Capítulo 3

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"Não escolhemos a forma do nosso destino, mas podemos dar-lhe conteúdo. O que procura aventura encontrá-la-á — à medida da sua coragem. O que procura o sacrifício, será sacrificado — na medida da sua pureza."

- Dag Hammarkskjod

Um dia se passara quando Florence voltou para encarar o último lugar que havia visto a Filha de Eva. Era próximo à uma espécime de árvore, totalmente desconhecida para ela. Aquilo a fez vasculhar sua mente, em busca de uma lembrança que envolvia a árvore estranha, mas nunca nas caminhadas cotidianas — único momento que via-se livre da falsa Rainha — algo do tipo fora encontrado por Florence.

Ela desviou por alguns instantes o olhar do horizante, para o chão que pisava. Diferenciando de todo o resto da floresta, a neve por ali quase não era identificada, somente pequeninos flocos sobreveviam mas logo se ajuntavam aos outros; derretidas, sobrando a água e depois, a grama verdinha ocupando o local.

O início da realização de uma profecia motiva-se a própria Nárnia à se restabelecer. Como as plantas, os habitantes saiam de suas casas, claro que muitos ainda temiam tal decisão, sobretudo quem já sofrera nas mãos da Feiticeira Branca. Aqueles narnianos invadidos por uma valentia — considerada honrosa por Florence — observando o estado de seu lar, com um incomum sorriso. A pontada de esperança que nunca abandonara a menina, voltava aos outros corações.

Na tentativa de imita-los, consquistara um fraco tremor nos lábios. Por ter sido denominada escrava do inimigo, e traidora do verdadeiro perpetuador de Nárnia, ela nem mais recebia os conselhos calorosos dos narnianos. Apenas o casal de castores a tratavam verdadeiramente como uma filha, acolhimento feito desde sua chegada.

Consequentemente, os antigos sorrisos desapareceram de suas lembranças e ela esqueceu de como traze-los, mesmo nos momentos certos — dizia sua mãe que os mais sombrios eram os realmente necessitados de alegria. E um tempo emergido nas tristezas, arrancara até esta frase.

A luta árdua travara-se entre o medo e as lembranças boas, todas passaram como uma imensa avalanche, perpetuando sob o outro, o sentimento que impedia-se de lutar pelo o que acreditava.

Uma voz doce transparecendo toda a gentileza daquele que a possuía. E a forma que soava nos ouvidos de Florence, aumentou a realidade que carregava e atraindo a imagem da jovem de cabelos claros, cantando para algo enrolado nas cobertas.

O rosto da menina ilumina-se, ao surgimento do mais sincero sorriso. Fora aquele carregado de nostalgia, porém um não muito duradouro. Longe das primeiras mudanças de  Nárnia, um trenó percorria o caminho à velocidade máxima. Florence procura e encontra os guardas observadores, eles a encaravam com zombaria. Ela sabia que desaparecendo da vista da Feiticeira Branca, muitos fofoqueiros avisariam-a quando encontrassem sua pequena escrava.

Frente da menina, o trenó dá pausa em sua corrida e permite uma descida carregada de delicadeza para a falsa Rainha. Conforme a distância entre as duas era diminuída, no coração de Florence seguido do chão coberto da grama cheia de vida, a infelicidade se reinstalava e cria novamente suas raízes.

A mão da esguia mulher ergue-se e voa de pressa na direção da bochecha mais próxima de Florence. Adquiriu uma fina camada de gelo, por conta do frio que a Feiticeira tinha dentro de si. E enquanto acariciava para aliviar o formigamento, a camada desaparecia, deixando apenas o vermelhidão comum.

— Sua imprestável! — seu grito arrepia os pelos da barba do anão, que até então, escondia-se da fera que estava a Rainha. — Apesar dos meus esforços para dar-lhe uma vida boa, você traiu-me.

Se não fosse os relatos que percorriam o seu consciente, Florence contaria os sofrimentos que sua vida baseava-se. Os narnianos antes de irem contra à ela, aconselhavam-a que responder a mulher poderia ser a pior das escolhas feitas. E quando levada para seu castelo, as estátuas de pedra que pareciam gritar por socorro afirmaram o que dizia os outros.

Feiticeira Branca abriu a boca para amaldiçoar a tola menina, mas trotadas interrompera-a. Ainda carregando a delicadeza, ela olha por cima do ombro, ganhando uma visão tanto embaçada de um cavalo e leopardo disparados para chegar à sua Rainha. Suas feições eram suficientes para satisfaze-la com as prováveis notícias que viriam, pois mostravam a importância.

Os dois pararam alguns metros longe da mulher, e nada fizeram depois disso, respeitando uma das regras impostas, que dizia que todos deviam esperar sua permissão para direcionar palavras à mesma. A Feiticeira posicionou-se como a Rainha que aqueles ao seu lado,  acreditavam que era, e finalmente condeceu-os a permissão.

— Rainha, trouxemos notícias vindas dos próprios observadores. — eles iniciaram em uníssono, e o Leopardo deu passos à frente, denominando-se aquele que contaria as novidade ouvidas. — Um outro Filho de Adão foi visto próximo daqui.

Agora, era vez da mulher sorrir mas este possuía maldade, ao contrário dos narnianos. A notícia fora o bastante para esquecer a outra regra, envolvendo Florence e nunca informa-la coisas do tipo, já que gostaria de evitar o crescimento das esperanças que ela jazia. Quase voltando direto para seu trenó, lembrou-se do castigo da menina. 

Ela se orgulhou de sua inteligência, ao planejar algo rápido e terrível para Florence. As agitações da varinha espalhou o formigamento, anteriormente incomodando-a somente nas mãos. E sentiu seu corpo dar sobressaltos, vendo a barreira de gelo que se formou ao redor de si.

Aquilo cresceu até impedir a jovem de dar grande passos. A Rainha ria da expressão aterrorizada de sua escrava, quando fez as flores mais ansiosas, serem cobertas de gelo, e as esmagou causando um aperto imprescindível em Florence.

Todos sabiam que a Feiticeira Branca não descansaria enquanto o medo não perpetuasse no seu reino, e Aslam ainda invadisse os pensamentos dos narnianos.



Capítulo não revisado.



Through The Snow · As Crônicas de Nárnia ·Onde histórias criam vida. Descubra agora