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O mais certo a se fazer é superar os próprios medos, ou viverá à sombra da infelicidade, fugindo de algo abstrato.
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Nirvana
Capítulo II – Abstrato
Dezembro de 2013
– Meu pai e o Kris virão jantar conosco hoje, amor. – Chanyeol chegou na cozinha e despejou a frase sobre mim. Eu fazia a nossa "ceia de Natal".
Eu nunca fui muito de festejar, mas Chanyeol gostava de se reunir – apenas comigo, em todos aqueles anos – para fazer uma refeição agradável, como se quisesse provar para si mesmo que estaria livre de alguma coisa por comemorar o nascimento de Jesus, como acredita-se. Eu nunca o entendi nesse ponto, na verdade. Chanyeol não era católico, sequer ia a uma igreja – mesmo que morássemos ao lado de uma –, mas acreditava em seu perdão. Ele queria ser salvo, no final.
– Eu entendo em seu pai passar o Natal conosco, mas o Kris? A Anna e as crianças também virão? – questionei, pegando uma faca na gaveta de talheres maiores.
– Eles estão se separando, o Kris vem sozinho. – disse e saiu da cozinha com passos pesados.
Olhei para a salada que estava preparando e suspirei.
– É, parece que vou ter que comprar um peru.
Havia terminado de preparar a mesa e a casa para as visitas, teria que ser muito rápido na rua, pois provavelmente estaria um caos e eu não podia deixar Chanyeol e a ceia pré pronta sozinhos em casa, entende? Peguei minha carteira e as chaves, chegando à porta e...
– Aonde está indo, Baekhyun? – meu namorado me perguntou, fumando seu cigarro enquanto observava a rua fria da varanda.
– Vou comprar um peru para as visitas. – disse, como se fosse a coisa mais óbvia. – Eu não sabia que eles viriam, só tem comida para nós dois aqui.
Vi Chanyeol apertar a ponta do cigarro, já pequeno, no cinzeiro e se levantar da cadeira, vindo em minha direção. Seus olhos estavam baixos, como se estivesse cansado ou preocupado, e a expressão, um tanto apática. Quis perguntá-lo se estava tudo bem, se havia algo errado, mas sabia que responderia que mais normal impossível, mesmo que não estivesse. Aproximou-se de mim e selou minha testa rapidamente, pegando nossos casacos que ficavam pendurados atrás da porta, jogando o meu sobre meus ombros e se encaixando ao seu.
– Vamos.
Uma coisa a menos para me preocupar. Sem Chanyeol em casa, sozinho com a comida, esta estaria salva, porque, você sabe... de grão em grão, a galinha enche o papo... ou... a ceia termina antes da hora.
Eram quatro horas e pouco da tarde e minhas expectativas estavam completamente erradas. A rua estava vazia, o mercado estava vazio... tudo estava vazio. O Park havia se servido de uma garrafa de whiskey assim que entramos no estabelecimento alguns quarteirões distante de nossa casa. Bebia na garrafa mesmo e se babava um pouco, limpando o rosto com o tecido da sua manga vez ou outra.
Chanyeol, de uns tempos para ali, havia começado a beber com mais frequência – e quase sempre eram bebidas fortes que jamais pensei que ele beberia – e fumar também. Não reclamei, afinal, eu o acompanhava certos momentos, principalmente quando me fez experimentar uma coisa dos deuses chamada Gudang, era um cigarro gostoso e importado que deixava sempre um sabor adocicado nos lábios, aquele velho "gostinho de quero mais".
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Nirvana
FanfictionNirvana é o estado de libertação do ser humano dos bens materiais, prazeres carnais e todo carma existente. Byun Baekhyun o alcançaria, se conseguisse fazer Chanyeol sumir de sua vida.