2 - sɑindo dɑ escuridão

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Após um tempo soube por completo o que houve. Aquelas palavras que obtiam um peso enorme e árido. Ter de suportar que nunca mais irei vê-los é devastador, nunca imaginei que iria ser assim, que eu iria perde-los com apenas dezessete anos. Crescer sem o apoio de ambos para me incentivarem a cursar uma boz faculdade, é imensurável a falta que estão fazendo neste exato momento. Minha família está morta. Parte de mim também está enterrada com eles, embora eu saiba que minha mãe nunca deixaria que me sentisse assim, porém, eu preciso. A culpa é minha. E de mais ninguém, somente minha.
Aquela mulher de antes se aprontou como Sabine, dizia ser minha irmã por parte de pai e por mais que minha mente estivesse confusa, posso lembrar que meu pai havia tido uma filha antes de conhecer minha mãe. Mas ele nunca falou muito sobre Sabine. O sorriso afetuoso que surgiu em seus lábios no momento em que acordei, já fala que ela é uma ótima pessoa.

Sabine me levou para casa, fez de questão de me deixar confortável e alegre. Não fomos para minha antiga casa, agora estamos na Inglaterra, ela achou que sair da Itália seria o melhor para mim e que assim eu poderia recomeçar a minha vida.
Já não estava mais com gessos por todo o corpo, as feridas cicatrizaram e eu voltei a ter um rosto suave, mas, não era à mesma coisa. Antes, em meu rosto sempre havia um sorriso, eu demonstrava o quão Feliz estava a todo momento, porém, não é mais assim. A todo momento me encontro no quarto trancada. Sabine fez de tudo para que eu tivesse a melhor vida possível, mudou de país, de casa, comprou nova mobília com o seu salário de medica; ela fez tudo por mim, sem ter a obrigação e sempre serei grata. Agora estou em uma nova cidade e tenho uma oportunidade para viver, para conhecer novas pessoas, porém, não consigo. É instantâneo. Sempre quando estou prestes a sorrir, o desespero surge e detona tudo inclusive a minha felicidade. Embora saiba que deco continuar a minha vida, a frustração de nunca mais ve-los é devastadora.

Já estava acordada quando o alarme tocou, droga, odeio aquele barulho irritante. Quando tocou eu já estava no banheiro do quarto terminando o rabo de cavalo que faço, suspirei me olhando no espelho vendo o quão horrível estou fisicamente, antes eu não suportava usar um rabo de cavalo, sempre fazia questão de soltar o cabelo e sair por aí. Passei um gloss nos lábios e sai. Fui até a cama pegando a mochila e a jogando nas costas, já havia me vestido: um moletom azul bebê e um jeans escuro, calcei um par de tênis da Adidas que trouxe de minha antiga vida. Respirei fundo saindo do quarto. No mesmo dia em que cheguei fui recebida por uma BMW preta, confesso que achei um exagero mas aceitei o presente. Ja estava dentro do carro quando levei a chave até a ignição e dei partida, pisei fundo e dirigi em direção ao colégio. Já não era mais o meu primeiro dia em uma nova escola, embora o primeiro dia tenha sido tranquilo; as pessoas não notaram a minha presença na sala de aula e, isso é bom, não preciso responder perguntas como: "Você também sabe fazer pizza?".
Estaciono no fundo do colégio Onde há apenas uma vaga que por milagre consigo pegar, saio da BMW com a mochila nas costas e caminhando em direção a um enorme portão que da acesso ao prédio. O primeiro tempo é de matemática com o S. Torres, não sou fã de matemática mas tento entender. Caminho pelo corredor até a sala, olho para os lados estranhando complemente o sumiço de Mark, havia me dito que estaria aqui no corredor as sete e cinquenta; ele não apareceu, franzo as sobrancelhas observando em volta confirmando que ele não estava no lugar marcado. Reviro os olhos e vou pra sala.
Durante toda a aula o senhor Torres tossiu o que me fez sacudir os ombros em reprovação de ficar doente, pareceu estranho mas funcionou e assim que a aula acabou sai pela porta com uma certa rapidez. Ao atravessar a porta vejo Mark encostado na parede do corredor com um sorriso falso nos lábios.

─── Onde você se meteu? Você disse que estaria aqui dez para as oito! - disse fulminando-o com o olhar. -

─── Calma Lou! Eu estava com a... Haven. - disse por fim com o o olhar baixo. -

─── Espero que ela também te ajude a passar de ano. - disse negando com a cabeça e sai andando sem uma direção em mente, apenas me distanciei de Mark. -

De repente Mark surge ao meu lado fazendo de tudo para mim ouvi-lo, suspiro olhando de realce para ele que sorria, umedeço os lábios antes de falar.

─── Eu apenas... Mark, eu apenas quero ver o seu bem. Não tenho mais Desculpas para dar ao senhor Torres. - disse em um tom baixo para que somente ele ouvisse e ninguém mais. -

Mark assentiu e foi junto a mim para o almoço. Assim que me sento retiro uma vasilha transparente Onde está o meu sanduíche, coloco na mesa vendo Mark mexer em Iphone com a maior insensatez possível, franzo a testa vendo aquela cena. Tirando a casca do pão de forma vejo suas caras e bocas, penso em comentar mas mentalmente já faço um comentário "só pode ser a Haven outra vez". Não que eu sinta ciumes mas Mark é o meu único amigo da Inglaterra, eu quero vê-lo bem e com a pessoa certa.
Após o almoço temos mais um tempo de aula, agora eu tinha história e Mark Literatura por mais que odiasse. Fui para a sala e antes mesmo de entrar coloquei o capuz do moletom, fui até minha carteira do fundo e me sentei. -Irei explicar o porquê do capuz do moletom: sou insultada por Alissa e Jenny, ambas ficam tentando aperfeiçoar meu cabelo e minha pele- A aula já estava prestes a começar, o professor James adentrou na sala apressado já explicando a matéria, respirei fundo e me concentrei. Já havia passado uns minutos desde o início quando alguém bate contra a porta, arqueio uma sobrancelha vendo adentrar na sala com a permissão do professor um aluno novo, umedeço meus lábios olhando-o, usava jeans escuros e seu cabelo era escorrido e tinha uma tonalidade ruiva mas um pouco acastanhada. Engoli em seco quando o professor o disse para sentar-se na carteira, que por coincidência era frente a minha.

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