Cap.2 : Culpa no cartório

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Cap. 2

Culpa no cartório

- Olha, Clyde. Você acha que alguém de histórico familiar como Tyler poderia ser bom??- Pietro limpa o suor da mão em sua calça pressionando dolorosamente a palma no jeans escuro, enunciara cada palavra de forma pausada e fria.-Até porque sabemos o por quê de ele ter vindo conosco, não??

    Bonnie olha pra mim como se pedisse desculpa para a instituição inteira, assenti com a cabeça sorrindo. Tyler passa por nós de maneira rápida como se queimasse tudo á sua volta, me senti gelada, diferente dos outros. Clyde e Pietro, pela primeira vez compartilharam do mesmo pensamento e torceram os narizes e cruzaram os braços, e Bonnie...bem, ela quis voar em cima dele. E em um jesto rápido ele se vira, o seu cabelo estranhamente castanho invade o espaço entre nós. Ele olha intimidador procurando faminto por Bonnie, ao vê-la não pensou duas vezes e nem pestanejou em ir atrás.

- Srta.B, poderia aparecer para me atacar de frente??- ele fala isso zombeteiro, Pietro bufa enquanto suas pernas tentam se mover sem sucesso. Clyde e eu entramos na frente de Tyler, se fosse pra brigar de igual pra igual que fosse conosco.

- Desculpe mas Srta.B não poderá atender a essa ligação...-falava Clyde levando seu corpo pra frente examinando a face enojada de Tyler.

-...prefere deixar recado??-falo encorajada e confiante. Sorrio ao ver que Pietro também tomou coragem e se aproximou, indo mais além.

-...ou quer ligar mais tarde, seu canalha!?- falou com raiva.

Com o punho fechado e balançando, Tyler teve seu rosto atingido. Fiquei surpresa como o cubano tinha tamanha força, o meu soluço quebra o silêncio acompanhado da revanche que o garoto-fogo planejara em seus 19 segundos no chão. Estou assustada, não era normal ocorrer uma briga por aqui. Cores neutras mas borbulhantes brotavam em meu estômago, me coloquei entre os dois tentando evitar uma briga futura naquele local.

Das minhas mãos algo fluía, minhas veias gelavam enquanto meus braços se tornam fracos e magros, quase como aquelas top models sem graça nenhuma, sem conteúdo algum. Sinto uma corrente ferir levemente as mãos mesmo sem deixar marca ou algo parecido.

Tyler, apontando seu dedo em riste quase tocando meu rosto, minhas palmas rapidamente se levantam com um golpe de água na barriga dele, antes de ser atingido em cheio, lança algumas faíscas de fogo em meu rosto.

-....- Pietro me olha paralizado, vai ficar aí seu bobo com cara de paisagem pra mim?? Tyler, de novo em uma fuga arriscada, foge para fora dos muros que separava a escola da floresta que a cercava. Tonta, cambaleei tentando andar em tentativas frustadas. Braços me envolvem e tocam em meu rosto enrolando uma mecha minha, arrepiei e por fim, a visão turva dava lugar á uma pequena queimadura no maxilar e coração acelerado de maneira boa, em algumas partes, está ruim.

- Senhor! Minha pastorinha com suas 15  cabras brancas, o que houve!?- a zeladora Hazel, uma velhinha de cabelos brancos e escassos que pendiam até caírem sobre sua testa em um coque não tão definido, a voz...uma s
.imples linha, linha fina que parecia separar cansaço e velhice de doce velhinha com seu adorável cheirinho de canela. Seu olhos vibravam pelos óculos enquanto sentia suas mãos enrugadas tateando meu rosto e o pescoço.

- Obrigado garanhão, agora a mocinha ficará na enfermaria.- a velhinha sorriu, eu sorri e todo mundo sorria da cara de Pietro, um moreno agora tom de pimentão em chamas.-Garota de sorte!!

-Vane!!- Clyde corria junto á Bonnie e Pietro, que se mantinham em pose de respeito: peito estufado, olhar acima da cabeça de qualquer um.

A velhinha olhou eles de cima a baixo enquanto segurava a maleta de primeiros socorros, ela não parecia interessada com o que fui capaz de fazer no pátio. Bonnie, a minha mais nova melhor amiga se ajoelha perto da maca segurando minha mão, sorriu forçadamente e suspirou.- Aquilo...foi um jato de água que veio das suas mãos??

-Sim, eu acho, não lembro do que fiz tampouco o motivo do meu feito.- falei tonta olhando através da janela da enfermaria, assustei com faíscas de fogo que ficavam no muro mesmo com ventos fortes, me concentrei até elas sumirem por completo.

- Não sei se tenho respostas para perguntas agora Bonnie...

Pietro se aproxima contrastando com a luz que o atingia pelas costas, sentou na maca e depositou um beijo em minha testa. O resto do grupo não comentou em nada, mas pude olhar e perceber que eles sorriram, ele retoma sua postura e fala calmamente sobre como eu deveria descansar, que torciam por minha melhora e que faziam questão de me buscar assim que o 3° horário acabasse, que estariam de prontidão pra me atender, sorri corando instantaneamente. Hanzel se aproxima e mede minha temperatura.

-Menina, oh céus!! Como sua temperatura muda tão rápido!?- todos sorriram, e de novo Pietro se esconde indo embora.

Céus, por que raios mi santa abuelita!? Acho que, de certa forma, um cubano provocou sentimentos em mim.

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