Capítulo 3

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Você me trata como
Uma estranha qualquer
Bem, é um prazer te conhecer, senhor
Eu acho que já vou
É melhor que eu vá pelo meu caminho

Ignorance - Paramore

Eu não sabia o que dizer para nenhum dos quatro. Dois me abandonaram em um orfanato e os outros dois, me adotaram e pretendiam esconder pelo resto da vida que eu não era filha deles. Patético.

- Filha, nós... - Lancei um olhar fulminante para Miranda, que pigarreou. - Rebecca, nós nunca quisemos te abandonar. E não abandonamos! Você foi levada de nós quando ainda era uma recém-nascida.

- Wait. - Ela me olhou estranho.

- É mania dela. - Jordan explicou.

- Ah, sim.

- Enfim... Vocês acham que eu vou acreditar nessa historinha de roubo de bebê? Fala sério! Isso é coisa de filme de princesa.

Miranda e Nicolas se entreolharam.

- Querida, é isso que queremos dizer. - Nicolas pegou minha mão. - Você não é nossa filha. Você é Rebecca Hanely Colucci, irmã de...

- Espera! Irmã? Eu tenho um irmão ou irmã?

Só tá melhorando!

- Um irmão e uma irmã. - Nicolas disse. - Alexander e Catara. E antes que pergunte: ele tem 16 e ela 2 meses.

- Chega! - Corinne levantou. - Rebecca vai se arrumar pro jantar. E vocês, já deu a sua hora.

- Quem você...

- Aqui vocês não são rei e rainha, mas pessoas normais. Agora sumam da minha casa!

Rei? Rainha?

Os dois deixaram beijos na minha testa e antes de sair de casa, Miranda me entregou um cartão.

- Estamos na embaixada. Precisamos conversar.

Embaixada?

- Nós já...

- À sós.

Assenti.

Ela deu um pequeno sorriso e finalmente saiu da casa. Me virei e Jordan e Corinne me olharam chateados e esperançosos.

- Querida, você...

- Não.

Deixei eles lá e fui para meu quarto.

Não era manhã ou frescura. Cara, como você reagiria se soubesse que foi adotada e que seus pais...

Peguei minha carteira no armário e coloquei um casaco. Desci as escadas correndo e saí sem responder os gritos de Jordan ou Corinne.

Corri até o ponto de táxi e dei o endereço pro motorista.

Eu morava perto do centro da cidade, o que ajudava por ser perto de tudo, então logo chegamos e eu paguei a viagem.

Olhei a enorme mansão protegida por um enorme portão, cerca elétrica e guardas.

- Quem é você? - O guarda perguntou assim que me aproximei do portão.

- Rebecca Adams.

- Não conheço. Vai embora!

- Não, eu vim falar com a Miranda.

- Não tem nenhuma Miranda aqui. Vai embora.

Bufei e peguei o cartão de Miranda junto com o celular, disquei o número e na terceira chamada fui atendida.

- Alô. - Era Nicolas.

- Pode falar pra eles abrirem os portões pra mim?

- Só um instante.

- Obrigada.

Desliguei a ligação e coloquei o celular no bolso, cruzando os braços.

O segurança colocou a mão no ouvido e arregalou os olhos levemente.

- Perdão, Alteza. - Ele disse enquanto abria o portão.

Alteza?

Ignorei isso e comecei a andar até a entrada da embaixada, onde uma mulher de roupa social me esperava.

- Boa noite, Alteza. - Ela disse começando a andar, me fazendo segui-la. - Seus pais me pediram para leva-la à suíte real.

Ela continuou falando e eu comecei a ignora-la. Educado, não é. Mas às vezes é necessário.

Depois de subir vários lances de escada, ela bateu em uma porta e logo ela abriu.

- Obrigada, Heaven. - A mulher saiu e Miranda me olhou carinhosamente. - Entre, querida.

Entrei no quarto e avistei Nicolas sentado em uma mesa mais ao canto. Miranda colocou a mão em meu ombro e me guiou até lá.

Assim que me sentei, reparei no pacotinho rosa nos braços de Nicolas.

- Quer pegar? - Assenti.

Ele levantou os braços e se curvou pra frente. Com certeza ele ainda não havia aprendido a segura-la.

Peguei Catara nos braços e reparei que ela tinha cabelos e olhos idênticos aos meus.

- Rebecca. - Miranda me chamou carinhosamente. - Vamos conversar?

Assenti e ela pegou Catara, a colocando no berço e logo voltando.

- O que quer saber primeiro?

- Porque, hell, estão me chamando de Alteza?

- Você já ouviu falar de Miahny? - Franzi o cenho. - Miahny é...

- Não! Eu já ouvi falar sim, acho que na minha aula de história européia. Mas o que isso tem haver?

- Sabe o último rei de lá?

- Ahn... - Comecei a contar nos dedos tentando lembrar o nome. - Harold Colucci?

- Qual meu sobrenome?

- Hanely? - Negou. - Pera. Calma. Você disse meu nome... Rebecca Hanely... Colucci.

- O que isso significa, Rebecca? - Ele cruzou as mãos sobre a mesa.

- Que you... Vocês... Eu... Tá de brincadeira, comigo?

- Não. Você é a princesa de Miahny. A próxima rainha.

- Rebecca. - Miranda tomou frente da coberta. - Nós estamos procurando você à anos. Nunca desistimos de você. E agora, - Ela tomou minhas mãos. - Gostaríamos que você viesse para Miahny conosco.

- Me mudar? Pra Europa? - Ela assentiu.

Luana e Camila vieram na cabeça. Eu queria ir pra Miahny. Conhecer minhas origens. E eu sabia que elas entenderiam minha decisão.

De Repente PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora