1. No limiar do dever

556 38 1
                                    

NO LIMIAR DO DEVER

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

NO LIMIAR DO DEVER

•••

MEU corpo parou bruscamente a margem do lago, meus pés indo em direção a ele quase que em câmera lenta. Um arrepio percorreu meu corpo quando meus pés finalmente submergiram nas águas cristalinas do lago. A brisa fria acariciava as árvores ao redor, envolvendo-me com um toque sutil. Tudo se mantinha tão calmo e sereno, que ao inspirar podia sentir meus pulmões leves. Meus olhos e fios castanhos brilhavam através de meu próprio reflexo e, se me concentrasse muito bem, podia ver com clareza as pequenas pedras coloridas completamente submersas apoiadas em uma areia quase branca.

Dei um passo para trás, permitindo que o vestido de seda deslizasse pelos meus ombros até cair na relva. Coloquei a tiara ao lado do vestido e, em passos lentos, caminhei lago adentro, ignorando o frio que me envolvia. Tentei esvaziar completamente a mente, me concentrar apenas em mim mesma, mas era quase impossível.

No momento em que minhas asas se recolheram e eu enfim mergulhei, minha mente parecia gritar. Mesmo longe do Grande Palácio e estar embaixo d'água, parecia que podia ouvir tudo o que se passava por dentro daquelas paredes espessas. Os passos apressados de Kinsey por entre os corredores, correndo contra o tempo para que tudo ficasse em perfeita ordem, o tilintar de taças entre minha mãe e seu conselheiro para iniciar precocemente as comemorações e, claro, os gritos à minha procura. À essa altura, todas as cortes deviam estar a caminho do Grande Palácio, seja sobrevoando ou não. Naquele instante, eu só queria a paz que tanto me prometiam — e talvez fosse algo inalcançável.

Com um esforço final, rompi a superfície da água, meus pulmões ansiosos por ar. O ar frio beijou meu rosto, e um sorriso involuntário surgiu quando a sensação de arrepio percorreu minha pele. Os raios de sol penetravam pelas copas das árvores, dançando sobre a água e pintando a manhã com uma beleza etérea. Pude ouvir o suave sussurro das folhas de glicínia sendo acariciadas pelo vento e o distante, mas melodioso, piar dos pássaros. Cada visita a esse lugar secreto renova minha fascinação, como se estivesse descobrindo sua magia pela primeira vez.

Era um tanto solitário, é verdade, já que era a única para quem a passagem se abria, a única que fora convidada a entrar. Entretanto, daquela forma conseguia afastar os pensamentos ruins, me distrair do mundo externo e focar somente em mim mesma, sem me preocupar com o que acontecia no Grande Palácio.

Com a palma das mãos afastei os fios úmidos do meu rosto, nadando para a margem do lago com calma. Meu corpo nu sentira o choque do vento assim que me levantei, os pés descalços caminhando pela relva esverdeada em direção às roupas deixadas em uma árvore. Aquela havia se tornado minha rotina das manhãs livres, e como sentia falta quando não podia vir até aqui. Parecia que meu dia se tornava incompleto.

Enquanto me vestia, ouço o som das trombetas do palácio ecoarem por toda a floresta. Me apressei.

Droga!— Murmurei para mim mesma.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 29 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

1. EMPIREOOnde histórias criam vida. Descubra agora