Capítulo 2: Oh, onde está Romeu?

11.1K 1K 781
                                    

OH, ONDE ESTÁ ROMEU?

No meu ponto de vista, não tinha nada de muito extraordinário ter gostado do beijo de Gabriel.

Beijos, em sua maioria, foram feitos para ser algo bom.

O beijo de Gabriel era bom.

Eu gostava de beijar e gostar do beijo dele não significava nada.

Logo, eu poderia ficar tranquila e não me sentir culpada já que não tinha nada de errado em ter gostado do beijo dele. O que não significava que o ato em si tenha sido uma coisa correta. Claro que não. Laura iria me matar porque ela iria ficar sabendo, cedo ou tarde, que seu irmão havia beijado alguém na festa; e quando ela descobrisse que a azarada da vez havia sido eu... Bye, bye, Julieta.

Foi difícil pegar no sono naquela noite.

Mas era mais difícil ainda abrir os olhos naquela manhã.

Eu simplesmente queria ficar o máximo possível do meu domingo deitada na minha cama, longe de qualquer ser humano e na companhia de Romeu, mas algo estava errado naquele dia. E nem era o fato do beijo bizarro que havia acontecido no dia anterior. Tinha alguma coisa errada...

Muito errada, por sinal.

A primeira coisa que percebi assim que abri os olhos naquela manhã foi a falta de uma cauda laranja de um gato na minha cara.

E, acredite, isso é uma coisa nada normal já que acordar com a cauda de Romeu na minha cara todas as manhãs era, completamente, normal. Ele possui essa maneira esquisita de dormir na minha cabeça, parecendo ficar mais aconchegado entre meus fios de cabelo no que na própria cama que meu pai fez para ele há anos atrás. Quem sou eu para julgar o gosto do gato, não é mesmo? Se ele se sente mais confortável dormindo entre os meus cabelos... Bacana.

Mas não era nada bacana acordar sem a cauda de Romeu na minha cara.

Era, no mínimo, estranho.

Ainda meio sonolenta e lenta, busquei por Romeu pelo meu quarto e não o encontrei em lugar nenhum. Tudo bem, eu estava meio que dormindo e com os meus sentidos completamente dormentes, mas alguma coisa estava estranha naquela cena. E não era o fato de que a maioria das minhas roupas estavam espalhadas pelo meu quarto e até mesmo um sutiã estava pendurado na maçaneta da porta... Alguma coisa no cenário parecia faltar.

E essa coisa era laranja.

Romeu simplesmente não estava no meu quarto.

Ignorando a vontade de simplesmente ficar na cama e todo o cansaço que eu sentia, sai a procura de Romeu por cada canto da república e, quando não o encontrei em lugar nenhum, o procurei na rua. Eu deveria estar parecendo desesperada por estar de pijama na rua, gritando a plenos pulmões "ROMEU, ONDE ESTÁS ROMEU?" e chorando. Tudo ao mesmo tempo. Mas eu não ligava nada para isso.

A única coisa que me interessava naquela situação era achar Romeu.

Romeu é simplesmente... Complicado.

Nossa relação — pelo menos eu gosto de pensar — não é complicada. Sou uma pessoa chata e Romeu é um gato chato, logo, somos almas gêmeas. Só que não. Romeu tem essa mania insuportável de aventura e querer desbravar o novo. Ele não podia ser igualzinho a mim, uma preguiçosa de carteirinha que ama filmes tão horríveis que são bons de alguma maneira? É claro que não. E, por isso, Romeu gosta de sumir.

Uma vez ao mês é certo que vou perder Romeu e ter que o encontrar.

O problema nisso tudo? É que eu simplesmente fico desesperada demais e acho que nunca mais vou o encontrar. Choro, grito, me descabelo e choro mais um pouco para que, no final, eu encontre Romeu na gaveta de calcinhas da Lica ou deitado na mesa de estudos do Jude.

Clichê | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora