Capítulo II: Fulgor

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   Quando os monstros começaram a aparecer, não sabíamos lutar contra eles. Fugíamos e nos escondíamos, sangrávamos e morríamos. Famílias foram dilaceradas, cidades inteiras foram perdidas para as forças do mal. Até que a Organização surgiu e com ela, vieram os primeiros caçadores. Assim começamos a lutar, a retomar o controle de um mundo que costumava ser nosso.

Isso só foi possível por conta das regras. Regras que quebrei naquele dia porque achei que conseguiria dar um passo maior que minhas pernas.

Naqueles dias eu ainda achava que era uma espécie de heroína invencível. E apesar do medo que sentia nas missões, o impulso de atacar sempre era maior do que eu, já que na minha cabeça, eu venceria.

Bem, acontece que eu estava errada.

..........

   O tempo parecia passar mais devagar dentro daquele quarto, segundos pareciam transformar-se em horas de pura angústia. Em algum momento eu parei de chorar e comecei a encarar o corpo sem vida de Léo ainda sem acreditar no que tinha feito.

Meus óculos estavam sujos com o sangue dele, minhas mãos e minhas roupas também. Havia tanto sangue por toda a parte que parecia impossível que um único ser humano pudesse ter tudo aquilo dentro de si.

Ele era tão magro, não devia ter tanto sangue assim.

Quando os reforços chegaram, me arrancaram dali e me colocaram dentro do furgão preto da Organização. 

Os corpos das bruxas já estavam lá, dentro de sacos escuros com o logo da Organização. A missão tinha sido cumprida, mas a que custo?

Me curvei e enterrei o rosto nas mãos. 

Tudo era culpa minha. Se eu tivesse escutado Elias e recuado, Léo não estaria morto. 

Eu tinha matado ele com minhas próprias mãos...

Enquanto chorava, tirei os óculos e tentei limpá-los inutilmente no meu uniforme manchado de vermelho. As manchas se espalharam pela lente e quase atirei o óculos no chão, mas naquele momento trouxeram o corpo de Léo e me contive.

Ele também estava dentro de um saco preto, no entanto, o seu destino final seria muito melhor do que o das bruxas. Enquanto elas seriam reduzidas à cinzas, ele iria para o cemitério da Organização, seria enterrado com a glória de um herói.

Passei o trajeto inteiro encarando o piso do furgão, sem coragem de encarar as consequências de meus atos irresponsáveis.

Me lembrei de Paula, noiva de Léo, quando estávamos entrando no estacionamento da Organização. Ela ficaria devastada

Eu havia arruinado a vida dela também. 

Com aquela triste constatação, meu peito se apertou dolorosamente. Senti que estava à beira de mais um ataque de pânico e cravei as unhas nas palmas das mãos, tentando me concentrar naquela dor e distrair meu cérebro.

Quando o furgão parou, fiquei congelada no banco observando enquanto levavam o corpo do meu amigo para os fundos. Não conseguia me mexer e acho que teria ficado lá pra sempre se um dos caçadores não tivesse me sacudido para descer do veículo.

Assim que desci, uma equipe de médicos se aproximou de mim e logo fui escoltada para a enfermaria.

Minha pressão foi medida, meus batimentos escutados e um tubo de antídoto roxo foi espetado na minha veia.

O antídoto era usado por nós, caçadores, antes de lutar contra uma bruxa nível 1, para evitar que nossas mentes fossem enfeitiçadas como a minha havia sido.

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⏰ Última atualização: Jun 26, 2023 ⏰

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A Caçadora de Bruxas [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora