HO HO HO
— FELIZ VÉSPERA DE NATAL! — foi dessa maneira, aos berros, que Laura e eu fomos recebidas na casa dos seus pais.
E com confetes.
Muitos confetes.
Inclusive, por conta do choque de ser recebida dessa maneira na casa de Laura, minha boca acabou ficando aberta por tempo demais e alguns confetes encontraram uma maneira de entrarem para dentro dela.
Enquanto eu cuspia os confetes para fora, Laura era abraçada pelos pais e eu tentava puxar na memória se conhecia pessoas que amam e idolatram o Natal mais do que os pais de Laura e Gabriel. Não lembrei de ninguém, então, é, o título de pessoas mais sedentas pela Natal pode ser entregue aos pais de Laura e Gabriel.
Eu ainda estava tentando me livrar dos confetes enquanto segurava Romeu em um braço e uma mochila estava nos meus ombros, quando o pai de Laura me encontrou ainda parada na varanda da casa. Tio Carlos, muito feliz em me ver, abriu seus braços e eu sabia que seria a próxima a ser esmagada.
Romeu e eu, no caso.
— Julieta Capuleto! Quanto tempo! — e lá veio aquele abraço capaz de arrancar o ar dos meus pulmões.
Tio Carlos não abraçava de outra maneira que não fosse para ser um verdadeiro abraço de urso.
— Oi, senhor Fontes. — com a mão livre, o abracei de volta, mas Romeu interrompeu aquele momento quando começou a miar. É, ele também estava perdendo o ar dos seus pulmões. — O senhor está esmagando o meu gato.
— É sempre uma honra receber as visitas ilustres de uma Capuleto e de um Montecchio no meu humilde palácio. — ele pegou Romeu do meu colo e fez uma careta muito engraçada. Provavelmente, por conta do peso que Romeu adquiriu durante esse tempo em que nós não viemos na casa dos Fontes. — Socorro, esse gato tá muito gordo!
— Culpa da Laura que fica dando pepinos pra ele. — Laura, sendo muito madura, apenas mostrou a sua língua para mim, que imitei o seu gesto e então fui cumprimentar a senhora Fontes. — Oi, tia Lud.
—Que saudade da minha azedinha! — a mãe de Laura me abraçou e eu pude a abraçar de volta de uma maneira decente já que Romeu estava com o tio Carlos. — Como você fica mais linda a cada vez que nós nos encontramos, Julieta.
Eu gostaria de dizer que sou uma pessoa que sabe lidar com elogios, mas a verdade e nada além dela é que eu sou péssima em lidar com elogios. Um clichê, eu sei, mas não eu realmente não sei o que falar quando uma pessoa me elogia. Só sei sorrir sem graça e ficar vermelha. Muito vermelha e falar alguma bobagem.
Graças a Deus, naquele momento, eu não falei nenhuma bobagem.
Mas vale ressaltar que apenas não disse besteira porque fui interrompida por outra pessoa.
Preciso agradecer Gabriel mais tarde pela interrupção.
— E mais azeda também, se possível. — Gabriel estava apoiado no corrimão da escada, parecendo estar acompanhando todo o desenrolar da nossa chegada há um bom tempo. Eu apenas fui o notar naquele momento. — Oi.
E fiquei meio surpresa por o encontrar ali.
Digo, tudo bem, aquela é a casa dos pais dele e passar o natal na casa dos pais é algo muito natural, mas eu realmente fiquei surpresa em o ver ali. Geralmente, Gabriel vinha com Laura e comigo para a casa dos pais, todavia daquela vez apenas nós duas seguimos viagem juntas. Por isso achei que talvez Gabriel não iria estar por aqui nas festas de final de ano.
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Clichê | ✓
Short Story(Queda, #1) Julieta odeia clichês. Ela odeia o quanto a vida pode ser clichê, o quanto a história dos seus pais é clichê, o quanto tudo ao seu redor parecer ser um eterno clichê. Mas Julieta não esperava cair no maior clichê de todos os tempo...