Êxtase

12 2 1
                                    

cap 3

Depois de sairmos da escola, Pietro e Bonnie ainda se perguntavam espantados sobre o que havia acontecido comigo e com Tyler, eu também não sei, pra ser sincera. Não acho que seja pedir de mais que eu seja uma aluna normal com suas coisas normais. O verão caía sobre todos como uma espécie de tempestade de calor, ofegavámos a cada pedalada em nossas monótonas bicicletas retrô.

-Vane-vane, acha que vai pra escola amanhã?? Sabe, você manifestou aquilo-que-não-devemos-comentar...- B. falou meio sem jeito pisando insistentemente o chiclete que grudara
em sua sapatilha escura.

-Err...a nossa garota água aguenta qualquer parada.- Clyde comenta dando um soquinho em meu braço, tenho quase a certeza de que fui a única sem achar aquilo apavorante, acenti com a cabeça massageando o local, logo estaríamos na entrada do condomínio, pousando a mochila sobre a cesta da bicicleta acenei para eles.

- Toma um remédio, mais do que já tomou. Não acredito nessas vacinas vagabundas, quero te ver melhor amanhã...- Pietro realmente me surpreende. "Não acredito nessas vacinas vagabundas", então depois do que aconteceu ele ousa ainda não acreditar em algo??

O apartamento onde eu residia com minha irmã, Catherine, tinha uma aura calma. Cheiro de menta exalava por todo o lugar, tudo era minímalista mas ao mesmo tempo era uma surpresa quando víamos cada canto do cúbiculo. Ela segura o telefone de gato, sabia que era encrenca do jeito que ela fitou a parede.

-Vanellope...-sua voz pesada aumentou, logo ela estava na minha frente.

-Desculpe, mas Vanellope Cross está ausente e talvez nunca mais volte,provavelmente, está fora do país agora!! - dobrei o corredor indo para a cozinha beber água, me tremia estampado na cara um sorriso de medo.

-Quem não deve, não teme. Que briga foi essa que aconteceu??

-Tyler...culpa dele, exclusivamente e totalmente dele.

-Foram aos tapas??

-Err...- tinha uma maneira de eu fugir de encrenca com a mandona, suspirei e sem dar tempo para o resto da frase, continuei.- O último tapa foi meu, eu triunfei.

-Tapa de fogo contra um aquático?? Acredito realmente que tenha triunfado.- ela me mostra como a água do copo tremia, não normalmente por causa do medo, mas porque eu exercia um poder maior sobre aquele material.

Lamentei não ter ido com o resto do grupo, me sentei rudemente á mesa quando Catherine me puxou. Ela estava tão tensa quanto eu, o aquário onde meu peixe Blue estava, começara a transbordar quando olhei para ele.

-Vane, você executou o seu elementar PROPOSITALMENTE??-ela falou exaltando a voz, não queria estar ali, me senti como um jardim: cheia de borboletas e imóvel.

-Não, foi...o extâse.

-Extâse...- ela repetiu rodeando o dedo na xícara onde o chá parecia mudar constantemente a temperatura. Ela sorriu para mim e me abraçou, depositou um beijo no topo da cabeça. Me senti melhor, confusa mas melhor. Não me interessei com o que supostamente ocorreu, queria esquecer daquilo e almejava que ela fizesse o mesmo.

-Prefere como acompanhamento do bife: cebolas ou fritas??

-Fritas...ou o que achar melhor.-comentei me acomodando na cadeira enquanto a gata da família gentilmente passeava por entre as pernas e massageava meus pés.

Acho que as melhores coisas da vida, acabam não sendo o que tanto queremos, mas sim quando algo supre nossas necessidades emocionais. O cheiro da batata, o barulho borbulhante do óleo e o motor de carinho fofo e quente chamado Brigitte.

O Oposto De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora