Capítulo 2

1K 80 2
                                    

— Onde está a minha joia?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


— Onde está a minha joia?

— Eu já disse que não a achei!

Quando Florence chegara ao castelo, foi recebida pelas milhares de perguntas de Feiticeira sobre a joia, que hipoteticamente havia perdido, pois a menina ainda mantia suas desconfianças que era tudo um pretexto. Porém mesmo dizendo diversas vezes que sua busca fora um fracasso, ela insistia em que voltasse para a floresta.

— Como pode ser tão imprestável? — questionou ofendida. — Eu te acolhi.

Para a Feiticeira Branca não escutar e não tendo que acabar em uma cela fria, a menina resmuga baixinho sobre como teria ficado melhor se perecesse na neve. Mas não adianta, já que a mulher lança-lhe um olhar de ódio. Antes que ela pudesse soltar qualquer um de seus feitiços, seu sudito mais leal invade o salão principal desesperadamente.

— Minha rainha, possuo uma notícia devastadora. — ele curva-se de forma dramática. — A filha de Eva acabara de ser vista na casa do fauno.

Era possível sentir a felicidade que emanava da Feiticeira, no entanto tentava o máximo disfarçar pois Florence permanecia convosco e não gostava das crenças que a menina ainda cultivava. Novidades parecidas com aquela tornaram-se proibidas de comentar para não criar mais fantasias na cabeça da criança.

Só que nada como essa notícia havia chego em seus ouvidos, e por sorte, o sudito não tem o corpo congelado. Apenas uma ideia clareou a mente de Feiticeira, algo que seria capaz de mudar os pensamentos de Florence para que lhe apoiasse.

— Querida, vá junto com o anão atrás da Filha de Eva. — pediu, ignorando toda a discussão anterior.

— Posso até ir mas por quê tenho que ser acompanhada por Ginarrbrik? — ela cruza os braços.

— Porque sei de seus planos, garotinha. Não sou tão descuidada a ponto de deixa-la ir sozinha.

— Então, mande seus suditos observadores! — tenta convence-la.

A Feiticeira enquanto entrega à Florence um olhar de desdém, pensa em sua proposta. O anão estava envelhecendo, e com isso, ficando inútil a mulher. Já a mais jovem, transbordando de energia, poderia fazer qualquer coisa mesmo estando sob o olhar de Ginarrbrik, e ele nunca a deteria.

— Tudo bem, garota insolente. — finalmente cede. — Mas um deslize sequer, e mando ordens ao corvo para arrancar seus olhos.

Automaticamente, Florence engole em seco. Dois anos com a mulher não fez com que ela sentisse menos medo de suas ameaças macabras. Para não finalizar seu dia, congelada em uma cela, a menina corre para fora do castelo junto à uma jovem leopardo, filha do braço direito da Rainha e melhor amiga de Florence. Seu pai nunca apoiara a amizade entre as duas, mais por ela ser humana e apoiar Aslam, do que sua insolência.

Durante o trajeto, a leopardo nota que sua amiga estava quieta demais e na maioria das vezes, significava que pensava em um plano, que poderia ser perigoso.

— Florence. — chama-a, interrompendo seus pensamentos.

— Fique quieta, Jude. — ela afasta alguns galhos para ver melhor o lugar que haviam chegado. — Essa é...

— A casa do sátiro. — a leopardo completa em um sussurro.

— Por que uma filha de Eva, viria aqui?

Os atos da visitante seriam um mistério, se Florence não conhecesse bem Tumnus. Servos observadores sempre estão atentos, contam tudo até os mínimos detalhes para a Rainha, e a notícia de uma filha de Eva passeando por Nárnia, não escaparia facilmente deles. Com medo de acabar congelado, o sátiro teve a ideia de leva-la para sua casa e logo após, chamaria os aliados da Rainha.

— Eu tenho que entrar. — a menina conclui, determinada.

— O que? — Jude solta um gritinho. — Não pode fazer isso, vai estar mais encrencada do que nunca.

— É necessário. — o comentário final faz a leopardo bufar com a teimosia da amiga.

Com passos lentos e cuidados, Florence aproxima-se da casa com ar acolhedor. Dos lados, possuía janelas de vidros riscados, mas que ainda podiam permitir que ela visse o que ocorria dentro. Uma lareira que aquecia toda a sala, e algumas velhas poltronas, em duas estavam Tumnus e a filha de Eva. Aparentava ser apenas uns 4 anos mais nova que Florence, e seus olhos movimentavam-se de forma sonolenta. A causa seria o sátiro que possuía em mãos, uma pequena flauta. E era óbvio que logo a Feiticeira viria com seus servos.

Ela bateu levemente seus dedos na vidraça, recebendo um olhar assustado de Tumnus, que antes estava concentrado em fazer a filha de Eva adormecer. Esforçando-se muito, Florence empurra a janela e entrando na casa, quando aberta.

— Florence! — ele exclama. — O que está fazendo aqui?

— Eu que devo perguntar: Por que está com uma filha de Eva? — questiona, mesmo com a resposta já conhecida por ela.

O sátiro gagueja algumas palavras irreconhecíveis para a menina, mas rapidamente, se lembra do aviso que fizera minutos atrás, para o corvo. Ele dispara até a visitante e balança seu corpo para acorda-la.

— Lúcia, tem que sair daqui. — Tumnus avisa. — Peço que me perdoe, não devia te dito nada.

— Mas por que, senhor Tumnus? — seu tom de voz era de completa inocência.

— A Rainha está vindo, você tem ir!

Nervoso, Tumnus tropeça no tapete e arruma tudo para não levantar suspeitas que havia ajudado uma filha de Eva. Florence, logo se apressa e voluntariamente, diz que ira acompanha-la para voltar sem problemas.

— Não pode, vai se encrencar mais com a Rainha. — o sátiro interrompe, preocupado.

— Já estou assim há algum tempo com ela. — dá de ombros.

As duas são levadas até janela, onde Florence entrara, e o sátiro se despede, implorando por perdão mais uma vez, antes que elas saíssem. Por todos os galhos, existia um servo observador, por isso a mais velha teria que ser cuidadosa ao acompanha-la.

— Quem é você? — Lúcia pergunta, baixinho.

— Meu nome é Florence e sou uma prisioneira da Feiticeira Branca, a mulher má que acha que governa Nárnia. — ela tenta contar sobre os perigos, se um dia a filha de Eva voltasse.

— E não governa?

— Não, Aslam é o verdadeiro rei. — explica, enquanto observava o movimento das árvores e então, como uma luz, algo se acende em sua mente. — Lúcia, você tem irmãos?

— Tenho dois irmãos e uma irmã. — diz, e o coração de Florence se aquece.

— Eu sei que não confia em mim. — suspira. — Mas preciso que traga-os aqui e a primeira coisa que faça, é ir até uma família de castores. Eu estarei lá.

Finalmente, ao chegarem no ponto onde Lúcia pode entrar em Narnia, a mesma abraça Florence e agradece por protege-la dos servos observadores. Ela promete que irá trazer os irmãos o mais rápido possível, já que o pedido da nova amiga parecia ser urgente.

Logo, Lúcia some, deixando a mais velha sozinha mais uma vez. Só que agora, transbordando de esperanças novamente.

Through The Snow · As Crônicas de Nárnia ·Onde histórias criam vida. Descubra agora