Luz Na Escuridão

3 - Uma Luz

          Olhava fixamente para os papéis em minha mesa. Enquanto o professor apresentava o novo aluno, não fiz a mínima questão de olha-lo, as garotas das carteiras ao lado estão tão alvoroçadas com a chegada desse garoto, não entendem o meu desânimo. Respirei fundo enquanto fazia as anotações, enquanto isso o professor dava informações sobre o novo aluno.

─── Damen é o mais novo aluno da classe. Damen veio da Itália assim como Louise ali no fundo. ─ quando meu nome foi citado observei de realce para o lado podendo ver as caras e bocas que faziam ao meu respeito.

       Suspirei o vendo se aproximar e sentar-se na minha frente, assim que o professor voltou a explicar a matéria voltei a olhar para frente e assim tentando aprender algo. A aula não era uma das mais interessantes mas eu tentava me acostumar com esta minha nova vida, não sei bem o quanto tempo preciso, jurei a mim mesma que seria bem rápido.

        Havia terminado o segundo período quando me levantei da carteira e atravessei a porta, quando estava prestes e seguir o enorme corredor ouço alguém chamar pelo meu nome, viro ficando novamente de frente para a porta, Damen chamava por mim.

─── O professor disse para que pedisse a você o livro ─ acenou com a cabeça, indicando que era o livro Por Trás Dos Cálculos. ─── Emprestado.

    Meu olhar estava baixo e ao subi-lo pude reparar em Damen, suas roupas são tão escuras mas são de marcas bem conhecidas, usa uma jaqueta de couro lavada e além disso tem uma tatuagem bem no braço esquerdo; ao olhar para os seus olhos fico enfeitiçada com a tonalidade dos mesmos, um verde claro quase cinza, estou presa a este encanto quando retomo minha atenção e baixo o olhar novamente concordando com a cabeça.

─── Claro. ─ disse por fim em um tom distraído e tímido, logo ergui o punho lhe entregando o livro.

        Após isto volto a caminhar pelo corredor a procura de Mark. Quando dobrei o corredor me deparo com ele que faz uma careta super inconveniente e grita "Bu", cerro os olhos olhando para ele, levemente dou um tapa em seu ombro direito. Volto a caminhar mas desta vez com Mark ao meu lado com um leve sorriso nos lábios.

─── Vi estava conversando com Damen. Do que falaram? ─ disse em um tom confuso, mas, como o conheço sei que esta tentando saber de algo indiretamente.

─── Sobre nada. Ele apenas pediu um dos livros emprestado. ─ disse olhando para o fim do corredor Onde é a porta de saída.

     Mark franze a testa mas logo sacode a cabeça em forma negativa e fica em silêncio. Caminhamos até a porta, ao atravessarmos fomos até o meu carro bem no final do estacionamento, prometi a Mark uma carona hoje. Ao lado da minha BMW estava Damen encostado sobre o parabrisa de seu carro, abro a porta e logo entrou jogando a mochila para o banco de trás e me voltando a Mark que não está no carro, reviro os olhos olhando para o retrovisor e vendo o mesmo conversando com Damen como se já fossem amigos há muito tempo. Suspirei olhando nitidamente para Mark que entra no carro se sentando no banco do passageiro, olhei para ele com um olhar duvidoso e severo.

─── Do que falavam? ─ disse enquanto colocava a chave na ignição do carro.

─── Damen estava me convidando para a festa que ele vai dar nesta sexta, que tecnicamente é amanhã. ─ disse enquanto jogava sua mochila para trás, tornou a batucar o porta luvas com as pontas dos dedos. ─── Lou, ele também te convidou. ─ disse olhando para mim, estava com os olhos fixos a estrada que pegava ao sair do prédio.

       Revirei os olhos ao ouvir que havia sido convidada para esta festa, Damen, acabou de chegar e já está dando festas, acho que ele quer ser popular. Tenho certeza absoluta. Mark insistia para que eu fosse, ele sabia que eu não tinha costume de falar enquanto dirigia ou até porque odeio festas. O meu eu do passado se decepciona mais uma vez. Mark insistia a todo segundo fazendo com eu concordasse somente para ele se calar e por fim isso aconteceu, respirei fundo após o silêncio.
      Ao chegar na casa de Mark ele desce do carro já me lembrando da festa na sexta, instantaneamente revirei os olhos me despedindo do mesmo que me olha com um olhar de reprovação. Piso firme e acelero dirigindo em direção a minha casa que fica a dois quarteirões. Enquanto dirigia pensava a respeito dessa minha nova vida e tudo que eu podia fazer, talvez esta festa me faça bem. Sabine faz de tudo para me tirar de casa, de tudo mesmo, quando ouvir o que tenho a dizer capaz de dar um pulo de alegria.
     Estaciono o carro, pego a mochila do banco de trás e a coloco nas costas, caminho em direção a porta da frente; antes de abrir a porta ouço ruídos virem do lado de dentro, franzo a testa, mas logo dou de ombros e abro a porta. Observo em volta procura de alguém mas não vejo nada, pensei ser Sabine mas somente chega às sete e meia, revirei os olhos subindo as escadas indo ao meu quarto.