Hoje tinha de tudo para ser mais um dia normal se não tivesse ocorrido o que eu mais esperava durante os últimos nove meses: A bolsa de Emma tinha estourado!
Foi uma correria só até eu chegar no hospital enquanto eu ouvia minha esposa gritando de dor no banco traseiro. Nós só temos 1 ano de casado (Sendo mais específico, onze meses) mas já estávamos tendo um filho que não esperávamos. Durante a gravidez Emma sempre me dizia que estava com muito medo de ter esse bebê e que realmente não queria ele no momento mas eu sempre tentava encorajá-la dizendo a ela que ficaríamos bem, que conseguiriamos ter esse bebê. Acho que isso a tranquilizou um pouco em relação a tudo.
Ao chegar no hospital, gritei por ajuda. Enfermeiros apareceram e levaram ela para uma sala. Eu estava acompanhando-a mas o médico que acompanhou a gravidez, Dr. Whale, me impediu de entrar. Eu fiquei com muita raiva por estar lá junto com Emma para apoiá-la mas não pude fazer nada. Sendo assim, me sentei em uma cadeira da sala de espera e tentei me acalmar, sendo que a minha vontade era de gritar com todo mundo para deixar eu ver o meu filho nascendo.
Eu esperava que ela não ficasse tão desesperada quanto eu fiquei quando Whale me disse que eu não poderia entrar. Mas aí tinha outra parte da questão: O médico nunca nos informou que ela estar sozinha. Geralmente os médicos falam para preparar a mãe psicologicamente, não é?
Mil e uma perguntas se passavam pela minha mente e nenhuma delas eu obtive resposta. Durante o tempo em que ela estava na sala de cirurgia, eu fiquei andando de um lado para o outro, perguntava sempre a enfermeira com ela estava (e sempre recebia a mesma resposta: Ela ficará bem, senhor), e anunciei meus amigos que ela tinha entrado em trabalho de parto. Rayssa e August - seu marido - não iriam poder vir, aparentemente Sean estava com alguma doença e o pequeno não poderia sair de casa. Sean é o filho de August e Rayssa. Quando o casal descobriu que August era estéril, a única opção deles era adotar um filho e assim adotaram há um ano atrás o menino loiro de olhos azuis (que fez agora em agosto, 1 ano e 4 meses de vida. Isso porque Rayssa não me deixa esquecer).
Outro casal que também não pode vir foi Regina e Robin. Depois de Emma anunciar que estava grávida, Regina foi a próxima a falar que estava esperando um bebê. A menina - que eu não sei o nome porque o casal não quis contar para ninguém - estava prevista para nascer em outubro mas pelo o que o médico deles disseram, irá nascer em setembro. Talvez até semana que vem, já que estamos no final de agosto e Regina já está sentindo contrações leves.
Logo chegou David e Mary - com sua barriga de seis meses -, Jefferson e Zelena - com sua barriga ainda não visível de 3 meses -, Andrew e Belle - com sua barriga menos visível ainda de 2 meses -, meus pais, meus sogros e o Oliver.
Olhando para as minhas amigas eu percebo que todas estavam grávidas e fiquei com pena dos meus amigos por terem que aguentar as próximas etapas da gravidez.Nessas horas que eu fiquei esperando na sala junto com todos, eu não dormia. Minha cabeça se recusava a fazer qualquer coisa e ela só teria descanso quando eu visse Emma e nosso filho. Ou filha, considerando que nós esperávamos descobrir juntos quando ele nascesse. Aparentemente a nossa surpresa junta tinha sido por água abaixo.
Qualquer pensamento que estivesse passando pela minha cabeça foi interrompido quando a luz do hospital piscou, fazendo com que ficasse uma completa escuridão. Oliver, que estava ao meu lado, pegou um celular e ligou a lanterna, fazendo com que a gente não ficasse na escuridão total.
Meu pensamento voou imediatamente para dentro da sala de cirurgia. Será se Emma estava bem? Será se tudo ocorreu como o esperado? Será que ela conseguiu sem o meu apoio?
Repreendi a vontade de bater em minha própria testa depois da última pergunta. Claro que Emma estava conseguindo! Ela é uma mulher forte e determinada.
Depois de algum tempo na escuridão, as luzes ligaram e o Dr. Whale apareceu, fazendo com que eu me levantasse de supetão.
"Alguma notícia?" Questionei e ele me chamou pela mão. Me guiou até um canto mais afastado e essa sua simples ação, acelerou o meu coração por completo.
"O parto correu bem." Soltei o ar que eu nem sabia que tinha prendido. "Mas temos um porém..." Prendi o ar novamente. Sempre tinha um porém ou um mas. "Ela disse que não conseguia olhar para o bebê, que não ia conseguir criar dele e ser a mãe que ele precisava que ela fosse." Engoli seco.
"Ele?" Foi a única coisa que eu tinha conseguido perguntar. A coisa mais fácil de se perguntar e confirmar.
"É um pequeno menino saudável e bem guerreiro." Eu aquiesci, imaginando como seria o meu filho. "Eu perguntei para Emma o que ela faria com o bebê e ela disse que ele ficará com você." Balancei a cabeça, ainda não acreditando em suas palavras.
"Desculpe doutor mas eu não acredito em nada disso. Mesmo que Emma estivesse insegura em relação ao bebê, eu a conheço e sei que ela nunca o abandonaria. Eu posso pelo menos vê-la?" Eu ainda estava incrédulo do que o médico estava dizendo. Precisava ver com os meus próprios olhos, ter alguma coisa, qualquer coisa, que provasse ou confirmasse o que o Whale estava dizendo.
"Entendo que você não acredita mas ela disse isso para mim assim que eu dei o bebê para ela segurar. Ela negou e se recusou virando sua cabeça. E é claro que você pode vê-la mas aviso logo que ela não está acordada. Adormeceu logo em seguida, exausta pelo esforço que fez."
"Leve-me até o quarto dela." Whale assentiu e me guiou até o quarto de minha amada. Abri a porta e a encontrei dormindo como um anjo. Cheguei mais perto e me sentei na borda da sua cama. Admirei-a por completo, olhando cada traço seu, ainda não acreditando que ela poderia ter feito o que Whale disse. Mas o que mais me intrigou foi o papel em uma de suas mãos. Peguei ele e li.
"Killian, se você está lendo essa carta é porque eu não consegui. Me desculpa por tudo, por ter feito isso tudo, mas eu simplesmente não consegui. Não consegui ter a responsabilidade de ser mãe. Eu nem sei me cuidar direito! Eu sempre quis ter filhos, isso é um fato, mas eu esperava que eu estivesse preparada e aparentemente eu ainda não estou.
Você deve estar me odiando nesse exato momento, o que faz o meu coração se apertar e eu pedir novamente desculpas. Se você não conseguir criar ele sozinho, eu entendo, entendo mesmo. Mande ele para um orfanato, não sei. Mas se você por acaso criar ele e não souber que nome colocar nele, eu te peço para escolher aquele que combinamos uma vez.
Este é meu único pedido.
O futuro é incerto e eu não sei o que nos aguarda, mas eu vou logo dizendo que eu te amo muito, independente de tudo o que aconteça.
Beijos, Emma."
Eu não acreditava em suas palavras. Não queria acreditar. Não parecia ser Emma escrevendo e sim outra pessoa qualquer. Suas palavras pareciam secas, não sei, diferentes da mulher que eu amo. Mas eu tinha que acreditar que aquela era Emma escrevendo. Whale estava de prova, a carta estava de prova, tudo estava provando o que eu não queria enxergar.
Emma realmente tinha desistido.
Dei um beijo na testa de Emma, enquanto as minhas lágrimas ameaçavam a deslizar pelo meu rosto. Antes de fechar a porta atrás de mim, coloquei o papel em meu bolso e me virei olhando para minha esposa (ou ex) adormecida.
"As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas. Talvez apenas com o toque de uma mão. Bem, eu me apaixono por você a cada dia, Emma. Eu só queria dizer que mesmo assim, eu continuo apaixonado por você, amando você..." Falei baixo, pensando alto demais.
Com uma última olhada, eu fechei a porta e pedi informação a uma enfermeira, que me levou até onde eu queria.
Olhei para todos os bebês no berçário mas eu ainda não tinha achado o meu. Meu olhar pairou em um bebê, um menino, e pousei meu olhar sob ele, eu sabia que era ele.
Olhando para aquele bebê, eu pensava em como ele não teria a infância que eu tive nessa mesma cidade e como ele não teria toda a sua família ao lado, nem mesmo a sua mãe.
Pelo menos, Whale tinha acertado em algo. Ele era pequeno e parecia frágil mas por dentro, eu já sabia que ele era um guerreiro, mesmo sem saber o que irá passar na sua vida.
Meu pequeno guerreiro.
Meu pequeno Colin.
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A Trip To Her {CONCLUÍDA}
FanfictionA Trip To Him - Livro 2 Emma fez a sua escolha, Killian também a fez. Infelizmente essa escolha fez com que cada um tomasse um rumo da vida, onde ambos saíram com seus corações partidos. Mas no mundo existe pessoas em que guardam rancor, maldade em...