Capítulo 3- Doce Promessa

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Foi uma aula tensa. Odiei fazer o trabalho junto com o Diresh. Porém, eu fiquei bastante curioso sobre o que ele disse. Será que eu poderia manipular as pessoas para fazerem os que eu quiser? Pareceu uma ideia boba, mas por que não tentar?

No intervalo da escola, sentei-me, aliviado, no banco próximo da sala. Brenda foi comprar seu lanche e voltaria para conversar comigo. Enquanto eu a esperava, chamei Marcos se sentar comigo. Eu pensava em tentar persuadi-lo.

- Oi, Thomas!

-Eai, Marcos. Cara, eu adoro frevo. Dança frevo para min!- Ele se levantou e começou a dançar, fiquei absolutamente impressionado,incrédulo e comecei a rir- Arriba haha, já chega. Para de dançar ,Marcos. Por que passou essa vergonha alheia?

-Eu não sei... Eu... Apenas senti um forte desejo e dançar e fiz isso. Como você fez isso?

- Eu somente mandei você dançar

- Você também fez isso com o Diresh. Você tem poderes, cara?

- Eu acho que vocês estão zoando comigo. Isso não tem graça

-Eu não estou zoando você. Eu nem gosto de frevo, muito menos de dançar. Se acha que estou tentando te sacanear, então tente persuadir outra pessoa- Uma garota estava passando perto do banco- Ei! Carla, venha aqui- disse Marcos para a garota

- Oi, Marcos, quais são as novas?- disse a menina

- Tenta- disse Marcos, dando um tapinha no meus ombros- pede pra ela te dar um beijo

- Um beijo?! Do que você ta falando, Marcos?- ela falou visivelmente irritada. Eu corei na hora, mas, apesar disso, eu mandei que ela me beijasse. Ela se aproximou de min lentamente, fechou os olhos , quando estava a poucos centímetros de distância do meu rosto e encostou seus lábios nos meus. Ela se afastou de min e ficou me encarando.

Naquele momento, eu percebi as possibilidades que haviam diante de min. Eu não sabia se aquilo era um presente divino, ou , se tudo poderia ser explicado de maneira racional e lógica sem a necessidade de buscar explicações sobrenaturais, mas eu espontaneamente soube que a timidez, o Diresh e de certo modo a Teresa não seriam mais um problema.

- Carla, ache me bonito, apaixone-se por min e não tenha dúvidas sobre como eu consigo te persuadir. E você, Marcos, esqueça que eu te persuadi- Após ter dado minhas ordens, eu fui procurar Teresa e Diresh, nós ainda tínhamos alguns negócios inacabados.

Eles estavam no pátio da escola, beijando-se. Eu fiquei parado e observando aquela cena agonizante, pronto para me vingar do Diresh, até que Brenda socou de leve meu ombro e indagou:

-Tommy, vacilão, por que você não me esperou?

- Eu tenho que te contar uma coisa

- Então conta, querido

- Eu tenho poderes mágicos, Brenda. Posso persuadir as pessoas a fazerem o que quiser para min- Ela riu instantaneamente

- Eu te disse para não andar com o Marcos, Tommy. Drogas não fazem bem para a saúde, você sab...- Coloquei minha mão na boca dela e a puxei pelo braço até a sala de refeição. Ela resmungou mas me acompanhou. Nessa sala havia várias cadeiras próximas a mesas, onde as pessoas comiam o lanche que compravam na escola.

- Brenda, olha para essas pessoas sentadas, se você escolher uma delas para que eu convença a te dar dinheiro, então eu conseguirei. Posso persuadir qualquer um.

- Você enlouqueceu?!

-Não, eu estou falando sério

-Ok, bobinho, vamos ver o que você ta tramando. Eu escolho... a professora de filosofia- Brenda me lançou um olha desafiador.

- Ótimo, segue-me vou até ela, para persuadi-la

- Não nos meta em confusão, Tommy- ela disse rindo

Parei em frente a professora e perguntei:

-Tem dinheiro, professora?

-Sim, por que a pergunta, Thomas?

- A senhora quer me dar seu dinheiro, então, entregue-o para min- Ela tirou duas notas de cinquenta da carteira e me entregou sem hesitar. Ela ainda me deu um sorriso.

- Você merece esse dinheiro, Thomas, pegue-o, é seu- Brenda ficou boquiaberta

-Uau! Tommy

- Eu te disse, Brenda. O que você quer comprar com isso?

-Devolva o dinheiro, Tommy, ela deve precisar dele.

- Seu desejo é uma ordem - entreguei o dinheiro a professora e a convenci a aceitá-lo

Eu fui com Brenda até o banco perto da sala e eu contei pra ela como descobri que conseguia persuadir as pessoas, durante o percurso. Mas, ao invés de nos sentarmos no banco, nos deitamos num gramado. Ela estava ao meu lado, com a cabeça encostada no meu ombro, alisando minha mão direita. Ela sempre fora muito carinhosa comigo.

- Tommy, deve ter algo além do fato de você persuadir uma pessoa. Eu não acredito em coisas sobrenaturais, mas devo admitir que isso está muito além da minha compreensão. Você não fica curioso sobre o que te fez adquirir essas habilidades?

- Não-ri

-Puxa! você tem tanta imaginação, mas tão pouca curiosidade.

- Minha mãe sempre disse que quando o ato de caridade tem grande valor é melhor duvidar da bondade de quem o fez.

- Acho que é uma boa ideia duvidar das pessoas. Hum... me promete uma coisa?

- O quê?

- Diga que sim!

- Eu preciso saber do que se trata, bobinha

- Prometa que nunca vai me persuadir desse modo que parece sobrenatural

- Eu prometo

A gente ficou conversando sobre persuasão até que o intervalo acabou, voltamos para a sala de aula, saímos da escola à 12 horas e ficamos esperando o ônibus em frente da escola como de costume o ônibus dela chegou primeiro que o meu e ela se despediu de min com um beijinho na minha bochecha, eu retribui e ela foi embora.

Alguns minutos depois uma viatura da polícia entrou dentro da escola e depois Teresa saiu correndo e chorando de dentro da escola com a camisa manchada com sangue. Ela parou na minha frente e gritou:

- Foi sua culpa, Thomas, você que me mandou fazer isso!- ela gritava e apontava o dedo para o meu rosto. Dois policiais pegaram ela e a algemaram, depois colocaram-na dentro da viatura e foram embora. Segundos depois chegou uma ambulância para pegar o corpo, que devido as fofocas que já rolavam no ponto de ônibus eu já sabia de quem era, a ambulância veio pegar o corpo de Diresh. Eu não havia mandado ela fazer isso, fiquei nervoso e após ela dizer que eu a mandei fazer aquilo, todo mundo ficou olhando para min, aparentemente, achando que eu era culpado . Eu recebi várias acusações de pessoas que nunca haviam falado comigo antes. Eu fiquei calado, apenas observando, com medo.

Quando meu ônibus chegou , eu fiquei super aliviado e corri para dentro dele. Não sei por que ela me acusou, ainda não consigo entender. Ela quem o matou e eu nunca disse para ela fazer isso, certamente, há muitas coisas por trás daquelas acusações. E se houver outras pessoas com capacidade de persuadir? Teresa nunca me pareceu uma assassina e gostava muito de Diresh.

Agora vou dormir, Diário, já cansei de falar, eu precisava apenas desabafar, porque hoje o dia foi bastante agitado, amanhã , espero escrever bons acontecimentos aqui. 

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