chapter five - sim, eu quero

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"Os pescadores sabem que o mar é perigoso e a tormenta é terrível, mas este conhecimento não os impede de lançar-se ao mar" — Vincent Van Gogh.

Louis sentia-se desconfortável na cadeira de plástico, as pessoas olhavam para ele com curiosidade excessiva, o que deixava tudo ainda pior. A cada dia que passava, ficava mais estranho essa coisa toda de ser famoso.

O grupo foi ideia do dr. Morty, uma espécie de alcoólatras anônimos para pessoas com amnésia. Primeiro Louis passou por uma série de exames, respondeu muitas perguntas e fez atividades idiotas de jogo de memória, tudo para ajudá-lo a lembrar-se mais rápido. Aquela seria sua rotina pelos próximos meses durante um dia da semana.

— Tudo bem, pessoal — disse o médico encarregado —, aqui nós fazemos igual aos filmes — as pessoas ao redor de Louis riram —, então digam seu nome, o tipo de amnésia e qualquer outra coisa que queiram compartilhar, lembrando que é ótimo para vocês dizerem como perderam a memória.

As pessoas ao redor de Louis assentiram, algumas sorriram — os mais velhos —, ele apenas afundou na cadeira e enfiou as mãos nos bolsos, pensando no que diria aquelas pessoas.

— Meu nome é George e quem quer começar? — Perguntou o médico casualmente, não animado como supostamente deveria ficar.

— Eu! — Exclamou uma garota negra sentada na frente de Louis, do outro lado da roda —, meu nome é Aríene Patterson, não significa nada, eu pesquisei no Google, o sobrenome eu não sei — ela sorri largo, olhando em direção a Louis, não como se o conhecesse, mas sendo simpática. Ele sorri de volta.

— Enfim, eu perdi minha memória em um acidente de carro, muito original — diz ele revirando os olhos e sorrindo —, minha namorada estava dirigindo, não estamos mais juntas, tipo, ela ainda me liga, mas é difícil agora que eu esqueço coisas idiotas.

— Sinto muito, querida — murmura uma senhora ao lado dela.

— Ah, está tudo bem, eu acho.

— Aríene teve uma amnésia anterógrada, não consegue guardar informações novas — explica George sorrindo triste para ela, mas a garota não parece notar.

— Igual aquele peixe, do filme — diz ela encolhendo os ombros —, mas alguém perdeu a memória com acidente?

Ninguém responde, principalmente Louis, que olha com pena para a garota, pensando de quem seria a culpa pelo acidente.

— Tudo bem, vamos para a próxima pessoa — diz George ao perceber que ninguém quer comentar sobre como foram parar ali —, Louis — chama ele —, que tal ir agora? As senhoras estão doidas para saber mais sobre você.

— Parece que vimos você em algum lugar — diz uma delas, na diagonal esquerda de Louis, ao lado de George.

— É porque eu sou famoso — explica Louis ajeitando-se na cadeira —, quer dizer, eu não lembro de nada disso, mas eu tenho uma banda.

— Isso é muito legal — diz George sorrindo para a senhora, que retribui o gesto. — Conte mais sobre isso.

— Bom, eu perdi alguns de memória, o que é uma droga porque não lembro nem dos meus colegas de banda — Louis desvia o olhar para o chão e pensa nos meninos, tentando desesperadamente pescar algo em sua mente. — Mas os garotos são incríveis, tenho certeza que éramos melhores amigos.

Louis não diz muita coisa depois disso, apenas ouve as histórias e tenta não pensar na vida que tinha. Seu celular está no bolso traseiro, ele achou que seria mais seguro trazê-lo do que correr o risco de sua revirar suas coisas e encontra-lo por acidente.

Remember MeOnde histórias criam vida. Descubra agora