I temporada| Sombras de desespero. I

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PRESSÁGIOS EXISTIAM DESDE O INÍCIO.

Em primeiro lugar, eu não queria o trabalho no Mission Inn.

Em qualquer lugar no país eu estaria disposto, mas não no Mission Inn. E na suíte matrimonial, naquele quarto mesmo, o meu quarto. Má sorte, muito mais do que isso, pensei comigo mesmo.

É claro que meu chefe, o Homem Certo, não tinha como saber, quando me deu esse trabalho, que o Mission Inn era onde eu ia quando não queria ser Harry, a Raposa, quando não queria ser seu assassino.

O Mission Inn fazia parte daquele pequeno mundo no qual eu não usava qualquer disfarce. Eu era simplesmente eu mesmo quando estava lá, 1,92m de altura, cabelos castanhos a altura do ombro, olhos verdes - uma pessoa parecida com tantas outras pessoas que não de parecia nem um pouco com alguma pessoa especial. Eu nem me preocupava em usar aparelho nos dentes para disfarçar minha voz quando ia pra lá. Eu nem me preocupava com as ordens obrigatórias ditas pelo mestre, com exceção do apartamento e do bairro em que eu morava.

Eu era apenas quem eu era quando ia pra lá, embora eu não fosse ninguém mais do que o homem que usava todos aqueles elaborados disfarces quando fazia oque o Homem Certo o mandava fazer.

Então o Mission Inn era meu, o não-ser que eu era, e assim também era a suíte matrimonial, chamada suíte Amistad, sob o domo. E agora eu estava recebendo ordens para sistematicamente poluí-la. Não por ninguém mais a não ser eu mesmo, é claro. Eu jamais faria qualquer coisa que colocasse em risco o Mission Inn.

Uma gigantesca edificação confeccionada e confabulada em Riverside, Califórnia. Era o local onde eu frequentemente me refugiava, um lugar extravagante e devorador que se espalhava por dois ou três, que não estava sendo perseguido pelo FBI, pela Interprol ou pelo Homem Certo, um lugar onde eu podia não só me perder como também perder minha consciência.

A Europa havia muito torna-se insegura pra mim, devido ao crescente aumento dos dispositivos de segurança nas fronteiras e ao fato de as polícias locais, que sonhavam em me capturar, terem decidido que eu estava por trás de todos os casos de assassinato que elas ainda não haviam destrinchado.

Quando eu queria a atmosfera que eu tanto amara em siena ou Assis, ou Viena ou Praga e em todos os outros lugares que não podia ser todos aqueles outros locais, de jeito nenhum. No entanto, garantia a mim um abrigo singular e devolvia o meu mundo estéril um espirito renovado.

Não era o único lugar aonde eu não era ninguém em particular, mas era o melhor deles, e era o lugar para aonde eu ia com mais assiduidade.

O Mission Inn não era muito distante de onde eu "Morava", se é que alguém poderia chamar isso de morar. E eu geralmente ia pra lá por puro impulso, e em qualquer oportunidade que eles pudessem me dar a minha suíte. Eu também gostava dos outros quartos, principalmente Suíte do Proprietário, mas eu tinha paciência para esperar pela Amistad. E ás vezes eles ligavam para um dos muitos celulares especiais que eu carregava para me informar que a suíte estava á disposição.

Ás vezes eu ficava uma semana inteira no Mission inn. Eu levava meu alaúde comigo, e de vez em quando tocava um pouco. E eu sempre tinha comigo uma pilha de livros para ler, quase sempre livros de histórias, sobre Idade Média ou sobre Idade das Trevas, ou sobre a Renascença, ou sobre Roma Antiga. Eu lia por horas e horas na Amistad, sentindo -me seguro de um modo pouco comum.

Havia alguns lugares especiais que eu ia quando estava hospedado no Mission Inn.

Com frequência, disfarçado, eu ia de carro para Costa amesa, que ficava nas proximidades, para ouvir a Pacific Symphony.  Era uma coisa que eu gostava, o contraste de sair  das arcadas de estuque e dos sinos enferrujados da Mission para entrar no imenso milagre de plexiglas que era a sala de concertos Segerstrom, com o simpático Café Rouge no primeiro andar.

Atrás daquelas janelas transparentes, altas e onduladas, o restaurante parecia flutuar no espaço. Nas vezes em que jantava lá, eu tinha a nítida sensação de estar realmente flutuando no espaço, e no tempo, separado de todas as coisas feias e más, e agradavelmente só.

Eu ouvia há pouco tempo A sagração da primavera, de Stravinky, naquela sala de concerto. Eu adorava o tema. Adorava a loucura rítmica contida na peça. Ela me trouxera de volta a lembrança da primeira vez em que eu a ouvira, dez anos antes - na noite em que eu conhecera o Homem Certo. Fizera com que eu pensasse em minha própria vida, e em tudo oque acontecera desde então, quando eu vagava pelo mundo á espera daqueles telefonemas que sempre significavam que alguém estava marcando e que eu  tinha de pegá-lo.

Eu nunca matava mulheres, mas isso não quer dizer que eu nuca fizera isso antes de me tornar o vassalo, ou servo, ou cavaleiro do Homem Certo. A denominação depende do ponto de vista de cada um.
Ele me chamava de seu cavaleiro. Eu pensava em termos mais sinistros, e nada, em momento  algum durante esses dez anos, fez com que eu me acostumasse com minha função.

Frequentemente eu ia de carro do Mission Inn até a Missão de San Juan Capistrano, ao sul e mais próxima ao litoral, o outro local secreto onde eu me sentia desconhecido e ás vezes até feliz.

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1) Quem e o homem certo?

Bom, o homem certo era nada menos que o chefe do Harry aonde ele mandava o Harry cumprir as missões mais arriscadas.

2) Ele tinha uma vida antes de tudo?

Ele tinha uma família, uma mãe, dois irmãos mais novos, vivia num apartamento pequeno e tinha até uma namorada, mas isso foi tirado dele de forma brutal. Apaixonado por musica fugiu daquela vida pra viver do que ele mais gostava, até que foi apresentado ao mundo dos assassino

3) Oque e Mission Inn ?

Mission Inn era apenas um hotel aonde o Harry se sentia confortável e aonde ele ia na maioria das suas missões executada pelo chefe dele "o Homem Certo".
boa leitura!

Ps: se tiver alguma dúvida me fala que eu explicarei tudo.

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