As aulas do dia seguinte continuavam maçantes, Ken continuou a não prestar atenção. Conhecia aquelas matérias, não tinha problemas com nenhuma delas. Ele ainda estava no primeiro ano porque queria, porque precisava. Era naquele ano que as coisas geralmente aconteciam.
Chegou o horário de educação física e, como sempre, ele se destacou no uniforme, era alto e forte, como um atleta profissional. E o fato de ser um ano mais velho que os outros o destoava ainda mais.
Ele prendeu o cabelo em um rabo de cavalo enquanto andava até a quadra e observava.
Todos os alunos estavam se alongando, o que, na verdade, era desnecessário. Nada comprovava que aquilo ajudava a não se machucar com os exercícios, mas eram normas daquela escola. Ken sabia que o importante era se aquecer.
Enquanto o professor passava os alongamentos ele deu algumas voltas na quadra, correndo devagar. Ao sentir o suor começar a cair pelo rosto ele voltou.
O professor Shimada já nem dizia mais nada. Sabia que Ken era o melhor naquele colégio, o garoto fazia aquilo desde que se entendia por gente.
O jovem não gostava daquilo no início, mas sua mãe sempre repetia que "Uma alma saudável habita uma mente saudável e um corpo saudável. ", então sempre o colocou em grupos de natação e outros esportes, além do que praticava na escola.
Com o tempo, o garoto pegara gosto e se descobrira bom e disciplinado o suficiente.
O professor já dividia os times para uma partida de futebol e Ken viu o gorducho do dia anterior ficando de lado.
Deu um sorriso e foi até o garoto.
— E então, porquinho, acha que aguenta?
— Ken! — O professor chamou sua atenção.
— Não estou fazendo nada, professor. Inclusive, quero que me coloque no time dele, assim o outro time não fica em desvantagem. — Ele riu, mas riu só.
Os outros alunos o encaravam, fazendo cara feia ou cochichando insultos. O jovem sentiu a tensão começar a crescer.
— Faremos uma aposta, se meu time, ou como quero chama-lo, o "Time do Porquinho", ganhar, o time perdedor terá que correr por dez minutos em volta da quadra, o que acha, professor?
Shimada cruzou os braços e deu um sorriso.
— Pode ser, mas se vocês perderem, você terá que correr por vinte minutos, sozinho.
— Por mim tudo bem.
A partida começou e Ken jogou como um profissional, aumentando a diferença de gols aos poucos.
De vez em quando ele fazia passes para o garoto gordo, sempre passes ruins ou fortes demais. Forçando-o a correr atrás da bola, ou se esquivar dela, sem nunca conseguir fazer nenhum dos dois direito.
Por fim, o Professor Shimada decidiu terminar o jogo mais cedo. Não queria que os alunos ficassem correndo enquanto perdiam a próxima aula. O placar de cinco a dois já era o suficiente.
Ken andou com um sorriso superior até o gordinho, passou a mão pelos seus cabelos castanhos e cortados em forma de cuia.
— O que achou, Porquinho? Uma pena você não conseguir acompanhar.
O garoto ficou encarando o chão, as mãos fechadas.
— E aí? Vai desistir? Começar a faltar à educação física e ficar nos seus joguinhos?
— Eu... eu...
— O quê? Não dá pra te ouvir direito com toda essa banha no meio da gente.
— Eu vou ficar bom! Você vai ver! Vou vencer você!
— Ah é? — Ken começou a rir. — Vai sonhando, Porquinho!
— Meu nome é Hiroki, Ito Hiroki.
— Bom pra você.
Ele deu um tapa no peito do garoto, que levou a mão ao local por reflexo e viu Ken se afastar.
Alguns colegas se aproximaram em seguida.
— Não dê ouvidos a ele.
— É, aquele cara é um idiota.
— Sim, não precisa se esforçar. É só educação física, você deve ser bom em outras coisas.
Alguns tapinhas nas costas e eles se afastaram também.
O jovem olhou para a mão e percebeu que tinha um pedaço de papel nela. O abriu e leu.
" Se quiser que eu pare, me encontre no fim da aula atrás da escola, não deixe ninguém te ver"
O garoto engoliu em seco, aquilo era um conselho? Ou uma ameaça? Talvez fosse melhor não ir.
Ele ia jogar o papel fora quando releu o início da frase "Se quiser que eu pare,..."
Distante dali, Ken, que tinha ouvido o que os colegas disseram, tinha um sorriso triste no rosto.
Ele suspirou e soltou o cabelo, era melhor tomar um banho no vestiário e relaxar um pouco. Aquilo foi tenso.
Pegou sua bolsa e se encaminhou para os vestiários. Parou na frente da porta de um deles e franziu o cenho. Tinha uma placa rosa, e tinha um símbolo feminino.
Ken jurava que aquele era o masculino. Parou por um momento, viu que as garotas começavam a sair da aula delas. Com o canto dos olhos, viu um grupo de garotos que fizeram parte do seu time, escondidos atrás de uma pilastra. Eles o observavam, alguns davam risadinhas, outros pareciam um pouco preocupados, nenhum notou que ele os viu.
O jovem levantou uma sobrancelha e sorriu. Foi andando até o vestiário masculino.
Chegando lá, pôs suas coisas no armário e tirou sua roupa, pegando uma pequena toalha para cobrir a cintura.
A escola era grande e os vestiários eram maravilhosos. Tinham até mesmo uma grande banheira onde os alunos podiam ficar alguns minutos e descansar para a aula seguinte.
Ele aproveitou que foi o primeiro a chegar e entrou sozinho. Aquilo era muito relaxante. Ficou ali algum tempo, começava a cochilar, quando ouviu vozes. Desistindo do sono ele abriu os olhos e viu os alunos começarem a aparecer.
No entanto, esses alunos não deveriam estar ali, eles ficaram paralisados olhando para ele, que abriu um sorriso.
Era um grupo de garotas, cobertas apenas pelas toalhas de banho.
— Pervertidoooooo!!!!
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Lembrem-se desse "porquinho", perto do fim da história eu vou trazer uma nova imagem dele pra vocês.
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Espero que tenham gostado. Aqui acabamos a degustação, então quer saber por que o Ken faz tudo isso? Quer entender essa história e ver o que vai acontecer com os personagens agora pra frente?
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O Repetente (Degustação)
Novela JuvenilO que você faria depois que a sua mãe morresse em um confuso assassinato? Como agiria? Como levaria a vida? Ken começará o 1º ano do ensino médio pela segunda vez e ainda não sabe responder essa pergunta. A morte da sua mãe, um ano atrás, fez com qu...