Capítulo 30

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Maya

-Hoje está calmo

Digo ao entrar na enfermaria e por incrível que pareça até aqui está calmo. Tônia olha pra mim com um olhar extremamente cansado e ela precisa dizer nada para que eu entenda

-Só está calmo agora. Se você visse isso aqui de tarde...

-Oque está calmo?

Gustavo para ao nosso lado e a sua cara de indignação é muito engraçada

-Está calmo na sua área ne Maya. Vai pra emergência e ver se está calmo

Ele pega algumas coisas e apenas alguns segundos depois não está mais conosco. Eu levanto e decidi ir até a emergência dar uma olhada, geralmente eu trabalho muito mais na parte da manhã e hoje dei a sorte de pegar o plantão da noite

A emergência nao está cheia e isso só mostra mais uma vez o lado exagerado do Gus. Ah algumas pessoas aqui mas aparentemente não tem nenhum caso de vida ou morte então eu subo para o meu andar e acho que a minha volta foi muito longa assim que Carol fala comigo

-Paciente pra você. Já mandamos ele para a sala de exames

Agora eu apresso os meus porque é bem provável que seja grave. Entro na sala e assim posso ver um garotinho sentado na maca com uma carinha nada boa, eu pego as minhas luvas e sigo em sua direção

-Boa noite

Digo me sentando na sua frente e ele apenas me responde com um sorriso fraco. Eu viro para a mulher que está ao seu lado e por algum motivo a ideia de ter visto ela em algum lugar vem a minha cabeça mas como isso acontece sempre eu apenas esqueço e me concentro nele

Pego a sua ficha encima no balcão e vejo que os seus sintomas são de febre, vômito e dores no corpo. Eu escolhi a pediatria porque sempre gostei de crianças e o fato de ter pedido duas me fez querer ajudar todas as outras

Todas as vezes que chega algum bebê pra mim eu penso que aquele bebê poderia ser o meu e isso me entristece, mas ao mesmo tempo eu também fico contente por está ajudando uma pessoinha tão inocente

-Pode me dizer oque você está sentindo Dustin?

Ele afirma aperta os braços contra a barriga enquanto faz uma expressão de dor

-Dói aqui?

Pergunto enquanto aponto para a sua barriga e ele afirma. Eu dou sorte ao levantar porque fiquei só apenas alguns centímetros longe do seu vômito, ele está vomitando apenas bile mas isso parece ser o suficiente para a mãe se desesperar e começar a gritar por alguém no corredor

-Esta tudo bem - Digo enquanto acaricio as costas dele, porque neste momento eu nem posso ir pegar algum remédio porque é perigoso deixa-lo aqui sozinho - Você vai ficar bem garotão

Ela volta e agora fica ao lado dele. Eu caminho até o armário e pego o remédio para aplicar nele

-Eu vou pedir um exame de sangue para sabermos oque ele tem

Digo enquanto coloco o líquido na seringa. Isso não é nenhuma gripe ou algo mais leve, ele provavelmente está com alguma virose e é melhor que comece a tomar os remédios cedo

Viro-me e ao fazer isso é o mesmo que ver o chão se abrir diante os meus olhos. A agulha não está mais nas minhas mãos porque eu a deixei cair no chão ao vê-lo na porta, Andrew provavelmente está da mesma forma que eu e agora até acho que as nossas expressões são as mesmas

A uma grande mistura de sentimentos dentro de mim agora e eu nao consigo identificar qual é o maior. Na verdade, não consigo identificar oque estou sentindo porque esse sem dúvida é o momento mais confuso da minha vida, ele está aqui, ele está de volta mais uma vez e eu imagino que isso possa ser só mais um dos meus sonhos, então belisco a minha própria perna para ter certeza, mas assim como a dor em meu peito é real a da minha pele também e isso indica que eu não estou sonhando. Então ele realmente está aqui e eu me pergunto se tudo vai voltar a acontecer mais uma vez

Presa A VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora