I • O Homem Que Matou o Mundo

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O homem de terno preto carrega o revólver e põe o cano em sua boca. Ele estava ajoelhado nas ruínas de uma cidade devastada por uma catástrofe. O mundo ao seu redor era brasa e morte — e lá no fundo ele sabia que era tudo culpa sua.

A tempestade nos céus trovejava rugidos insanos. O sangue vertia fresco por entre o negror de seus cabelos. Linhas rubras despencavam no rosto albino. 

Os olhos azuis avistavam o mar de cadáveres à sua frente, todos retalhados em uma salada de ossos e órgãos. Não se lembrava, mas sentia ter matado cada um deles.

O vento baforava gritos de lamúria aos seus ouvidos. Talvez alguém na cidade tivesse sobrevivido, soterrado por entre os prédios desmoronados. 

O homem não liga. Ele fecha os olhos e se prepara para encontrar o fim de seu sofrimento. Quando põe o dedo no gatilho, uma voz chama seu nome:

"Desmond... acha que vai ser tão fácil assim? Nós mal começamos!"

No que o candidato a suicida abre os olhos, vislumbra uma labareda alta tremulando no chão à sua frente. Um segundo depois, a chama se alastra para os cantos, formando um círculo de fogo ao seu redor.

— Vá pro inferno! — vociferou Desmond, apertando o gatilho com todo seu ímpeto.

"Click!"

Nada acontece. Apesar de carregada, a arma não dispara. Uma gargalhada macabra ecoa no local. A voz onipresente então conclui:

"Eu já estou em casa, Desmond. E você também. Venha, quero te mostrar meus brinquedos."

Nesse momento o chão começou a tremer. O terremoto sacudiu os escombros ao redor enquanto fendas trincavam o solo. Uma delas se abriu como uma bocarra abaixo do homem, deglutindo seu corpo terra adentro. O grito de espanto ressoou curto até ser emudecido pelo cerrar da rachadura.

 Era como se ele nunca tivesse estado ali.

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