Capítulo 2
E a primavera chegou no inferno. Faltava apenas dois segundos para meus dedos recuarem a espada, me forçando a não cortar o pescoço do meu costureiro. De joelhos no chão da arena, ele espremeu os olhos sentindo a minha lamina lhe arrancar a cabeça do corpo. E eu me banho um pouco mais de sangue. Três homens mortos. Só faltam dois.
— Não fique de costas para mim, seu merda!! — disse um lutador descendo, por trás, a espada em direção a minha cabeça.
É um movimento inútil num lugar como esse onde todos aprendem na marra a se safar de uma investida de verdade.
— a-arr... — Era o som que vazava da boca dele ao sentir minha espada fincada desde a coluna até a parte inferior do peito esquerdo. Acho que era um novato. Não imaginou a possibilidade de eu passar por debaixo e lhe pegar nas costas. O preço da fraqueza é a vida sepultada. — A-ah...! — O guerreiro gemia quando a espado foi puxada e a sua queda ao chão veio a ser inevitável.
— Agora só falta um, mas... onde ele está? — tive a audácia de dizer em voz alta para mim mesma enquanto seguia em destino ao portão. Má ideia. Abaixo do pé, soterrado na areia, senti pressionar uma cápsula. Claramente uma mina. Se eu puxar o meu pé daqui, será o meu fim.
— Procurando por alguém? — O rapaz de cabelos longos e encaracolados perguntou, por trás, me apontando uma flecha em seu arco a apenas alguns metros de distância.
— Armadilha bem elaborada. — Abaixo minha espada. — Mas É burro em não manter distância. — Girei subindo a espada em direção ao pescoço dele e sem tirar o pé do chão, mas tive que parar ao perceber que a mina onde eu pisava estava frouxa. Um pouco mais de movimento e tudo estará acabado.
— Eu esperava sim que fosse tentar me atacar, por isso afrouxei. — ele disse ainda me apontando a flecha.
— Não funcionou. Então por que ainda não me atirou a flecha?
— E perder os 5 minutos que faltam para meu patrocinador ganhar um bônus pelo tempo de arena? Ele foi desafiado. Apostaram que eu não passaria duas horas vivo na arena [...] — A fala dele foi interrompida por Taurus que lhe forçou — por trás, com uma espada afiada no pescoço — a abaixar a flecha.
— Um movimento!! Um movimento contra nós e você cai, seu desgradaço!! — Desgradaço. Taurus esquentadinho como sempre.
— Um companheiro? — me perguntou o rapaz.
— Achou mesmo que foi o único desafiado a ganhar esse bônus de tempo? Lamento. Não é o exclusivo dos supremos. — Larguei a espada e me abaixei desenterrando a mina da areia ainda com o pé pressionado.
Mesmo preso por uma espada no pescoço, ele pode perceber no braço negro de Taurus, uma tatuagem com um triangulo e uma vela derretida no meio.
— Um guerreiro de Athenas? — perguntou ele. Em seguida cobriu sua tatuagem de um caranguejo antes que Taurus visse.
As minas só explodem se sua parte superior for rompida para cima através da mola. Por isso, consigo mantê-la pressionada enrolando com um pedaço que rasguei da minha camisa.
— Três minutos restantes. — Olho o relógio ao lado do rei.
— Foi por pouco que você não morreu pelo meu explosivo. — disse o rapaz.
— Você não é inteligente. — Joguei o explosivo para longe.
— É claro que eu sou.
— Se fosse, teria me apontado a flecha e ameaçado o Taurus a me matar se ele permanecesse com a espada em seu pescoço. — Saio andando em destino ao portão. 5 segundos apenas restantes para o trabalho acabar.
Ao meu primeiro toque na grade, a buzina tocou e Taurus arrancou a cabeça do rapaz com sua espada. Todos nas arquibancadas gritaram sentindo o prazer de verem aquilo. Taurus levantou sua espada se gloriando. A minha vontade é de tomar aquela espada e enfiar no peito dele. Saí da arena seguindo direto para o meu patrocinador que me aguardava sorrindo feito um vencedor de loteria.
— Acumulei quietos mil dotes! Você poderá usar uma armadura na próxima arena, Ana!
— Me poupe o peso e poupe seu dinheiro comprando algo realmente útil. — Passo por ele tirando a taca do meu cabelo.
— Errado. Você precisará se acostumar com o peso, pois as muralhas agora serão substituídas por cercas elétricas.
— Espera, o que?! — Dou meia volta espremendo a taca.
— Por que a surpresa? Muitos covardes estavam conseguindo saltar as muralhas e fugir. Agora ninguém mais sai do Reino de Timore. Isso ao menos me garante que você continuará me trazendo renda. — Edgar me vira as costas indo de encontro com Taurus. — Mais tarde conversamos.
Sem a muralha, não haverá mais escapatória desse lugar.
Prox. capítulo: Matar o rei — Taurus enfrenta o fogo.
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Ao renascer das cinzas || Pela glória do sangue derramado
Action- Onde há dor, há fogo; onde há esperança, há dificuldades. É dessa forma que a corda da vida se mantém instável para aqueles que percorrerem por cima achando ser a maior atração desse circo, estando no fim, embaixo, a coações daqueles que estão nem...