Me ensina a não amar tanto

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Me ensina a ser fria assim. A olhar com esse desprezo, a não falhar a voz, não tremer. Me ensina a te olhar como se você não tivesse sido alguém importante pra mim. A não procurar, não admitir que dói, que foi importante. Me conta como é que você faz pra jogar no lixo um amor tão bonito e tão difícil de se encontrar por aí. Me dá um pouco dessa coragem de ir embora, de ser covarde, de bater a porta na minha cara. Você dorme bem? Eu não. Fico levando o peso de ser assim, sentimental. De acreditar que o amor tem conserto. De não conseguir desistir do que acredita. Ah, vai, me diz o que cê faz pra viver como se a gente fosse nada? E essa indiferença na voz? Me diz, eu imploro, como não sentir tanto. Não sangrar tanto. Me diz como você teve coragem de ser tão cruel com a gente. Admite o motivo de ainda me assombrar, como um fantasma que não quer ficar, mas se recusa a sumir de uma vez. Por último, eu peço, me ensina a não amar tanto. A não me entregar tanto na próxima vez. A pular do barco quando houver sinais de naufrágio. Talvez assim eu sinta menos. Talvez eu sangre menos. Talvez não tenha mais que escrever um texto triste assim.

(Desconhecido)

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