse experimentar o que é estar sozinha e fazendo tudo o que se quer."
- E como você se sente imaginado que nesse dia Blásio não estaria com você?
- Me sinto horrível. É esse o dilema. Não consigo imaginar a minha vida sem ele. Eu penso que ficaria feliz estando independente de tudo, mas aí percebo que estaria triste por não estar com ele. - Ela pôs o rosto entre as mãos.
- Sabe, quando eu estou confuso, costumo fazer algo antes de tomar uma decisão. Eu fecho meus olhos e inspiro profundamente três vezes seguidas.
- Inspirar profundamente?
-Três vezes seguidas! Às vezes inspirar profundamente três vezes pode mudar muita coisa. Nos ajuda a raciocinar melhor sobre uma situação.
Vendo que não tinha muita escolha, Pansy o fez. Respirou profundamente, uma, duas e no meio da terceira Harry a perguntou: - Como foi o dia que ele te pediu em casamento?
Com os olhos ainda fechados, Pansy riu antes de responder: - Foi horrível. Nós tínhamos combinado de ir ao cinema naquele dia, chegamos lá e todas as entradas estavam esgotadas, aí ficamos do lado de fora do cinema e começou a chover - Pansy estava com uma expressão nostálgica e ria levemente, e Harry a acompanhou, disfarçadamente. - então, no meio da chuva, ele simplesmente se ajoelhou, pegou minha mão e disse as tão sonhadas palavras: "Quer casar comigo?". E naquele momento, mesmo frustrada por causa da chuva e zangada por causa do cinema, eu só conseguia gritar sim. Eu gritei umas cinco vezes e o abracei. Na chuva.
- E naquele momento você só conseguia dizer sim porquê...?
Pansy abriu os olhos finalmente, como estivesse realizando algo: - Por que naquele momento eu percebi que mesmo que eu estivesse no pior momento da minha vida, ele sempre estaria ali para me apoiar. - Ela olhou para Harry - E é por isso que amo ele. E é por isso que vou me casar com ele, por que ele é meu porto seguro. - franziu as sobrancelhas e continuou - Nossa... eu não acredito que pensei em desistir...
- Você está fazendo a coisa certa, se casando com ele - Harry sorriu para ela compreensivo. Ela o olhou, agora analisando-o. Parecia perceber finalmente com quem estava desabafando.
- Sabe, olhando pra você agora, eu não consigo associar você à mesma pessoa bobona que eu trancava nos armários de Hogwarts.
- E nem eu consigo associar a garota brigona e valentona à esse mulher vestida de noiva ao meu lado falando de sentimentos.
Os dois riram. Pansy tinha um riso amigável.
- Obrigado. Você realmente me ajudou... é estranho estar falando assim por que realmente conhecemos um ao outro à poucos minutos. Mas mesmo assim obrigado. E sinto muito pelo seu ex e você não terem dado certo.
- De nada. E obrigado também, eu e Zac não duraríamos muito mesmo...
Pansy de repente franziu o cenho.
- Zac? Hum... Como disse que ele se chamava?
- Zacharias, Zacharias Smith.
- Ah... desculpe, é que me lembro desse nome em algum lugar... - Pansy pensou e então, de repente exclamou de olhos arregalados - Já sei! Meu padrinho de casamento! Meu padrinho de casamento namorou um cara com esse nome! Lembro dele falando que eles tinham terminado dentro do apartamento dele.
- Me desculpe a pergunta, mas quem é seu padrinho de casamento? - Harry perguntou, se lembrando de Zac ter terminado com alguém em seu apartamento.
- Bem, eu estava evitando mencionar até agora porque eu sei que vocês não foram muito um com a cara do outro no passado. Lembra de Draco Malfoy?
- Draco é seu padrinho? - Harry acabou se lembrando também de que Zac havia dito que essa tal pessoa tinha uma queda por ele, mesmo sem saber quem era ele. Seu coração disparou e Harry não sabia o porquê.
- É sim.
- E você sabe como foi que eles se conheceram? Zac e Draco?
- Foi na faculdade onde Draco dá aula. Draco disse que eles terminaram por causa do colega de quarto. Esse tal Zacharias disse que Draco tinha uma quedinha pelo seu colega de quarto. Draco depois me disse que era bem capaz de se apaixonar caso conhecesse esse tal colega porque eles tinham muitos interesses em comum e que Zac era meio bobinho.
