11.Laura

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Aquele seria o ultimo beijo dos dois, ele não precisaria ter remoço por beija-la, só estava pagando o beijo que ele havia dado nela uma vez naquele túnel, pagando uma divida, e enquanto subia a escada rolante onde Neylon há esperava no topo, ela se obrigou a esquecer o que aconteceu, ela não iria mais pensar nele.

-O que foi?- perguntou enquanto comia seu whopper duplo deixando cair um pouco ketchup nas pontas do cabelo, ele a observava comer como quem observa um animal selvagem .

-Onde se encontra a educação que seus pais fizeram tanto esforço para lhe ensinar?- ele tinha um uma expressão mais seria que o habitual.

Ela deu de ombros e voltou a comer, mas o olhar dele continuou fixo nela e o incomodo não deixou que ela continuasse.

-Fala - ela repousou o resto do hambúrguer na bandeja e o observou com atenção- Se quer falar alguma desembucha Neylon.

- Não é nada , come logo isso ai e vamos- ele apertava os nós dos dedos da mão direita estralando eles -tenho mais o que fazer.

-Tá irritadinho por quê?-ela arqueou uma sobrancelha -se você tem mais o que fazer pode ir eu não estou te prendendo aqui.

-Se eu pudesse eu iria para bem longe de você, para não ver essas suas cenas ridículas - seus olhos se estreitaram.

-Deixa de ser ridículo, você sabe que esse cargo de monitor sequer existe, quer ir embora vai - Laura sentia seu corpo ser invadido novamente por aquela energia que não conseguia explicar, os pelos do braço dela subiram e gotinhas do refrigerante se desprenderam do copo e começavam a subir quando Laura as observou, assim como ele também.

Ela ficou em silencio tentando se acalmar, controlar a respiração, e se perguntando como poderia explicar para ele aquilo, se ela própria não conseguia explicar o que era aquilo, por que quando ela ficava com medo ou irritada ela sentia a gravidade diminuir ao seu redor, como era possível isso acontecer, ela gostaria de não se sentir tão confusa perto de Cal para que ele pudesse explicar o que acontecia com ela porque se alguém sabia o que estava acontecendo esse alguém era ele.

Quando os pelos do seu braço voltaram ao lugar ela tomou coragem para encara-lo novamente, suas feições ainda eram serias mais agora ele parecia mais calmo menos feroz e menos pronto há voar no pescoço dela há qualquer momento.

Uma garota de uns 13 anos se próximo dele e entregou um bilhetinho, ele nem olhou para ela apenas leu e se voltou para Laura, era manhã de domingo eles aguardavam sua vez de jogar, Neylon não havia comentado nada sobre o que houve no shopping, e se ele achou algo diferente apenas guardou para si.

- Quer alguma coisa do refeitório ?- Neylon perguntou enquanto ela esperava sua vez na próxima rodada no Xbox, seu rosto apresentava um semblante preocupado.

-Que você se perca no meio do caminho e nunca mais volte- rosnou ela sentada no sofá mais próximo.

- Inebriante sua dicção -Ele usava esse linguajar arcaico pesado para irrita-la, talvez na tentativa de a confundir com uma palavra que não conheça, mas seus anos de experiência na biblioteca com acesso a área reservada a deixaram a par de muitas palavras arcaicas  e verdade era que ela gostava quando ele falava assim, era bom conversar com alguem que sabia usar as palavras mesmo que pudesse observar que  ele ja usava um linguaja mais habitual  no dia a dia, mas ele dedicava suas palavras difíceis pra ela, gostava disso.

- A esperança é a ultima que morre né, vai que - ela piscou, quando ele semicerrou os olhos e seu olhar ficou profundo com uma leve brisa de ódio ali, mas a piscadela de Laura faz Cintia lhe lançar um olhar furioso.

A cidade dos vagalumes (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora