capítulo I + Prólongo

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PRÓLONGO

Eu sabia que devia ter voltado pra cama assim que saí de casa e tentei pegar um táxi; era dia de rodízio. Eu devia ter voltado pra baixo dos meus lençóis assim que aquele motorista passou rente ao meio fio e literalmente ensopou meu jeans dos joelhos pra baixo.

Eu devia ter voltado!

Mas, em vez disso, respirei fundo e insultei por uns três minutos com todos os palavrões que eu conhecia. Ignorei claro, os pedestres que me atiraram olhares reprovadores.

Não ficou melhor quando cheguei - trinta minutos atrasado - no escritório e o imbecil, rechonchudo e desalmado do meu chefe me fuzilou com os olhos e depois disse com desprezo arrogante:

- Além de chegar atrasado, você ainda aparece aqui com essa roupa imunda? Ah, por favor, você devia se vestir um pouco melhor, Jimin. Com o salário que eu te pago, você deveria está com uma roupa adequada!

Ah, okay. QUE SALÁRIO HEIN!

Eu mal conseguia pagar as minhas contas em dia. Trabalhava naquela empresa desde o estágio na faculdade. Depois que eu me formei, acabei sendo efetivado e, como não apareceu coisa melhor, me acomedei um pouco. Além disso, eu tinha um plano: Hyuk já estava esperando sua aposentadoria e eu tinha grande chances de substituí-lo. Claro que, antes, teria que passar pela provação de suportá-lo até que isso acontecesse.

- Eu sei, Hyuk - comecei - Mas acontece que o motorista passou e...

- AH! Chega de desculpas. Já estou muito cansado delas! Acha mesmo que eu sou burro o bastante para acreditar em suas histórias? Não entendo do por quê eu ainda não te mandei embora... - ele arqueou uma sobrancelha desafiadoramente.

Porque eu sou o mais competente de todo esse prédio, seu porco arrogante!

- Me desculpe. Vou para minha mesa agora para compensar meu atraso, ok? - e sem esperar por mais um de seus ataques, eu me virei e fui logo em direção à minha mesa, espiando sua reação pelos canto do olhos.

Hyuk ficou parado me encarando por um momento, bufou e depois saiu resmungando.

Tentei desfazer a pilha de papéis acumulada em minha mesa o mais rápido que pude. Era uma pilha considerável, mas eu era realmente eficiente e terminaria tudo bem rápido.

No entanto, perto da hora do almoço, meu computador travou e depois apagou completamente. Tentei religá-lo, mas nada aconteceu. Eu simplesmente, estava morto!

Bati algumas vezes na máquina tentando fazê-la voltar ao normal através de tortura, mas nem uma luz acendeu.

- Preciso desses papéis na minha mesa até as cinco! - Hyuk urrou da porta. Devia ter visto meu embate com a máquina.

- Eu sei! Mas não é culpa minha se o computador pifou. Como posso fazer todos os contratos sem o computador?

Ele sorriu ironicamente e apoiou uma mão na porta.

- Como fazíamos antes de inventarem essas máquinas complicadas que sempre deixam a gente na mão.

Olhei pra ele sem compreender. Do que diabos aquele homem estava falando?

Hyuk notou minha expressão - cética, imaginei - e acrescentou

- É claro que você sabe que os computadores nem sempre estiveram aqui, não é? - ele disse lentamente, como se eu fosse um débil mental.

Grrrr!

- Claro que eu sei!

Eu preciso deste emprego! Não adianta nada pular no pescoço dele e estrangulá-lo!

PERDIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora