Mommy

Amor de mãe

"I love you"

Ouvir aquelas três palavras fez Harvey ter certeza de uma coisa, e bem em breve falaria o que.

Eles abriram a porta juntos, Lily estava no quarto com as crianças e assim que ouviu a porta se levantou depressa, estava ansiosa. Pegou Marvin no colo e foi em direção a porta e quando notou que Evelyn não a seguia parou.

--Você não vem querida? -perguntou Lily a menina que tinha voltado a desenhar.

Ela balançou a cabeça em negação e se virou ficando de costas.

--Ninn -Marvin balbuciou chamando a irmã com os bracinhos. Evelyn não respondeu o chamado. --Ninn -ele continuava chamando.

Ela não tinham vontade de sair do quarto, mesmo com seu irmão a chamando.

--Vamos querido, deixa a irmã quietinha um pouco, ta bom? -Marvin fazia bico encarando Lily e deitou sua cabeça em seu ombro.

Evelyn encarou a porta quando eles sairam, Lily a tinha deixado aberta. Evelyn se levantou do chão e foi em direção a ela fechar.

Ela tirava teimosamente a mexa de cabelo rebelde que caia no seu rosto. Espiou pela fresta da porta e parou de se mover ao ouvir a voz dela. Era Donna. Ela estava em casa. Evelyn sentiu seu coração palpitando fortemente.

Ela espiava Donna abraçada a Marvin, eles pareciam estar felizes, estavam sorrindo. Evelyn também estava chorando, mas não foi até la, fechou a porta e voltou a se sentar. Se Donna fosse embora de novo pelo menos ela não ficaria tão triste.

Evelyn colocou a toca de urso do seu pijama escondendo boa parte do seu rosto e voltou a se sentar em cima dos joelhos. Procurou em baixo da cama o desenho que tinha feito a algum tempo, era para Donna, mas na época não tinha mostrado a ela.

O desenho tinha nuvens azuis no céu junto com dois par de olhos, eles simbolizava seus pais mortos olhando la de cima, havia também uma casa, Marvin estava no chão cheio de corações envolta, ele estava bem perto de Donna e Harvey que estavam de mãos dadas, e então Evelyn. No centro da folha em cima da cabeça dos bonequinhos dizia "I love Donna and M♡M".

Evelyn começou a rasga-lo e ouviu a porta se abrindo. Sabia que era a Donna, sentia o perfume dela.

--Posso entrar? -Donna pediu vacilando, Evelyn não ter ido recebe-la foi ainda pior do que ter ido para a prisão, ela não respondeu --Evelyn...?

--Você foi embora -Evelyn falou limpando as lágrimas. --Você nos deixou... -Evelyn terminou de rasgar o desenho, estava tão triste.

--Não... -Donna andava em direção a ela com o coração na mão, --Não, eu-eu não deixei.

Donna se sentou ao lado dela e então viu o que ela rasgava. Donna levou a mão a boca tentando amenizar a dor que sentia.

Evelyn sentindo Donna tão perto se abraçou para se proteger. Ainda chorava, talvez até mais do que antes, estava com tanta saudade, estava doendo.

--O Marvin sentiu a sua falta, mas nã-não estava aqui pra segurar ele -Evelyn falava embolado por conta das lágrimas. --Ele precisava de você, e ele é pequeno...

Harvey que observava da porta achou melhor deixa-las sozinha, até porque ele não conseguia ficar observando sem se abalar. Ele foi para sala.

--Meu amor, me perdoa... -Donna sentia que estava recebendo um soco no estômago. --Eu não quis...

Evelyn se abraçava o mais forte que conseguia, estava doendo.

--Ele é um macaquinho e você deixou ele sozinho... você-você é a mamãe dele. -Donna tocou as costas da menina e ela arqueou as costas sentindo o toque dela.

--Eu sou a sua mamãe também. -Donna falou tentando se aproximar. Cada palavra dela a contava, Donna não foi embora porque quis e ela tinha que saber disso, ela não foi embora.

--Não, eu sou grande e ele é pequeno, ele que precisa de você não eu, porque ele é pequeno e eu sou grande -Evelyn estava se machucando se apertando daquele jeito. Donna se sentia tão impotente a observando daquele jeito, queria mais do que tudo pegar as dores dela. Evelyn não merecia sofrer tanto, ela era tão pequena.

--Meu amor você não precisa ser grande, deixa eu cuidar de você também. -Donna segurava a mão dela. Seu coração se apertava. Evelyn movia seus dedos sentindo a mão dela nas suas costas. Até que entrelaçou seus dedos. Evelyn soluçava alto.

--Você também é pequena e eu cuido de você também. Não precisa ser grande mais Evelyn... eu te amo, você é o meu bebe também, eu não fui embora, eu to aqui, eu to aqui com você... eu nunca vou te deixar, sempre vou estar aqui.

Evelyn soltou a mão dela e a agarrou em um abraço apertado. Ela suspirou em alívio, enquanto a apertava forte sentindo o cheiro que ela tanto amava.

--Eu te -ela tentava da falar com dificuldade.

--Shiii shiii... ta tudo bem. -Donna a balançava em seu colo.

Evelyn balançou a cabeça negando, ela queria falar. Ela ergueu a cabeça para falar a olhando nos olhos.

Donna tentava limpar em vão as lágrimas que escorria dos olhos vermelhos da menina. Donna sorriu tentando tranquiliza-la, ela tinha que se acalmar.

Evelyn ficou encarando o rosto de Donna memorizando cada traço, até se acalmar o suficiente para dizer o que queria. A minina tocou timidamente o rosto dela e começou a fazer carinho naquela região. Donna sorria colocando a mexa rebelde do cabelo dela atrás da orelha, Evelyn repetia seus movimentos colocando o cabelo de Donna atrás da orelha. Donna contornava o pequeno rosto dela com a ponta dos dedos e Evelyn fazia o mesmo. Com o tempo ambas pararam de chorar, a respiração de Evelyn ja estava normalizando.

--Eu te amo Donna.