Capítulo 1

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Arizona, Estados Unidos, Junho de 2017.

Hoje iremos ter um dia de céu limpo; sol presente; vento com baixo grau de velocidade; um dia maravilhoso para os habitantes do Arizona darem um passeio no lago "Lake Pleasant".

Aproveitem o dia! - Comenta o meteorologista do jornal local.
Ah! vai se fuder! - Diz Hian desligando a televisão e revirando o os olhos demonstrando desprezo.

Ele já estava cansado de viver na rotina de todos os dias, a faculdade de direito tinha sido um caos, sua carreira se foi por água a baixo, e ver seus amigos se formando era ainda uma situação muito devastadora. O verão tinha chegado, e ele não tinha a miníma ideia do que fazer para sair dessa fase angustiante da sua vida: 20 anos de idade, um pai desconhecido e uma mãe que morrera quando ele tinha apenas seus 15 anos , desde de então ele sempre se cuidou sozinho, tendo sua responsabilidade e individualidade como marca, apenas com ajuda de alguns vizinhos e amigos que foi encontrando através do tempo. Ele sempre quis se distrair e encontrar algo para esquecer um pouco os problemas,nada que ele já não tinha tentado fazer bebendo vodka.

Levantou-se quase rastejando de tédio e pegou seu macbook, pesquisou no Safari:

"Os melhores lugares para viajar sozinho", as pesquisas resultaram em lugares como: Orlando; Tailândia; Indonésia; Escócia; etc... Mas o que mais o chamou atenção foi a Escócia, (apesar de ele achar grotesco homens de saia tocando uma gaita de fole), era um lugar incrivelmente fascinante, o fazia lembrar de quando ele tinha lido "O Drácula", pela arquitetura minimalista dos castelos e o ar pavoroso, ele tinha uma fascinação imensa pelo terror, por tudo que causava medo, seus amigos o chamavam de "psicopata", mas para ele isso soava de forma carinhosa, se aventurar nunca foi o bastante para Hian.

Ele tinha pensado em fazer uma viagem desde o final de 2016, quando tudo na faculdade tinha absolutamente dado errado, estava esperando pelo verão, mas era uma espera sem empolgação, tudo na sua vida costumeiramente dava errado, mas essa era a oportunidade sair, conhecer lugares, exclusivamente um lugar onde o atraía.

O começo do ano tinha sido repleto de encomendas e sua criatividade pintando quadros inspirados em livros e histórias de terror atraía pessoas que também gostavam do lado obscuro da natureza humana, isso fez com que ele pudesse ter uma boa "grana" para viajar para outro continente. Verificou preços de passagens com voos diretos para Escócia, estava ao seu alcance, e sem dúvidas afirmou consigo: "Por quê não!?".

Deitou-se no sofá, e ficou imaginando seu passado, eternas lembranças da sua mãe beijando-o e acariciando seus cabelos loiros, imaginado se ela ainda estivesse viva como seria se despedir, um abraço afetuoso, tudo que ele mais queria era vê-la novamente, poder tocá-la.

Sem perceber estava mais uma vez chorando,deitado sob o sofá, em posição fetal acabou dormindo.


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O ar gélido do anoitecer sobre os pés de Hian passava como um sopro, ainda alí deitado com um peso de angústia, dormindo, até ser interrompido pelo toque do seu celular, num pulo, levantou-se e verificou a tela rapidamente: "Elise"
Atendou logo:

- Oi Elise!
- Hian!? mas o que aconteceu? estou desde ontem ligando, deixei várias mensagens na sua caixa postal, mas nenhum retorno, você está bem?
- Olha, vai com calma "lise", mas é um momento um pouco difícil pra mim, você sabe que não tem sido fácil.
- Eu sei Hian, mas você tem que se animar um pouco, você pode acabar morrendo desse jeito.

Para Hian, aquilo soava patético, pela sua vida inteira tinha ouvido aquilo, já estava o irritando, todos eram iguais, as pessoas apontavam soluções para seus problemas, mas elas sempre conseguem achar soluções para problemas que não são delas, enquanto a vida é uma marionete guiada por alguém que é cego e só segue o caminho que o recomendam porque não consegue enxergar além do que a realidade pode mostrar.
Elise sempre teve tudo o que quis, um pai rico, uma mãe estilista e ser filha única, era do tipo, patricinha, popular, que guarda seus segredos em um diário cor de rosa, mesmo tendo 20 anos, estava terminado a faculdade de direito, onde os dois acabaram conhecendo-se.

- Tá bom, tá bom, e o que você tem de tão especial em mente pra conseguir
me tirar do tédio!? - Hian respondeu, seguindo com uma pergunta de modo arrastado e fala desprezível.
- Que tal você vir aqui em casa, separei um filme ótimo, é de terror, especialmente pra você que está fazendo uma falta... - Elise estava tentando ser convincente.
- Ah! eu não sei se é uma boa ideia, deixa pra depois!
- Por favor Hian, estou morrendo de saudades, vai ser bom, preciso esfriar a cabeça também, a faculdade neste período estava lotada de provas e prazos idiotas, o verão está sendo minha salvação, preciso de você aqui, sabe que também fiquei triste por você ter saído.

Hian sentiu que devia ir, ele queria contar sobre a viagem, mas tinha medo que pudesse deixá-la triste, eles já tinham ficado algumas vezes, mas Elise criou sentimentos rapidamente, em momentos passados, juntos ou até mesmo por mensagens ela dizia que o amava, ou que gostava muito dele, demonstrando sentimentos e preocupação, Hian sempre foi de não demonstrar sentimentos para com os outros, ele não se sentia bem, chorando ou declarando que amava alguém loucamente.

- Pensando bem... - Hian estava indeciso e um pouco preocupado.
- Hian, sério, vem pra cá, o Josh e a Heise também vão estar! Te prometo uma noite divertida.
- Tudo bem, eu vou, mas também preciso conversar com você!
- Ah!!! Tudo bem, estarei te esperando ás 22:00, que ótimo você ter decidido vir, estou muito feliz, um beijo! - Empolgada Elise despediu-se e desligou.

Hian suspirou e esfregou os olhos, colocou o celular em cima da mesa de centro e direcionou-se para cozinha, os pés descalços passavam apressadamente pelo piso amadeirado, pegou um copo, e abriu a torneira da pia, bebeu a água e olhou para o relógio, percebeu que tinha dormido bastante, o relógio marcava 19:00 horas, deixou o copo sobre a pia e caminhou até o banheiro, deu de frente com o seu próprio reflexo, alisando-se perguntou a si mesmo:

- Mas o que há com você!? - Falou dando dois tapinhas de leve no rosto.
- Preciso de um banho.

Tirou a roupa e entrou embaixo do chuveiro, a água caindo sob seu corpo o fez acordar de dentro pra fora, fazendo com que ele pudesse refletir e pensar como diria para Elise e seus amigos que iria fazer uma viagem continental.


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Autor:
Espero que tenham gostado! em breve estarei postando o próximo capítulo, um forte abraço, comentem o que acharam!

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