- Eu sou esse colega de quarto. - Harry disse sério, recebendo outro olhar arregalado de Pansy. - Foi nesse dia que Zac me beijou pela primeira vez. Ele também me disse que Draco tinha uma queda por mim e que a pessoa perfeita pra ele tocava baixo e etc. Ele me disse que era um professor e nunca desconfiei, sempre achei que fosse algum daqueles professores de educação física... mas era Draco.
Pansy riu.
- Eu não acredito que Draco teve uma quedinha por você! Logo a pessoa que ele tanto odiava! Eu sempre soube que tanto ódio escondia algo.
- Ei! Ele não me odeia! Sabe, eu o encontrei alguns anos atrás em uma festa, nós conversamos por um longo tempo e ele foi uma excelente companhia.
- É mesmo? Ele nunca me falou disso. E sim, Draco realmente mudou muito desde que aquela situação com os pais dele aconteceu. - Harry a olhou em uma pergunta muda - Ah, você não sabe?
- Não - disse negando também com a cabeça - Na verdade não mencionamos os o Sr. e a Sr. Malfoy nem uma vez. Foi uma das coisas que notei nele, pra falar a verdade, ele não falou uma palavra sequer sobre os dois.
- Bem... foi bem complicado. Draco ficou arrasado por muito tempo, mas não sei se devo falar sobre isso, Potter. Não sei o que Draco ia achar de estar falando sobre isso com alguém, especialmente você.
- Não, entendo totalmente, não se preocupe. - Harry se adiantou e seu um sorriso compreensivo, recebendo outro de volta.
- Eu só posso dizer que por causa disso, todos nós mudamos um pouco. Digo, Blásio, Draco e eu mesma. - ela olhou no fundo dos olhos de Harry antes de continuar - Sabe, na minha opinião, Draco e você fariam um lindo par.
Harry sorriu. Um sorriso realmente involuntário, e não sabia como responder ao que Pansy disse, porém ela não parecia esperar por uma resposta, pois já ia se levantando.
- Bem, deixando Draco de lado, preciso voltar lá dentro para terminar de me arrumar. Mandem ver hoje!
- O quê? - disse Harry assustado e Pansy riu.
- Eu quis dizer você e banda. Na festa! Mandem ver!
- Ah sim - disse passando a mão nos cabelos - Obrigado. Vamos fazer o nosso melhor.
- Até lá quem sabe você não encontra alguém especial. Sabe, alguém que tem uma queda por você. - Pansy deu uma piscadela pretensiosa e saiu.
Harry ficou vermelho. Draco tendo uma queda por ele... achava isso cômico e estranho ao mesmo tempo. Estava lhe dando ansiedade e nem sabia o porquê, então se levantou da beira do palco, olhou ao redor e deixou o local.
Enquanto caminhava em direção ao seu quarto, sem querer querendo, pensou em como seria se envolvesse-se com Draco. Não podia imaginar muita coisa. Apesar de que alguns fatos lhe apontarem um bom caminho: Tinha amadurecido, apesar de ainda ter um jeito "Malfoy" de ser... mas era bom, fazia parte da personalidade dele. Gostava das mesmas coisas que ele. Era professor de arquitetura e era bem excêntrico com seus alunos, ouviu dizer, era mais novo que a maioria deles e gostava de tirar brincadeiras por conta disso. Ah, ia-se esquecendo: Draco tinha uma beleza única. Pálido, loiro dos olhos acinzentados. Harry nunca gostou de admitir que eram olhos muito lindos os dele.
- Não... melhor não. Acabei de sair de um namoro, melhor não pensar nisso agora. E mesmo assim, Draco e eu não fazemos um belo par nunca. - sussurrou para si mesmo, já chegando a porta do quarto. Não acreditou nem por um segundo no que disse. Então respirou fundo e pensou que era melhor ir se arrumar para a festa.
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After the One, the Next One
FanficHarry perde o amor de sua vida no dia de seu aniversário e isso o transforma em uma pessoa triste e solitária por anos. Porém, depois de ser arrastado para uma festa por Hermione, acaba descobrindo que a vida é cheia de mudanças e estas são encontra...